Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS IDENTIDADE DOCENTE - Método Científico (2024)

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DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEUnidade 1Como aproximar o contexto do estudante dos conteúdos abordados?Aula 1A história da docência no BrasilIntroduçãoOlá!Seja bem-vindo à disciplina Práticas Pedagógicas – Identidade Docente, cujo objetivo principal éinstigar você a re�etir sobre o papel do professor como agente transformador da educação ecomo sua atuação impacta diretamente no processo de ensino-aprendizagem.Nesta aula, iremos percorrer a trajetória da educação e da docência no Brasil a partir de seucontexto histórico, compreendendo de que forma esse percurso re�ete até hoje os modeloseducacionais vigentes, promovendo, assim, uma re�exão sobre a emergência de se repensar asformas de atuação de pro�ssionais da educação que reproduzem formas de ensino queremontam a séculos atrás. Nosso objetivo é que você, como futuro pro�ssional da educação,DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEcompreenda que o estudo da história da educação é pelo mero conhecimento de fatos históricosou datas relevantes, mas pela possibilidade de olhar para o passado, reconhecer os avanços e asmudanças que ainda se fazem necessárias.Vamos começar?Dos jesuítas à repúblicaDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEPara iniciarmos nossa compreensão da história da docência e suas implicações na atualidade,vamos voltar à época da colonização do Brasil. É nesse período que podemos ver as primeirasformas de educação, que deram início com a Companhia de Jesus, fundada em 1534, por Ináciode Loyola. Também conhecida como “Ordem dos Jesuítas”, a Companhia de Jesus foi umaordem religiosa que tinha como um de seus objetivos promover a expansão do catolicismo, jáque temos como pano de fundo desse contexto a Reforma Protestante e o movimento daContrarreforma.É nesse cenário que os jesuítas iniciam a catequização dos indígenas, passando a instruí-los apartir de preceitos religiosos. Para educá-los nas doutrinas católicas, o letramento também sefez necessário, por isso criaram-se as escolas e, nesse contexto, foi também criado o RatioStudiorum, um documento que norteava as regras a serem seguidas nesse sistema educacional.De acordo com Toyshima, Montagnoli e Costa (2012), o documento preconizava a atuação doprofessor como responsável pela formação do bom cristão e ditava as regras a serem seguidasno ambiente escolar. Boa parte do ensino era baseada na memorização das lições, alémdeestimular premiações para alunos merecedores e atividades competitivas. O professor nãoera estimulado a in�igir castigos físicos como forma de punição, embora pudessem ser usadosde acordo com o contexto. Conforme Azevedo (1976), os métodos de ensino eram autoritários,conservadores, sem permitir qualquer tipo de adaptação ou alteração dos currículos por partedos docentes.É importante saber que todo processo de catequização foi impositivo; isso quer dizer que outracultura, outras crenças e outros modos de vida eram impelidos aos índios, sendo, portanto, umtipo de educação que os distanciava de suas próprias concepções em que reconheciam suaidentidade.O período imperial teve início em 1822, com a independência do Brasil, sendo governado pelosmonarcas D. Pedro I e, posteriormente, pelo seu �lho, D. Pedro II. A Constituição de 1824, em seuartigo 179, garante a instrução primária e gratuita para todos os cidadãos, embora não façaqualquer menção à atuação do docente nesse contexto. O documento também menciona asciências, letras e artes, que deverão ser ensinadas em colégios e universidades. Gonçalves(2013) ressalta que tal garantia de uma escola para todos os cidadãos nunca ocorreu na prática,já que não foram criadas vagas para docentes que garantiriam um ensino a que todos tivessemacesso, estando esses termos, portanto, apenas postulados na forma de uma lei. A autora aindaesclarece que, em 1827, foram estabelecidas diretrizes para a formação da escola pública, entreelas a garantia de escolas em todas as cidades, vilas e lugares mais populosos, porém, maisuma vez, tais promessas não foram cumpridas, devido à falta de recursos, salários baixos paraos docentes e fracasso na �scalização das escolas.No período da República, que se estendeu de 1889 a 1930, surgiram os grupos escolares.Conforme Terra (2014), as classes deixaram de reunir alunos de várias idades e passaram a serorganizadas por séries. Também foi criado o movimento da Escola Nova, que tinha comoobjetivo combater o elitismo da educação, defender a escola pública e promover o ensino dequalidade. Apesar de tal tentativa, não foi possível eliminar a prevalência do elitismo naeducação e, para exempli�car, nessa época, foi também criado o vestibular para selecionar osalunos que ingressariam às universidades, processo que também caracteriza a elitização doensino e seus aspectos excludentes.DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEEra Vargas, LDB e BNCCCom o início da era Vargas, em 1931, foi organizado o Conselho Nacional de Educação, quedividiu o processo educacional em dois graus do ensino secundário: Fundamental, com duraçãode 5 anos, e complementar, com duração de 2 anos. O ensino Complementar era dividido em 3ramos: humanidades, biológicas e matemáticas.A Constituição de 1934 preconizava a educação como direito de todos, além de ressaltar aobrigatoriedade da escola e gratuidade do ensino primário, assistência social e bolsa de estudoaos alunos. Apesar da garantia desses diversos direitos, Ribeiro (1993) observa que há muitosDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEpontos contraditórios na lei, cujas diretrizes estabelecidas “�cam no papel”, já que diversasinterpretações podem ser feitas de um determinado artigo, devido à falta de clareza eobjetividade.Durante o Estado Novo, é promulgada a Constituição de 1937, estruturando a organização doensino com o ginásio, com duração de 4 anos, e o colegial, com 3 anos. De acordo com Terra(2014), o nível colegial deixa de ser um preparatório para o ensino superior, devendo agora odocente focar na formação do indivíduo em sua forma plena. Ainda de acordo com a autora, oensino técnico-pro�ssional tinha caráter inferior, sendo o ensino secundário o meio de entradadas classes dominantes para o ensino superior.A estrutura do ensino é novamente modi�cada pela Constituição de 1946, sendo agora divididaem Primário Fundamental, para alunos entre 7 e 12 anos, e o Primário Supletivo, paraadolescentes e adultos.Em 1961, é promulgada a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de�nindo que“aeducação é direito de todos e será dada no lar e na escola, “pela obrigação do poder público epela liberdade de iniciativa particular de ministrarem o ensino em todos os graus, na forma de leiem vigor” (BRASIL, 1961, s.p.). A lei garantia a remuneração condigna aos professores, eincentivava medidas de aperfeiçoamento e incentivo à pesquisa.Em 1996, a nova LDB foi homologada, de�nindo a educação que “tem por �nalidade o plenodesenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua quali�cação parao trabalho” (BRASIL, 1996, s. p). Essa lei foi de grande relevância por garantir o acesso àeducação de qualidade e regulariza nosso sistema educacional, além de garantir os direitos dodocente, como aperfeiçoamento pro�ssional continuado, piso salarial pro�ssional e condiçõesadequadas de trabalho. Já sobre os deveres dos professores, cabe ao docente elaborar um planode trabalho pedagógico, zelar pelo aprendizado do aluno, articular-se com a família e acomunidade, entre outros. Com a nova LDB, a disposição da estrutura do ensino passa a serdividida em pré-escola, ensino fundamental e ensino médio.Em 2017 e 2018, são homologados os documentos da BNCC - Base Nacional Comum Curricular.A partir de então, a atuação dos docentes passou a ser norteada por esse documento normativoque discorre sobre o currículo da Educação Básica, abordando as características dasaprendizagens essenciais e direcionando aencontro e convívio com as diferenças. Resumo visualDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEReferênciasDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEFREITAS, F. S. A diversidade cultural como prática da educação. Curitiba: Intersaberes, 2012.MICHALISZYN, M. S. Educação e diversidade. Curitiba: Intersaberes, 2012.,Unidade 2A formação e a atuação do docente no BrasilAula 1A formação inicialIntroduçãoDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTENesta aula trataremos da pro�ssão docente, construindo um percurso em que seja possívelcontribuir com sua formação identitária docente a partir da compreensão da docência comoação educativa em que os saberes teóricos, necessários à prática docente, não podem ser vistosdissociados do campo de ação – as salas da educação básica –, dos saberes que trazemos danossa realidade e da morfologia social que compõe o cenário da atualidade. Assim, o temaidentidade docente será trabalhado em uma perspectiva dialógica em que o conhecimento dasdimensões que norteiam a pro�ssão docente possibilitará uma aproximação com o universo deatuação pro�ssional. Nessa perspectiva, serão apresentados os elementos fundantes dapro�ssão professor a partir de três pilares do trabalho docente: o conhecimento da pro�ssãodocente – o saber e o fazer –; o conhecimento do contexto pro�ssional, que envolve oconhecimento dos normativos que direcionam a ação docente, a Base Nacional ComumCurricular (BNCC) e Base Nacional Comum Curricular – Temas Contemporâneos Transversais(BNCC-TCT); e o conhecimento a respeito das perspectivas e dilemas da pro�ssão no contextoatual brasileiro.A identidade docente diante das novas exigências educativas e pro�ssionaisDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTENos tempos atuais, temos nos defrontado com novas exigências educativas e pro�ssionais.Como alunos, nos perguntamos acerca do que fazer para dar conta das demandas apresentadaspelos professores, e como professores, perguntamos o que fazer para que os nossos alunospercebam a importância da escola para compreender a dinâmica do mundo e poder ingressar nomercado de trabalho.Os professores, em virtude das funções formativas que exercem, ocupam uma posição dedestaque nesta nova "morfologia social” (CASTELLS, 2018). Podemos a�rmar que no âmbito daatividade e da experiência humana, os professores têm, desde sempre, uma posição estratégica.Podemos lembrar daquele professor que nos serviu de modelo para algumas ações ou decisões.Você tem algum professor do ensino fundamental do qual você se lembra? O quanto esseprofessor in�uenciou sua forma de pensar a pro�ssão docente e o aprendizado?Esse cenário conduz à re�exão a respeito da importância dos professores diante dastransformações históricas que temos vivenciado. Nos meios de comunicação, a referência feitasobre educação normalmente se baseia em dados. A quantidade de alunos que conseguemcompreender o que leem, ou a di�culdade que estes alunos têm com relação à matemática. Esurge a pergunta: o que está faltando para que esse aluno supere suas di�culdades deaprendizagem?Os questionamentos que aparecem atingem diretamente os professores, porque quandopensamos no aluno imediatamente vem à mente o professor e a sua responsabilidade empreparar os jovens para o exercício pleno da cidadania. Esse cenário nos leva a concluir que asDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEatitudes e ações dos professores impactam positivamente ou negativamente, dependendo doseu compromisso com a pro�ssão e com as transformações da sociedade. Você concorda comisso?Com efeito, a possibilidade de avanços sociais reside na capacidade de inter-relacionar saberese fazeres. É esse o sentido de uma formação que não esteja pautada em uma racionalidadefechada que deixa escapar o real, mas que seja uma formação pautada em uma racionalidadeaberta que comporte o “viver” (MORIN, 2015, p. 457). Para alcançar esse modelo deracionalidade, que é crítica porque não comporta a ação rotineira dos fazeres docentes, e que éaberta porque se alimenta do real, do contexto vivenciado, é necessário construir sua identidadepro�ssional. Neste sentido, cabe re�etir acerca de qual identidade docente você quer construirno seu percurso formativo.Políticas educacionaisAs políticas educacionais são legitimadas tanto pelos discursos institucionais (diretrizes,resoluções, projetos político-pedagógicos, planos e projetos desenvolvidos nos espaços de ação-escola etc.) quanto pelos discursos pessoais (sujeitos participantes do processo). Resumindo,podem ser consideradas um conjunto de técnicas, categorias, objetos e subjetividades (BALL,2011). Qualquer que seja o campo de análise, essas políticas “não devem ser vistas distantesdas relações que existem entre o plano estrutural e conjuntural” (FRIGOTTO; CIAVATTA, 2011).Ou seja, não podem ser vistas longe do campo político, do campo acadêmico nem dassubjetividades que constroem.Esse conceito possibilita olhar os detalhes da política educacional para situar as possibilidadesde organização do trabalho docente que estejam consoantes com a identidade docente que sepretende construir.O documento institucional que direciona o trabalho docente, a Base Nacional Comum Curricular(BNCC) (BRASIL, 2018), de�ne os fundamentos pedagógicos que devem nortear o ensino, nocaso, o desenvolvimento de competências, o ensinar a fazer. O que, para Lima e Sena (2020), éum regresso ao tecnicismo. De forma complementar, a BNCC – Temas ContemporâneosTransversais (TCT), aponta caminhos para a contextualização do que é ensinado.Exempli�candoUma das competências gerais da BNCC é voltada para o pensamento cientí�co. Uma abordageminterdisciplinar do assunto degradação ambiental – arboviroses permite que o professor elaboree crie situações de aprendizagem que envolva os alunos, leve-os a pensar e re�etir acerca domeio em que vivem e, ainda, desenvolva a linguagem matemática e cientí�ca adequada ao níveldo aluno. Isto é, de forma criativa, contextualizada e interdisciplinar, o professor amplia asreferências dos alunos e a sua própria referência conceitual e pedagógica. Você acha issopossível? Desa�os do trabalho docente: entre desa�os e tensões: a relação com aBNCCDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEPara compreender a importância do professor, é necessário evidenciar algumas questões quedizem respeito aos desa�os enfrentados para que a atividade de professor alcançasselegitimidade pro�ssional. Pode-se a�rmar que inúmeros processos contribuem para a(res)signi�cação da pro�ssão docente e do trabalho docente. Um olhar crítico re�exivo sobreesses processos nos permite reconhecer os elementos tensores que dinamizam o exercíciodocente. O Quadro 1 a seguir revela os desa�os e as tensões presentes no cotidiano da açãodocente.DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEQuadro 1 | Síntese dos desa�os e tensões da pro�ssão professor. Fonte: elaborado pela autora.A síntese apresentada nos leva a concluir que há um processo em curso que ao mesmo tempogarante legitimidade à pro�ssão e ao papel do professor, e traz desa�os do ponto de vistaepistemológico e metodológico de sua prática pro�ssional.Desse ponto, podemos evidenciar que há um distanciamento entre quem está imerso no trabalhodocente e quem pensa as políticas educacionais que direcionam a ação docente. Estas trazemreferências a políticas precedentes, apontam necessidades legais e institucionais,[…] crenças e valores (concordantes e, às vezes, discordantes), posturas pragmáticas,criatividade, experimentações, sedimentação, lacunas e espaços, dissensos econstrangimentos materiais e contextuais. (BALL, 2011, p. 13)Concebendo o que propõe Stephen Ball (2011) quanto ao reconhecimento de que nas políticaseducacionais há lacunas e espaços em que é possível algum tipo de ação criativa, podemosre�etir conjuntamente a respeito da prática pedagógica que épossível desenvolver em umaproposta curricular em que o fundamento é o saber-fazer (BNCC), assumindo como pressupostopedagógico a contextualização do conteúdo e a interdisciplinaridade como uma abordagemmetodológica que possibilite ao professor exercer sua prática pro�ssional re�exivamente, e quepermita aos seus alunos “reconhecer-se em seu contexto histórico e cultural, comunicar-se, sercriativo, analítico-crítico, participativo, aberto ao novo, colaborativo, resiliente, produtivo eDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEresponsável” (BRASIL, 2018). É este o desa�o a que nos propomos cotidianamente nas nossasações formativas e autoformativas.Prática pedagógica e o pensamento crítico-re�exivo do professorAnteriormente, pensamos o papel dos professores diante da nova morfologia social quecaracteriza a sociedade contemporânea. Da política educacional de ação e formação foramapontados pontos que tratam do papel dessas políticas e as formas possíveis de implementá-las. Foram apontados os desa�os do trabalho docente evidenciando também as tensões eapontando que a legitimidade da pro�ssão docente ocorre na forma de um processo em que éfundamental o compromisso político, ético e social do professor docente.A proposição de estabelecer uma relação entre estes instrumentos da política educacional éconsonante com a proposição de Ball (2011) quanto à necessidade de dar respostas às políticas.É necessária, segundo o autor, a compreensão de que “[…] as políticas não dizem o que fazer;elas criam circunstâncias nas quais os espectros de opções disponíveis sobre o que fazer sãoestabelecidos” (BALL, 2011, p. 46). Para o mesmo autor (2011, p. 45), além de expor ascontradições e paradoxos das políticas, é necessário algum tipo de “ação social criativa”.Em suma, pode-se dizer que a identidade docente é construída a partir de diferentes articulaçõese formas de conceber a pro�ssão docente, não dependendo apenas dos normativosinstitucionais de�nidos na política educacional. Ela, a identidade docente, é construída pelosujeito em formação, no caso, o aluno em processo constante de formação e autoformação.As re�exões e questões apresentadas constituem o solo sobre o qual você poderá avançarfazendo leituras que subsidiarão o seu próprio pensamento e sua postura pro�ssional.DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEDito isto, vamos partir para a prática pedagógica articulando as competências gerais da BNCCpara o ensino médio, com a abordagem metodológica interdisciplinar buscando re�etir sobreestas a partir da seguinte situação educacional: no ensino de ciências os temas com os quais épossível discutir relações étnico-raciais na maioria das vezes não são abordados. FranciscoJunior et al. (2008) apontam que no ensino de Química, os alquimistas (cientistas quedesenvolveram produtos a partir do estudo das substâncias químicas) são considerados osprecursores desta disciplina. Nessa abordagem há uma desconsideração do conhecimentoquímico utilizado no Egito Antigo para embalsamar faraós. Deste caso podemos pensar arespeito da valorização do conhecimento de uma determinada cultura em detrimento de outras.A situação apresentada revela que uma prática pedagógica que esteja alinhada aodesenvolvimento de uma cidadania plena e uma consciência crítica prioriza uma re�exãoampliada da questão, desconstruindo essa ideia colonialista que não considera outros saberes efazeres.Cabe ressaltar que no documento base, BNCC–Ensino Médio, uma das competências geraisaponta para a valorização da diversidade de saberes e vivências culturais (BRASIL, 2018, p. 11), oque implica construir uma proposta pedagógica em que seja possível dialogar e contextualizaros diferentes saberes.Videoaula: A formação inicialEste conteúdo é um vídeo!Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelocomputador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativopara assistir mesmo sem conexão à internet.Prezado estudante, convidamos você a vivenciar uma jornada formativa em que vamos construirjuntos re�exões a respeito da pro�ssão professor diante das novas con�gurações do mundoatual e das determinações institucionais que servem de base para o trabalho desenvolvido nocotidiano docente. Com o propósito de re�etir e construir uma prática pedagógica consoantecom os desa�os dessa pro�ssão, vamos analisar brevemente os processos que culminaram emnovas formas de ver e pensar a pro�ssão.Saiba maisDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTECaro estudante, indicamos como sugestão o livro de Edgar Morin, Os sete saberes necessários àEducação do futuro, disponível na Bibioteca virtual. Neste livro o autor traz re�exões a respeitoda sociedade contemporânea em uma perspectiva de abertura às mudanças, e a integraçãodestas no universo escolar. Também evidencia a necessidade de uma articulação de saberesantigos e contemporâneos, além de revelar a preocupação com uma sociedade maishumanizada. Sugerimos, também, que você busque nas plataformas de divulgação cientí�caartigos que estejam próximos de sua área de interesse.Como sugestão de plataforma sugerimos você acessar a de periódicos da Capes.Referênciashttps://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788524920905/pageid/0https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788524920905/pageid/0DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEAPPLE, M.W. Trabalho docente e textos: economia política das relações de classe e de gêneroem educação. Porto Alegre: Artes médicas, 1987.BALL, S. J. Sociologia das políticas educacionais e pesquisa crítico-social: uma revisão pessoaldas políticas educacionais e da pesquisa em política educacional. In: BALL, S. J.; MAIN ARDES, J.(org.). Políticas educacionais: questões e dilemas. São Paulo: Cortez, 2011.BALL, S. J., BAILEY, P., MENA, P., DEL MONTE, P., SANTORI, D., TSENG, C.- YING, YOUNG, H., &OLMEDO, A. A constituição da subjetividade docente no Brasil: um contexto global. RevistaEducação em Questão, v. 46, n. 32, maio/ago. 2013. https://doi.org/10.21680/1981-1802.2013v46n32ID5114. Acesso em: 26 jan. 2023.BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília/DF: 2018. Disponívelem: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versao�nal_site.pdf.Acesso em: 26 jan. 2023.BRASIL. Resolução nº 1, de 2 de julho de 2019. Altera o Art. 22 da Resolução CNE/CP nº 2, de 1ºde julho de 2015, que de�ne as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nívelsuperior (cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados e cursos desegunda licenciatura) e para a formação continuada. Brasília/DF: MEC, 2019. Disponível em:http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=116731-rcp001-19&category_slug=julho-2019-pdf&Itemid=30192. Acesso em: 11 mar. 2022.BRASIL. Resolução nº 1, de 27 de outubro de 2020. Dispõe sobre as Diretrizes CurricularesNacionais para a Formação Continuada de Professores da Educação Básica e institui a BaseNacional Comum para a Formação Continuada de Professores da Educação Básica (BNC-Formação Continuada). Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=164841-rcp001-20&category_slug=outubro-2020-pdf&Itemid=30192. Acesso em: 16 set. 2022.https://doi.org/10.21680/1981-1802.2013v46n32ID5114https://doi.org/10.21680/1981-1802.2013v46n32ID5114http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdfhttp://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=116731-rcp001-19&category_slug=julho-2019-pdf&Itemid=30192http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=116731-rcp001-19&category_slug=julho-2019-pdf&Itemid=30192http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=164841-rcp001-20&category_slug=outubro-2020-pdf&Itemid=30192http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=164841-rcp001-20&category_slug=outubro-2020-pdf&Itemid=30192http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=164841-rcp001-20&category_slug=outubro-2020-pdf&Itemid=30192DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTECASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2018.DAL’IGNA, M. C.; SCHERER, R. P. Trabalho docente no Brasil: da feminização do magistério para adesfeminização da docência. Diversidade e Educação, v. 8, n. 1, p. 25-47, 2020. Disponível em:https://doi.org/10.14295/de.v8i1.11803. Acesso em: 26 jan. 2023.FRANCISCO JUNIOR, W. E. Estratégias de leitura e educação química. Química Nova na Escola,v.32, n. 4 p. 220-226, 2010.FRIGOTTO, G.; CIAVATTA, M. Perspectivas sociais e políticas da formação de nível médio:avanços e entraves nas suas modalidades. Educação e Sociedade, v. 32, n. 116, Campinas, p.619-638, 2011.IZA, D. F. V.; BENITES, L. C.; SANCHES NETO, L.; CYRINO, M.; ANANIAS, E. V.; ARNOSTI, R. P.;SOUZA NETO, S. de. Identidade docente: as várias faces da constituição do ser professor. RevistaEletrônica de Educação, [S. l.], v. 8, n. 2, p. 273-292, 2014. DOI: 10.14244/19827199978.Disponível em: https://www.reveduc.ufscar.br/index.php/reveduc/article/view/978. Acesso em:15 dez. 2022.LIMA, Á. M.; SENA, Ivânia Paula Freitas de Souza . A pedagogia das competências na BNCC e naproposta da BNC de formação de professores: a grande cartada para uma adaptação massiva daeducação à ideologia do capital. In: Antonio Marcos da Conceição Uchoa; Átila de Menezes Limae Ivânia Paula Freitas de Souza Sena. (Org.). Diálogos Críticos. V.2 - Reformas Educacionais:avanço ou precarização da educação pública?. 1ed.Porto Alegre - RS: Editora FI, 2020, v. 2, p. 11-37MORIN, E. Os sete saberes necessários à Educação do futuro. Tradução de Catarina Eleonora F.da Silva. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 2013.VIANNA, C. P. A feminização do magistério na educação básica e os desa�os para a prática e aidentidade coletiva docente. In: YANNOULAS, Silvia Cristina (Org.). Trabalhadoras: análise dafeminização das pro�ssões e ocupações. Brasília, DF: Abaré, 2013. p. 159-180.Aula 2A formação continuada de professores e os diferentes níveis de atuaçãoIntroduçãohttps://doi.org/10.14295/de.v8i1.11803https://www.reveduc.ufscar.br/index.php/reveduc/article/view/978http://lattes.cnpq.br/7396647084927835DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTENesta aula, que tem como tema principal a formação continuada, vamos tratar da formaçãoinicial e da formação continuada, vendo alguns termos que diariamente aparecem nos meios decomunicação. Os autores que vamos conhecer construíram conhecimento sobre os temas apartir de suas próprias pesquisas, que são o conceito de pro�ssão, e pro�ssionalidade edesenvolvimento pro�ssional docente (DPD). Vamos estudar dois princípios das diretrizes quenorteiam a formação de professores, a BNCC-Formação e BNCC-Formação continuada. Nessaconstrução, você poderá perceber que a forma e os caminhos adotados ao longo dos seusprocessos formativos conduzem você a imprimir uma marca pro�ssional própria, que é a suaidentidade docente. Sua participação de forma atenta e re�exiva subsidiará suas futurasdecisões pro�ssionais.Pro�ssão, pro�ssionalidade e desenvolvimento pro�ssional docente (DPD):conceitos introdutóriosDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEFala-se muito que os alunos não são mais os mesmos, mas, a�nal, quem são esses alunos e oque eles esperam do professor? Este é um questionamento que paira na mente dos professores.Outro ponto de tensão entre os professores é o modelo de ensino, a prática pedagógica que elevai utilizar em sala de aula. Na verdade, estamos sempre a nos interrogar a respeito do que fazerpara desenvolver com qualidade as nossas ações e o nosso trabalho.Hanna Arendt (1993), ao re�etir sobre o trabalho, nos mostra que ele é uma atividade carregadade pluralidade e de valores que são marcas da existência humana. A respeito da pro�ssão, elaaponta como o espaço sistematizado e organizado da ação. Quando você pensa em uma escola,provavelmente lembrará de alunos, da estrutura da escola e dos conteúdos que você precisatrabalhar.A escola é o lugar que ocupamos para ensinar. Pode ser que você esteja pensando naquelaforma mecânica e rotineira que vivenciou e sofreu em alguns momentos de sua vida. E se esseformato nos desagradou, pense nessa rotina para um aluno que está imerso em um mundodigital. Por isso, não basta ter conhecimento técnico e habilidades especí�cas. O tipo de açãodocente exigido e esperado neste século é aquele que ultrapassa os limites de uma práticaeducativa resumida à exposição de conteúdos e à reprodução de informações.No espaço do exercício pro�ssional do professor, na escola, há um mundo de subjetividades quese encontram de formas diversas. E, por isso, há a necessidade de que você esteja preparadopara perceber seus alunos em sua totalidade.Esse contexto apresentado certamente mostrou que é preciso buscar caminhos mais prazerosose signi�cativos para o enfrentamento dos desa�os presentes no cotidiano da escola. Pode serevidenciado que as singularidades vivenciadas na prática pro�ssional passam por uma re�exãoque conduz a busca de estratégias metodológicas e conceituais. Acrescentamos que essa buscaDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEde uma prática pedagógica situada meramente em busca de estratégias não dá conta dassingularidades do contexto das atividades dos professores.Considerando, portanto, a natureza das atividades dos professores e das situações do cotidiano,parece �car evidente a necessidade de conceber que no caminho do desenvolvimentopro�ssional, os novos paradigmas e a multiplicidade de funções exige não só umapro�ssionalização docente, mas uma “pro�ssionalidade”.Gimeno apud Contreras (2002, p. 74) de�ne o termo “pro�ssionalidade” como[…] a expressão da especi�cidade de atuação dos professores na prática, ou seja, oconjunto de atuações, habilidades, conhecimentos, atitudes e valores ligados a elasque constituem a prática especí�ca de ser professor.Gorzoni e Davis (2017) associam o termo ao conhecimento pro�ssional especí�co de ensinarque é construído a partir das experiências docentes vivenciadas ao longo da trajetória, emdiálogo com os aspectos formativos da formação inicial e continuada. As autoras estabelecemuma relação entre a pro�ssionalidade e o desenvolvimento pro�ssional docente (DPD), ea�rmam que são conceitos complementares porque são processos que ocorrem na vivência dassituações concretas de ensino, das exigências do contexto e do compromisso pessoal e coletivoem vistas qualidade da ação educativa.O termo desenvolvimento pro�ssional docente (DPD) amplia a perspectiva da formaçãocontinuada porque sugere “evolução e continuidade” (BORGES; SOUZA, 2020, p. 7). Defendemosque o uso do termo sugere autonomia formativa, porque o próprio docente escolhe e determinaseu percurso pro�ssional.Do conteúdo apresentado até este momento, �nalizamos dizendo que a pro�ssão professorrequer um processo formativo contínuo e pessoal. Porque além de competências e habilidadesde ensinar, há a necessidade de atualização para atender à evolução do mundo contemporâneo eà própria necessidade pessoal do sujeito professor.Em relação aos conceitos de pro�ssão, pro�ssionalidade e desenvolvimento pro�ssional, Gorzonie Davis (2017, p. 1396) ao apresentarem “o conceito de pro�ssionalidade docente nos estudosmais recentes” concluem que:[…] pro�ssionalidade docente está associada a diversos aspectos, tais como: oconhecimento pro�ssional especí�co; a expressão de maneira própria de ser e atuarcomo docente; o desenvolvimento de uma identidade pro�ssional construída nasações do professor e à luz das demandas sociais internas e externas à escola; aconstrução de competências e o desenvolvimento de habilidades próprias do ato deensinar conquistadas durante a formação inicial e/ou continuada. (GORZONI E DAVIS,2017,p. 1396)Para Fiorentini e Crecci (2013, p. 45), o processo de desenvolvimento pro�ssional docente (DPD)é “contínuo que tem início antes de ingressar na licenciatura, estende-se ao longo de toda suavida pro�ssional e acontece nos múltiplos espaços e momentos da vida de cada um, envolvendoaspectos pessoais, familiares, institucionais e socioculturais”.DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEA formação continuada de professores e os diferentes níveis de atuaçãoAs políticas públicas de formação atendem às necessidades da “morfologia social”, que vemsendo constituída ao longo do tempo, e às demandas de mercado, que delimitam padrões quesão absorvidos no campo educacional. Essa “morfologia” em que a sociedade é estruturada têmnas redes sociais um forte componente que modi�ca as relações sociais e pro�ssionais. Nocaso da educação este impacto é maior, considerando a função social da pro�ssão docente. Éum contexto que coloca o professor em um lugar desa�ador, porque requer repensar não só asformas de ensinar, mas também de aprender.Com o intuito de pensar esses desa�os do ponto de vista da formação continuada,apresentaremos, em linhas gerais, a base de sustentação da BNCC, para, adiante, enfatizarmosos níveis de atuação docente, com suas demandas e o que dispõe a BNC-Formação e a BNCC-Formação Continuada, buscando construir uma aproximação com o modelo formativoconstrutivo apresentado por Nóvoa (1992) e ampliado pela compreensão do Grupo de Estudo ePesquisa sobre Formação de Professores de Matemática (GEPFPM) da FE/Unicamp (GEPFPM,2023).Para iniciar a re�exão, vejamos no mapa de �uxo a seguir, eixos que consideramos centrais daBNCC.DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEFigura 1 | Eixos centrais da BNCC. Fonte: elaborada pela autora.O propósito que sustenta as competências gerais que estão em destaque aponta para umaconstrução contínua nas etapas de ensino educação infantil, ensino fundamental e ensinomédio. Também possibilita perceber que o foco da ação é voltado para o currículo emconsonância com as demandas éticas, políticas e sociais. Essa visão ampliada permite a�rmarque há diferentes níveis de ação.Para atuar nessas etapas e foco de�nidos é necessário que o sujeito do ato educativo – oprofessor – construa sua pro�ssionalidade – seu desenvolvimento pro�ssional – a partir dopercurso formativo que tem diferentes níveis: a formação inicial, na licenciatura, e a formaçãocontinuada, em cursos de atualização e aperfeiçoamento, além da produção de conhecimentoem cursos de pós-graduação, mestrado e doutorado.Ao re�etir a respeito da formação continuada, Fiorentini (2008, p. 60) aponta para um modelofundamentado “num processo contínuo de re�exão interativa e contextualizada sobre as práticasdocentes, articulando teoria e prática, formadores e formandos”. Nesse formato há umaproposição de ajuda mútua, a colaboração entre os sujeitos que estão vivenciando o cotidianoeducativo.Pensando em como construir esse modelo, apresentamos dois princípios que consideramosfundamentais para essa proposição. Na formação inicial, o fortalecimento da responsabilidadedo aluno, colocando-o como protagonista de sua formação, o que sugere uma responsabilidadepessoal com o curso e com a pro�ssão em que está sendo formado. E na formação continuada,a indissociabilidade como princípio metodológico formativo, em que a ação de ensino éretroalimentada pela pesquisa. E em todos esses processos formativos, defendemos acolaboração e interação com a escola como campo de ação do futuro professor.A relevância da formação continuada para a atuação docente no século XXIDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEAnteriormente foram apresentados conceitos fundamentais para compreensão da pro�ssãodocente a partir de diferentes formas de conceber a pro�ssão. Foi sugerida uma aproximação doconceito de pro�ssionalidade docente com o conceito de desenvolvimento pro�ssional docente(DPD); em seguida, foram apresentadas competências gerais da BNCC relacionadas com osdiferentes níveis de formação continuada e, por �m, um modelo formativo que sugere ummodelo de formação continuada.Mas �ca a questão: por que para a proposição de uma formação continuada é realmentenecessário ter uma formação depois da graduação? Para responder à essa questão, podemosnos situar como sujeitos que estão em constante processo de transformação e,consequentemente, de aprendizagem. Esse per�l apresentado permite a�rmar que os jovens queestão na escola não conseguem viver neste espaço educativo com o olhar direcionado à lousa eao giz.Nesse contexto, as demandas por formação são ampliadas. Evocando Paulo Freire (2002),podemos lembrar que a experiência da formação deve ser permanente porque somos seresinacabados, e para ensinar é preciso aprender. Paulo Freire nos ensina que quanto maiscriticamente se exerça a capacidade de aprender tanto mais se constrói e desenvolve a“curiosidade epistemológica” (FREIRE, 2002, p. 27). É o processo de re�exão-ação-ação-re�exãoque o professor amplia valores e competências pro�ssionais.Vejamos a seguinte situação do cotidiano de uma escola de ensino médio, localizada no interiordo Brasil. O professor A apresenta a seguinte atividade para os alunos do 2º ano do ensinoDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEmédio: pensar as áreas verdes da cidade estudando os conteúdos de área e perímetro. Oprofessor B, em outra sala, iniciou o conteúdo de geometria apresentando os conceitos de área eperímetro na lousa.Essa situação apresenta duas vertentes opostas de ensino. Uma, contextualizada einterdisciplinar, e outra de transmissão de conteúdo. O que pode sugerir diferenças nestasdinâmicas passa por uma variedade de fatores: questões pro�ssionais de excesso de trabalho,questões de aproximação com outras metodologias de ensino, a disponibilidade em ampliar orepertório crítico do aluno, e os saberes que o professor mobiliza no seu cotidiano de trabalho,entre outras questões.Algumas considerações mais gerais precisam ser feitas, e o encaminhamento das açõesseguramente extrapola um aligeiramento da análise da situação apresentada. Apontandoespeci�camente para a necessidade de uma abertura a novas formas de conceber a práticaeducativa, sugere-se uma formação continuada que permita uma ampliação do universo dereferência desses professores. Lembrando que não é somente o processo formativo continuadoque determina uma mudança de concepção do ato de ensinar; é necessário que o professorparticipe de formações que possibilitem não somente a aproximação com novas tendênciaseducacionais, mas também que possam ser protagonistas de seu desenvolvimento pro�ssional(FIORENTINI, 2008).Videoaula: A formação continuada de professores e os diferentes níveis deatuaçãoEste conteúdo é um vídeo!Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelocomputador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativopara assistir mesmo sem conexão à internet.Convidamos você a pensar a formação continuada a partir dos conceitos de pro�ssão,pro�ssionalidade e desenvolvimento pro�ssional docente (DPD). Esses conceitos sãoapresentados em um movimento de pensar a formação do professor para atender às demandasconjunturais e educacionais. Você verá, na videoaula, um mapa de �uxo em que estãoevidenciados dois princípios da BNCC que apontam a necessidade de um engajamento naformação. E, para �nalizar, apontamos etapas e diferentes níveis de formação continuada quepossibilitem um desenvolvimento pro�ssional. Saiba maisDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEPrezado estudante, nas plataformas de divulgação cientí�ca é possível encontrar conhecimentoproduzido que tratem de temas do seu interesse e que podem contribuir para o processo deformação e desenvolvimento pro�ssional.Acesse os anais de eventos cientí�cos, como sugestão de anais: Anais das Reuniões Nacionaisda ANPEd| ISSN: 2447-2808 e Trabalhos completos publicados em anais de eventos da Unesp.ReferênciasDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEARENDT. H. A condição humana. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007.BORGES. F. S. F.; SOUZA. L. S. Desenvolvimento pro�ssional docente e formação continuada:possíveis aproximações e distanciamentos. In: EPEN – REUNIÃO CIENTÍFICA REGIONALNORDESTE DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO, 25.,2020, Salvador. Anais […]. Salvador, 2020.CONTRERAS, J. A autonomia de professores. Tradução de Sandra Trabucco Venezuela. 2. ed.São Paulo: Cortez, 2012.FIORENTINI, D. A pesquisa e as práticas de formação de professores de Matemática em face daspolíticas públicas no Brasil. Bolema, Rio Claro, v. 21, n. 29, p. 43-70, 2008.FIORENTINI, D.; CRECCI, V. Desenvolvimento pro�ssional docente: um termo guarda-chuva ou umnovo sentido à formação? Formação Docente – Revista Brasileira de Pesquisa sobre Formaçãode Professores, [S. l.], v. 5, n. 8, p. 11-23, 2013. Disponível em:https://revformacaodocente.com.br/index.php/rbpfp/article/view/74. Acesso em: 20 dez. 2022.FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz eTerra, 2002.GEPFPM. Breve histórico do GEPFPM. Grupo de Estudo e Pesquisa em Formação de Professoresde Matemática. CEMPEM, 2023. Disponível em: https://www.cempem.fe.unicamp.br/gepfpm.Acesso em: 30 jan. 2023.GORZONI, S. de P.; DAVIS, C. O conceito de pro�ssionalidade docente nos estudos mais recentes.Cadernos de Pesquisa [online], v. 47, n. 166, p. 1396-1413, 2017. Disponível em:https://doi.org/10.1590/198053144311. Acesso em: 20 dez. 2022.NÓVOA, A. Formação de professores e pro�ssão docente. Lisboa: Dom Quixote,1992.https://revformacaodocente.com.br/index.php/rbpfp/article/view/74https://www.cempem.fe.unicamp.br/gepfpmhttps://doi.org/10.1590/198053144311DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEAula 3Engajamento pro�ssionalIntroduçãoNesta aula vamos tratar do desenvolvimento pro�ssional docente (DPD) a partir do seuengajamento pro�ssional (EP) com o contexto escolar. Para iniciar, vamos fazer um exercício:como você representa, na sua imaginação, o contexto escolar? Faça um desenho mental. Nestedesenho, faça uma representação do ambiente da escola: o pátio, a sala de aula, os alunosconversando; pense em temas que podem estar sendo abordados por esses alunos e como vocêenxerga a sua atuação neste contexto.Essa representação, servirá para introduzir o tema desta aula: a importância do projeto políticopedagógico (PPP) no contexto escolar. Vamos pensar o PPP a partir de três perspectivas: a dapolítica educacional, a da ação pedagógica do professor, e a do seu envolvimento nesseprocesso.Bons estudos!Construção coletiva do projeto político pedagógico (PPP): um caminho para oseu próprio desenvolvimento pro�ssionalDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEVocê vivenciou uma formação pautada em re�exões acerca de alguns conceitos fundamentaispara começar a construir a sua própria identidade pro�ssional. Tratamos do papel do professorna atualidade e dos desa�os para construir uma pro�ssionalidade docente.Nesta aula, vamos pensar na importância do projeto político pedagógico (PPP) no contextoescolar, buscando caminhos para implementar uma política educacional na escola que deemconta dos desa�os de desenvolver a aprendizagem, a motivação e a autonomia do aluno donosso atual contexto. Para isso, tomamos o PPP a partir de três perspectivas: a da políticaeducacional, a da ação pedagógica do professor, e a do seu envolvimento nesse processo.Inicialmente, vamos assumir o que nos sugere Stephen Ball (2011) quanto à necessidade de darrespostas às políticas em uma perspectiva de “ação social criativa” (BALL, 2011, p. 46). Paraesse autor, “[…] as políticas não dizem o que fazer; elas criam circunstâncias nas quais osespectros de opções disponíveis sobre o que fazer são estabelecidos” (BALL, 2011, p. 46).Nesse sentido, convidamos você a trazer essas subjetividades (pensamentos, valores e saberes)para pensar e construir o projeto político pedagógico (PPP) de uma escola em que os valoressociais, éticos e ambientais sejam a tônica da política da escola, e que a sua prática pedagógicaseja promotora de aprendizagem, motivação e autonomia de seus alunos.DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEPara Veiga (2002), o PPP é “um instrumento normativo de organização do trabalho pedagógicoda escola como um todo” (p. 22). Decerto que na perspectiva apontada pela autora, podemospensar que nessa organização os fatores pessoais, sociais, culturais e históricos perpassamuma coletividade que é feita de diferentes sujeitos e realidades.Nesse sentido, é necessário assumir alguns princípios para nortear a ação educativa na escola –não como imposição hierárquica, mas como uma construção coletiva fundada nos princípiosque regem a sociedade.Na BNCC está estabelecido o “propósito de construção de uma sociedade mais ética,democrática, responsável, inclusiva, sustentável e solidária” (BRASIL, 2018, p. 27). Tal propósitopode ser con�gurado como princípio da abordagem no PPP, porque se partirmos da ideia de queé no processo educativo, mediado pela escola, que construímos uma sociedade democrática ejusta, também assumimos que para isso é necessário imprimir qualidade no nosso fazereducativo, nas nossas ações diárias.Para tanto, apresentamos duas dimensões: a da coletividade, na construção da escola quequeremos, e a dimensão pessoal, que é a responsabilidade que o professor tem com a própriaformação, que ocorre tanto do ponto de vista da busca de conhecimentos cientí�cos quantoconhecimentos do contexto e desenvolvimento pessoais.O sentido dado direciona a construção do PPP a partir de um fazer educativo, que é político,social e cientí�co, e que também possibilita o seu próprio DPD.Projeto Político Pedagógico (PPP): re�exões em uma perspectiva críticaDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEPara aprofundar seu conhecimento a respeito do projeto político pedagógico (PPP) vamosretomar o sentido destas palavras. “Projeto”, do latim projectus, como algo a ser lançado;“político”, com uma noção de um “agir especí�co posto em ação por um sujeito próprio […]”(RANCIÈRE, 2007, p. 254), e “político-pedagógico”, no sentido de condução da ação educativaque não pode ser pensada no sentido limitado à ação educativa em sala de aula. É mais amplaporque está aberta para pensar os problemas reais do contexto, a uma visão que assume “a açãoeducativa a partir de um compromisso do pro�ssional com a sociedade” (FREIRE,1989, p. 15).Essa re�exão crítica permite reconhecer que para pensar um projeto político para a escola énecessário reconhecer a heterogeneidade de atores, de práticas e de saberes que compõem oespaço educativo.O reconhecimento dessa heterogeneidade possibilita considerar o que Veiga nos aponta quandoa�rma que “a organização do trabalho pedagógico da escola tem a ver com a organização dasociedade” (VEIGA, 2002, p. 9). Considerar essa perspectiva é reconhecer que o PPP não é umpacote ilustrativo que comporta planos e projetos fechados, porque a escola, enquanto“instituição social, re�ete no seu interior as determinações e contradições dessa sociedade”(VEIGA, 2002, p. 10); portanto, comporta uma “racionalidade aberta” (MORIN, 2014, p. 456)porque é local de exercício da criatividade e da crítica.Assim, esse instrumento não pode ser considerado um normativo com caminhos prontos. Dassituações vivenciadas emerge a necessidade de novas abordagens, novas formas deorganização e construção pro�ssional.DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTENesse sentido, é necessário que você, sujeito em constante processo de desenvolvimentopro�ssional, considere que, ao pautar sua ação docente e sua prática pedagógica em umconstante processo de ação-re�exão, será possível enfrentaros problemas da escola e docontexto em que os alunos estão envolvidos.Em algum momento você pensou no modelo de escola em que quer trabalhar? Acreditamos quea resposta a essa questão terá algumas dimensões: a do ambiente pro�ssional, um ambiente emque seja possível superar os con�itos entre ensinar e aprender – porque provavelmente a ideiaque mais nos a�ige é quanto ao que fazer no ambiente educacional para tornar mais prazeroso oato de ensinar e aprender –; a dos valores sociais, éticos e ambientais que perpassam osinstrumentos formativos e avaliativos, porque é necessário pensar em totalidade, a�nal, você vaitrabalhar em um espaço de formação para a cidadania, a escola. É um processo de construçãoque você não vai fazer sozinho, porque a base fundamental de construção do PPP é a base dacoletividade e da participação.É nessa perspectiva que apontamos alguns caminhos sugestivos para seu engajamentopro�ssional nessa construção. São eles:Assumir para o processo de construção do PPP o princípio democrático-participativo comoponto de partida para que a escola seja pensada por todos os alunos, professores efuncionários, como sugere Veiga (2002).Assumir a qualidade da educação pretendida a partir dos seguintes indicadores: ambienteeducativo, que comporte o respeito às diferenças e aos direitos humanos; ambientepro�ssional em que haja o incentivo às ações coletivas; e as condições pro�ssionais, noplano da estrutura física do espaço escolar e no aspecto da valorização da pro�ssãoprofessor.A organização do projeto político pedagógico: entre legislação e o contextoda escolaDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEFoi apresentada uma perspectiva crítica a respeito dos fundamentos que devem pautar o projetopolítico pedagógico (PPP), de�nindo a construção coletiva como uma forma de engajamentopro�ssional e como possibilidade de organizar o trabalho pedagógico em uma perspectivademocrática-participativa.Agora, vamos analisar o PPP de duas escolas situadas no interior do Brasil, utilizando aperspectiva apresentada.Na primeira escola, foram utilizados dois eixos norteadores: a organização pedagógica, em que oplanejamento sugerido tem a base nos projetos temáticos elaborados coletivamente pelacomunidade escolar - professores, pais e alunos e, o eixo voltado, para as condições de trabalhoe de valorização docente. Em outra escola dessa mesma região, o eixo de sustentação do PPPfoi: a organização pedagógica - conteúdos, metodologia de ensino e avaliação.Do que foi apresentado, o que você consegue evidenciar acerca dos PPPs? Qual a participaçãoda comunidade interna (alunos e professores) e da comunidade externa? Nessa organização dotrabalho pedagógico, o que pode ser apontado como ponto que converge com uma posturacrítica e participativa para a construção do PPP?Cabe destacar que um processo de organização do projeto político-pedagógico, pensado emuma perspectiva sistêmica, que trabalha a organização da escola como um todo e que integradiferentes sujeitos, de diferentes realidades, permite uma aprendizagem voltada para o exercícioda cidadania. Tomando as re�exões de Veiga (2002), podemos a�rmar que é possível construiruma outra “gramática” de um projeto político pedagógico. Nesta, cabe a de�nição do tipo deDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEsociedade, do tipo de pro�ssão, do papel do professor, e do protagonismo dado aos alunos epaisAssim, em uma proposta crítico-problematizadora há lugar para a gestão democrática-participativa da escola, desde que você, como professor, perceba a importância do seu papel nasdiscussões que tratam da prática administrativa e pedagógica de sua escola. Ou seja, engajando-se e rompendo o distanciamento que existe entre os sujeitos e os pares que fazem o dia a dia daescola.Necessário destacar que a importância do PPP transpõe o caráter normativo e instrumentalde�nido nas leis e planos que organizam o sistema educacional. Na Lei de Diretrizes e Bases(LDB 9394/96) e no Plano Nacional de Educação (PNE 2014-2024) é preciso considerar que háuma evolução no processo histórico de implementação e de orientação à construção dosprojetos pedagógicos da escola. Esse cenário confere maior importância à construção de umPPP pautado em princípios democráticos e inclusivos que atendam a uma educação dequalidade para todos.Videoaula: Engajamento pro�ssionalEste conteúdo é um vídeo!Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelocomputador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativopara assistir mesmo sem conexão à internet.Prezado estudante, esta videoaula apresenta um resumo das re�exões contidas nesta aula arespeito da importância do projeto político pedagógico (PPP). Nela, apresentamos umaperspectiva de desenvolvimento pro�ssional tendo seu engajamento na pro�ssão como eixonorteador da construção de um PPP democrático-participativo que atenda não só aosnormativos, mas também à busca para conferir a qualidade para educação e a construção de umprojeto de escola voltada para a cidadania. Saiba maisDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEPara uma construção teórica mais aprofundada a respeito da construção do projeto políticopedagógico (PPP), indicamos a leitura da dissertação de Breda (2015): PROJETO POLÍTICOPEDAGÓGICO: re�exões sobre o discurso de educadores de Rio Claro, que apresenta re�exõessobre o projeto político pedagógico a partir das re�exões de instituições escolares.Recomendamos também as reportagens disponíveis em: Projeto político pedagógico: re�exãoconstante e permanente e uma visita ao site Pressupostos Teórico-Metodológicos - ProjetoPolítico PedagógicoReferênciashttps://teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-20072015-115550/pt-br.phphttps://teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-20072015-115550/pt-br.phphttps://educacaointegral.org.br/reportagens/projeto-politico-pedagogico-reflexao-constante-permanente/https://educacaointegral.org.br/reportagens/projeto-politico-pedagogico-reflexao-constante-permanente/https://ppp.esp.ce.gov.br/pressupostos-teorico-metodologicos/https://ppp.esp.ce.gov.br/pressupostos-teorico-metodologicos/DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEBRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília/DF: 2018. Disponívelem: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versao�nal_site.pdf.Acesso em: 26 jan. 2023.FREIRE, P. Educação e mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989.FAVACHO, A. M. P. O projeto político-pedagógico: re�exões sobre o estado do Amapá. In:REUNIÃO ANUAL DA ANPED, 23., 2000, Caxambu/MG. Anais […]. Caxambu/MG, 2000.RANCIÈRE, J. Dix theses sur la politique. In: RANCIÈRE, J. Aus bords du politique. Paris: FolioEssais, 2007. p. 223-225.BALL, S. J. Sociologia das políticas educacionais e pesquisa crítico-social: uma revisão pessoaldas políticas educacionais e da pesquisa em política educacional. In: BALL, S. J.; MAINARDES, J.(org.). Políticas educacionais: questões e dilemas. São Paulo: Cortez, 2011.MORIN, Edgar. Ciência com Consciência. Trad. Maria D. Alexandre e Maria Alice Sampaio Doria.16ª. Edição. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2014.VEIGA, I. P. A. (org.). Projeto político-pedagógico da escola: uma construção possível. 14. ed.Campinas: Papirus, 2002. Aula 4A compreensão dos docentes como agentes formadores de conhecimento e culturaIntroduçãohttp://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdfDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTENesta aula vamos tratar dos desa�os da docência, e para isso estudaremos o conceito de culturae interculturalidade, a �m de reconhecer que o espaço da atuação docente é diverso, plural,amplo e complexo, requerendo do professor reconhecer que não cabe um olhar único sobre ossujeitos que transitam no espaço escolar – os alunos – nem uma visão fechada acerca doconhecimento. Rompercom esse olhar limitado não é algo fácil, a�nal, somos frutos de umaformação fragmentada: primeiro, a aula de português; depois, matemática, e assim segue o ritualda escola. Porém, a atual sociedade conclama que se pense de forma ampla, usando dainterdisciplinaridade e construindo relações entre saberes. Por este motivo veremos não só oconceito, mas estratégias que possibilitam assumir uma perspectiva intercultural nas nossasações educativas. Bons estudos!Construindo o conceito de cultura e interculturalidade para re�etir sobre osdesa�os da docênciaDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEPara iniciar, trazemos o conceito de cultura como “Todo complexo que inclui conhecimentos,crenças, arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e aptidões adquiridos pelohomem como membro da sociedade” (KAHN apud LAKATOS, 2010 p. 131).Aldo Vannucchi (2011) reconhece que o conceito de cultura é complexo e abrangente porqueexiste na concretude da realidade de homens e mulheres. Dessa forma, conceitua ele culturacomo “autorrealização da pessoa humana no seu mundo, numa interação dialética entre os dois– homem, mundo – sempre numa dimensão social” (VANUCCHI, 2011, p. 21). Com estaa�rmação o autor coloca o ser humano como um “agente de cultura”, porque nas atividadesdiárias e na relação que construímos com o outro produzimos ações e conhecimento. Portanto,somos agente de cultura.Você pode estar pensando: “E então? Eu, como professor, preciso aprender a trabalhar osconteúdos da área com a qual tenho identi�cação – história, geogra�a, matemática ou inglês”.Será que isso bastaria? Vamos re�etir.Na atualidade, nós, professores, temos um papel mais ampliado que vai muito além daexposição do conteúdo disciplinar. Porque no espaço do exercício pro�ssional – a escola –convergem diferentes sujeitos e diferentes saberes. Podemos inclusive dizer que no espaço daescola temos uma multiplicidade de agentes culturais, como falou-se há pouco. Ademais, osrecursos que nos fornecem acesso a dados e informações nos colocam diante de novosDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEdesa�os. Acrescente a este cenário o pensamento de que o mundo é interdisciplinar (THIESEN,2008). Ou seja, não cabe olhar o mundo em caixas separadas.Compreendendo que o espaço da docência – a escola – é a instituição cultural que tem a maiorcapilaridade, podemos perceber a grande importância e o desa�o de ser professor naatualidade.Em uma perspectiva de compreender a escola em sua dinâmica viva que congrega sujeitos eculturas diversas, cabe ao professor assumir a posição estratégica de agente formador decultura e conhecimento. Então, qual o papel do professor nesse contexto? Quais caminhos eestratégias é possível construir para dar conta desse mundo interdisciplinar?Como resposta à primeira questão, apresentamos três pontos destacados pela por BernadeteGatti (2009, p. 7): “ensinar educando, garantir aprendizagens e propiciar desenvolvimentohumano”. Isso signi�ca que é necessário ao professor ter conhecimentos gerais, sem �carlimitado a um conhecimento único, uma visão única e linearizada do mundo; ter formaçãocientí�ca, que é ser capaz de produzir conhecimento, questionar a realidade e questionar-se paraampliar o seu próprio horizonte formativo e do seu aluno; propiciar o desenvolvimento humano,que é tornar-se um formador de cidadãos, o que implica que o conhecimento de sua disciplinanão pode distanciar-se de valores humanizadores – a ética, a política, a cultura e a democracia.Quanto à questão que faz referência aos caminhos e estratégias, vamos tratar da sua identidadecultural. Você consegue reconhecer que suas raízes identitárias são construídas e reconstruídasna dinâmica do contexto? Com essa questão, pretendemos que você reconheça que asdiferenças estão em todo lugar, e se apresentam de diferentes formas. Assim, �ca mais fácilcompreender que temos uma formação identitária diversa porque estamos constantementedando novas signi�cações, construindo novas formas de olhar o mundo. Isso nos aproxima dopensamento de Candau (2008) quanto à “perspectiva intercultural” que promove uma “educaçãopara o reconhecimento do ‘outro’, para o diálogo entre os diferentes grupos sociais e culturais”(CANDAU, 2008, p. 23).Desa�os da docência: ensinar pelo reconhecimento das “diferenças”DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTENo início desta aula falamos dos desa�os da docência situando o conceito de cultura para quevocê compreenda que ter somente o conhecimento disciplinar não faz de você um pro�ssionalmelhor que os outros. É necessário ter uma visão do todo, das relações, dos saberes e dosconhecimentos compartilhados entre as gerações para ser possível enfrentar os desa�os dadocência.Pensando nesses desa�os, vamos situar o contexto da escola básica. Há uma necessidadeurgente de dar qualidade às aprendizagens dos alunos. Os indicadores de desempenho e asavaliações externas apontam que estamos em um patamar de sofrível a ruim, que foi agravadopelo cenário pandêmico no qual tivemos perdas quantitativas e qualitativas na escolarização dapopulação.As perdas, do ponto de vista quantitativo e qualitativo, ocorreram de forma heterogênea noterritório nacional, considerando que há desigualdades socioeconômicas de alunos e dainfraestrutura da escola do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP)(BRASIL, 2021). Esse quadro aumenta os desa�os da docência, uma vez que será necessário queesses alunos retomem o conteúdo escolar, e para isso o professor é convidado a ampliar orepertório de saberes e competências que já tem.Para Libâneo (2016), é necessário que os professores se revelem como investigadores atentosàs peculiaridades individuais e socioculturais. E como atender a esta nova demanda, queinstrumentos utilizar? São desa�os muito ampliados: pensar a qualidade da educação,DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEgarantindo aprendizagens, e resgatar o interesse do aluno pela escola – ou seja, tomar para si oresgate da função social da escola.É consensual a necessidade de buscar caminhos para atuar no chão da escola. Este espaço éconsiderado por Candau (2008, p. 32) um espaço de “cruzamento de culturas”. E como tal, épreciso reconhecer a necessidade de “promover uma educação para o reconhecimento do ‘outro’,para o diálogo entre os diferentes grupos sociais e culturais” (CANDAU, 2008, p. 32).Boaventura de Sousa Santos (2006) aponta a heterogeneidade de culturas que compõem omundo. Os autores Stoer e Cortesão (1999), citados por Candau (2008), utilizam uma analogiaa�rmando que “a não conscientização da diversidade cultural que nos rodeia constitui umaespécie de ‘daltonismo cultural’” (p. 56). Vera Maria Candau (2008, p. 27) utiliza este termo paranos dizer que essa reduzida capacidade de identi�cação de diferentes tons favorece que “oprofessor tenha um único olhar para a cultura escolar” e que isso “resulta em desenvolvimentode baixa autoestima dos alunos, elevados índices de fracasso escolar e atitudes agressivas”entre outras questões que limitam uma formação humanizadora.Nesse sentido, na ação pedagógica do professor há o sentido pessoal, o signi�cado social e adimensão cultural. Sem estas dimensões, a docência �ca esvaziada de resultados e desentidos.Certamente que compreender este cenário é fundamental para que no exercício da docência oprofessor consiga desenvolver no seu aluno uma das competências de�nidas na BNCC:“Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos eexperiências” (BRASIL, 2019, p. 7) que lhe possibilitem entender o mundo que o cerca.Prática pedagógica interdisciplinar: propondo caminhosDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEA partir dos conceitos apresentados você pode estar pensando em como trazer essespressupostos para o seu exercício pro�ssional. Não há fórmulas prontas, porque o espaçoescolar é amplo.Assumir a perspectiva apresentada anteriormente extrapola as quatro paredesda sala de aula – lembrando que as nossas ações são carregadas dos valores e princípios quedefendemos. Você se lembra de que na aula anterior tratamos do termo “pro�ssionalidadedocente" signi�cando os valores e marcas que o professor imprime nas ações docentes? Sãoelas que constituem o “ser professor” que assume as diferenças para construir sua práticapedagógica. Começa na sala de aula, é verdade, mas vai além dela, porque nós, professores,somos agentes culturais por natureza.Considerando que é no espaço da sala de aula que iniciamos a docência, vamos buscar construirpráticas pedagógicas que assumam uma perspectiva intercultural e interdisciplinar para que ospressupostos �losó�cos mais amplos que direcionam a educação – democracia etransformação social – sejam alcançados.Para isso, vamos retomar a re�exão que foi proposta no início desta aula: a sua identidadecultural. Reconhecer que temos uma identidade aberta é o primeiro passo para a implementaçãode uma prática pedagógica que reconhece a diferença em si e no outro. Evidenciar essa questãoé necessário para que no exercício da docência você seja capaz de ter um olhar mais ampliadopara os desa�os do contexto escolar. Em uma das competências gerais da BNCC, temos:ao respeito ao outro, a valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais,seus saberes, identidades culturais e Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução decon�itos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro eaos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos ede grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sempreconceitos de qualquer natureza” (BRASIL, 2019, p.12)Para desenvolver esta competência, você pode utilizar a questão que trata da representaçãocultural que os alunos têm de si próprio e do colega. Essa estratégia possibilita que elesapontem diferenças étnicas, de gênero e de origens regionais. E consequentemente quedesenvolvam a competência sinalizada. Ademais, a questão pode ser aprofundada em diferentesconteúdos disciplinares. Para isso, é necessário sair das miniestações, como já foi sugerido, eassumir a atitude interdisciplinar para dar conta de um universo plural que envolve nossosjovens.Corroboramos com o pensamento de Candau (2008, p. 56) quando pontua que ao identi�carnossas próprias representações e as do outro é possível romper o “daltonismo cultural” quelimita o pensamento crítico re�exivo. Ao romper essa visão, tanto professor quanto alunoconseguem compreender e respeitar o outro, e consequentemente o professor estará assumindoseu papel de agente que transforma e constrói uma prática mais humanizadora.Videoaula: A compreensão dos docentes como agentes formadores deconhecimento e culturaDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEEste conteúdo é um vídeo!Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelocomputador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativopara assistir mesmo sem conexão à internet.Prezado estudante, a videoaula apresenta de uma forma leve os conceitos trabalhados. Aoabordar os desa�os da docência, veremos a realidade da ação docente e o trabalho com ainterculturalidade no âmbito da disciplina Matemática. Convidamos você a conhecer como aatitude interdisciplinar dinamiza a ação docente, possibilitando que você reconheça o potencialcriativo da pro�ssão professor. Saiba maisIndicamos a leitura do texto de Thiesen (2008), em que ele trata da atitude interdisciplinar comoum movimento necessário à prática pedagógica da contemporaneidade, A interdisciplinaridadecomo um movimento articulador no processo ensino-aprendizagem A interdisciplinaridade comoum movimento articulador no processo ensino-aprendizagem.Também indicamos uma visita à plataforma Khan Academy. Nela você vai encontrar conteúdos,sugestões de atividade e ferramentas computacionais que podem ser utilizadas em sala de aula.https://www.scielo.br/j/rbedu/a/swDcnzst9SVpJvpx6tGYmFr/abstract/?lang=pthttps://www.scielo.br/j/rbedu/a/swDcnzst9SVpJvpx6tGYmFr/abstract/?lang=pthttps://www.scielo.br/j/rbedu/a/swDcnzst9SVpJvpx6tGYmFr/abstract/?lang=pthttps://pt.khanacademy.org/?utm_account=Grant&utm_campaignname=Grant_Brasil_prepare_n_inst&gclid=Cj0KCQiA5NSdBhDfARIsALzs2EA1ex7PTMS1OZtsU0PsIEyher949KeP0JhChttps://pt.khanacademy.org/?utm_account=Grant&utm_campaignname=Grant_Brasil_prepare_n_inst&gclid=Cj0KCQiA5NSdBhDfARIsALzs2EA1ex7PTMS1OZtsU0PsIEyher949KeP0JhCDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTESugerimos também, você pode acessar uma O�cina pedagógica sobre integração einterdisciplinar na EPT e o uso de ferramentas digitais, que congrega o uso de ferramentas,mapas conceituais e articula diferentes áreas.A o�cina Eu, o outro e nós: o�cinas pedagógicas para os anos iniciais, traz a interculturalidadepor meio de um trabalho voltado para as séries iniciais.ReferênciasÁVILA, I. C. G.; SOUZA, A. C. M. de. Desa�os da docência: enfrentamentos do fazer pedagógicona formação dos professores na contemporaneidade. Revista Educação Pública, v. 20, n. 16, 5maio 2020. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/20/16/desa�os-da-docencia-enfrentamentos-do-fazer-pedagogico-na-formacao-dos-professores-na-contemporaneidade. Acesso em: 26 jan. 2023.BRASIL. Resolução CNE/CP nº 2, de 20 de dezembro de 2019. De�ne as Diretrizes CurricularesNacionais para a Formação Inicial de Professores para a Educação Básica e institui a BaseNacional Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica (BNC-Formação).Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=135951- rcp002-19&category_slug=dezembro-2019-pdf&Itemid=30192. Acesso em: 11 mar. 2022.BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira.Censo daeducação básica 2020: resumo técnico [recurso eletrônico] – Brasília: Inep, 2021.70 p.Disponível em:https://educapes.capes.gov.br/bitstream/capes/561284/2/Oficina%20pedag%C3%B3gica%20-%20Integra%C3%A7%C3%A3o%20e%20interdisciplinaridade.pdfhttps://educapes.capes.gov.br/bitstream/capes/561284/2/Oficina%20pedag%C3%B3gica%20-%20Integra%C3%A7%C3%A3o%20e%20interdisciplinaridade.pdfhttps://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/20/16/desafios-da-docencia-enfrentamentos-do-fazer-pedagogico-na-formacao-dos-professores-na-contemporaneidadehttps://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/20/16/desafios-da-docencia-enfrentamentos-do-fazer-pedagogico-na-formacao-dos-professores-na-contemporaneidadehttps://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/20/16/desafios-da-docencia-enfrentamentos-do-fazer-pedagogico-na-formacao-dos-professores-na-contemporaneidadeDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEhttps://download.inep.gov.br/publicacoes/institucionais/estatisticas_e_indicadores/resumo_tecnico_censo_escolar_2020.pdf. Acesso em: 30 jan. 2023.CANDAU, V. M. Multiculturalismo e educação: desa�os para a prática pedagógica. In:MOREIRA, A. F.; CANDAU. V. M. (org.). Multiculturalismo: diferenças culturais e práticaspedagógicas 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.GATTI, B.; BARRETO. E. S. S. Professores do Brasil: impasses e desa�os. Brasília: UNESCO, 2009.LAKATOS, E. M. Sociologia Geral. 7. ed. Atlas: São Paulo, 2010.LIBÂNEO, J. C. Políticas educacionais no Brasil: des�guramento da escola e do conhecimentoescolar. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 46, n. 159, p. 38–62, 2016. Disponível em:https://publicacoes.fcc.org.br/cp/article/view/3572. Acesso em: 30 jan. 2023.SANTOS, B. S. Para uma Pedagogia do Con�ito. In: SILVA, L. H. da (org.). Novos mapas culturais,novas perspectivas educacionais. Porto Alegre: Sulina, 1996.THIESEN, Juares da Silva. A interdisciplinaridade como um movimento articulador no processoensino-aprendizagem. 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Osdois estão colocados como conceitos que se complementam porque estão sendo vistos pelaconstrução que é feita no cotidiano, pela interação de saberes e pela superação dos desa�osenfrentados no dia a dia da pro�ssão docente. No entanto, não podem ser pensados distantesdos aspectos que envolvem a ação docente, o contexto do exercício pro�ssional.Vamos retomar dois conceitos fundamentais, pro�ssão e pro�ssionalização, para compreender oprocesso de constituição pro�ssional que culmina com a construção pessoal e coletiva quefazemos da nossa pro�ssão.O termo pro�ssão é de�nido sociologicamente como um conjunto de atributos que são postosem prática a partir de conhecimentos teóricos e práticos. O conceito de�nido por Diniz-Pereira(2011) aponta que o status de pro�ssão pode ser adotado quando há um conjunto deconhecimentos, que são teóricos, portanto, requer um aprendizado sistemático e formal, queatendem às necessidades de um determinado contexto e são sustentados por um código deética.Neste sentido, a pro�ssão é exercida a partir da existência das credenciais adquiridas por umdiploma. Para Angelim, “o ‘diploma’ seria a licença, ou seja, a autorização legal para exercer umaatividade uma ocupação” (ANGELIM, 2010, p. 20). O termo pro�ssionalização pode ser assumidopela perspectiva de processo de institucionalização da pro�ssão, que é resultado das interaçõese processos sociais, econômicos e políticos.DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEConsiderando o nosso universo de referência e atuação, vamos utilizar o termo pro�ssãodocente para caracterizar o universo dos pro�ssionais da educação que, diante de um mundo emconstante processo de mudanças, está também em constante processo de formação.Assim, o processo de pro�ssionalização docente é um ato contínuo. Por isso, a necessidade depensar a pro�ssionalização a partir dos termos “pro�ssionalidade e DesenvolvimentoPro�ssional, como termos complementares que contribuem com o processo de construção dasformas de ‘ser e estar na pro�ssão’” (NÓVOA, 1997, p. 16).Para os autores Pimenta e Anastasiou (2014, p. 77), a identidade docente é uma construçãopro�ssional que tem as bases na “signi�cação social” que o professor atribui à “atividadedocente em seu cotidiano, em seu mundo, em sua história de vida, em suas representações, emseus saberes, em suas angústias e anseios, no sentido que tem, o ser professor”.Complementando esse pensamento, podemos dizer que os processos formativos – a formaçãoinicial, que fornece as credenciais para a atuação docente – se constituem como a base daconstrução da identidade do professor; e a formação continuada, como processo de quali�caçãopro�ssional – que vai além da atualização de conteúdos e metodologias – se constitui como umdos processos formativos que ampliam o universo de referência dos professores e possibilitama construção de sua identidade docente.Videoaula: Revisão da unidadeEste conteúdo é um vídeo!Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelocomputador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativopara assistir mesmo sem conexão à internet.Neste vídeo você vai compreender melhor os conceitos apresentados ao longo dessa formação.Vamos retomar os conceitos apresentados mostrando cada etapa de sua vivência formativa ecaminhos para seu processo de desenvolvimento pro�ssional. Teremos um Problem BaseLearning (PBL), para que você coloque a mão na massa e construa a sua proposta dedesenvolvimento pro�ssional.Estudo de casoDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEPara que você exercite sua autonomia pro�ssional, temos esta proposta de Problem BasicLearning (PBL), com o qual você será apresentado a uma situação-problema e vai construircaminhos para a solução.Ao longo de nossas aulas você estudou a formação inicial (FI) como o primeiro caminho para aconstrução de sua identidade pro�ssional, e vimos que a FI é a base conceitual e metodológicade sua pro�ssão. A formação continuada (FC) é o processo de re�exão e transformação quevocê escolhe para dinamizar sua pro�ssão – seria um upgrade. Também soubemos que odesenvolvimento pro�ssional docente (DPD) é a fase mais dialógica – você com os seus pares –e emancipatória de uma ação e re�exão pela qual você mesmo de�ne o que quer para sua vida.Portanto, é ideia de ação e (trans)formação pessoal e social.Dito isso, agora você vai construir um percurso de DPD. O estudante do caso apresentado évocê.A BNCC de�ne o compromisso da educação integral com os fundamentos e competências. Paraisso, há um pacto federativo pelo qual[…] a partir da homologação da BNCC, as redes de ensino e escolas particulares terãodiante de si a tarefa de construir currículos, com base nas aprendizagens essenciaisestabelecidas na BNCC, passando, assim, do plano normativo propositivo para oplano da ação e da gestão curricular que envolve todo o conjunto de decisões e açõesde�nidoras do currículo e de sua dinâmica. (BRASIL, 2019, p. 23)Você e um amigo visitaram a página o�cial da secretaria de educação do seu estado/município eencontrou um documento referencial curricular (DCR) cujo conteúdo aponta para um percursoformativo para os alunos do ensino médio. Ao abrir o documento, você observou que foramDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEde�nidos temas, disciplinas obrigatórias e outras disciplinas que normalmente eram vistassomente no ensino superior (Pensamento Computacional, Iniciação Cientí�ca, Análise de Redes,Empreendedorismo e Educação Financeira, entre outras). Também encontrou um DCR em que asdisciplinas eram estruturadas a partir de habilidades necessárias para campos de�nidos deatuação. Você, então, resolveu analisar um DCR e construir o seu próprio percurso formativo paradar conta dessa nova “morfologia educacional”. Inicialmente, escolheu o campo de atuação comque tinha identi�cação, e desenhou um percurso formativo para dar conta dessa sua propostapessoal. Após essa construção, seu amigo passou a você várias ideias negativas, do tipo “euaprendi assim e antigamente o ensino era melhor.” O saudosismo bateu à sua porta, mas estenão era seu per�l, e você resolveu criar um percurso para seu autodesenvolvimento pro�ssional._______Re�itaNo processo de construção da nossa identidade pro�ssional, é necessário promover um diálogode saberes, de experiências e de necessidades que aparecem no caminhar da pro�ssão. Foi issoque motivou o estudante do caso apresentado – você. Ele fez um diálogo pessoal com aspolíticas educacionais do seu estado/município e percebeu que seria necessário ir além. Paraisso, construiu seu próprio percurso de desenvolvimento pro�ssional. Ao longo dessaconstrução, algumas questões foram surgindo: Como vou dar conta dessa proposta? Vouprecisar fazer outro curso? Qual curso? E, por �m: O que quero fazer na minha atuaçãopro�ssional docente?E você? Como faria esse percurso? Dê uma olhada na BNCC e veja o que está de�nido para acolaboração entre estados e municípios. Situe seu estado/município. Utilize um documentoreferencial curricular (DCR) do seu estado ou município. Localize temas e áreas de atuação queestão próximas do que você gosta de fazer (artes, esporte,ciências ou outras). Construa o seupercurso curricular e escolha o curso que vai ajudar a melhorar sua trajetória.Ao �nal, relate o caminho de�nido, estabeleça objetivos e metas, e aponte o que você identi�cacomo convergente e divergente em sua proposta do ponto de vista pessoal e acadêmico.Bom trabalho!Videoaula: Resolução do estudo de casoEste conteúdo é um vídeo!Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelocomputador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativopara assistir mesmo sem conexão à internet.Olá, estudante! Vamos colocar a mão na massa! De início apresentamos o objetivo do PBLproposto, e esperamos que ao �nal do problema apresentado você esteja familiarizado com osDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEconceitos fundamentais de sua formação – formação inicial (FI), formação continuada (FC) edesenvolvimento pro�ssional docente (DPD) – que subsidiam sua construção identitária dapro�ssão docente. O objetivo é que você se aproprie das políticas educacionais – a BNCC, aBNCC-TCT e a BNCC-Formação –, de�na sua área de atuação e construa um percurso formativopessoal que corresponda à sua forma de ver o mundo e a pro�ssão docente.Para isso, vamos indicar alguns caminhos que podem contribuir com o seu aprendizado e ajudara superar o “medo do papel em branco”. São eles:Veri�que na BNCC como está de�nida a colaboração entre os entes federados. Sãodecisões prontas? Ou são decisões e caminhos a construir?Busque um referencial curricular de algum local de sua preferência (cidade/estado).Veri�que o que há neste documento que pode ser desa�ador para a atuação docente.Visualize uma área de atuação que você deseja – educação infantil, ensino fundamental,médio, anos �nais.Escolha uma área em que você goste de atuar e faça um mapa conceitual desse caminho.Você pode utilizar o CmapTools ([s. d.]. para fazer o mapa.Re�ita acerca do que você precisa para colocar esse percurso formativo em prática.Busque caminhos, cursos; utilize um texto para ajudar. Você pode usar um buscador dereferências como o Mendeley (c2022) e o Google Acadêmico [s. d.] e buscar termos comometodologias – modelagem das ciências; educação artística, novos letramentos. Vocêpode utilizar palavras do próprio DCR. Após encontrar artigos que estejam próximos ao quevocê pensou, leia o resumo. Veja se este artigo fez surgir novas ideias. Adeque à suarealidade e acrescente ao seu percurso.Faça um mapa de �uxo do seu percurso cruzando com o DCR que você adotou. Identi�queno mapa a área ou etapa que você escolheu para atuar e que você vai investir em formaçãoe aprofundamento.Assuma o lugar do estudante do caso apresentado e construa um relatório com todas asinformações relevantes: O que moveu você? O que foi difícil? Por quê? Traga re�exões dostextos que você leu durante a disciplina. AApresente o percurso de desenvolvimento pro�ssional que você de�niu para sua vidapro�ssional.Resumo visualDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEFigura | Processo de construção da identidade docente (ID). Fonte: elaborada pela autora.ReferênciasDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEALCOFORADO, L. Desenvolvimento pro�ssional, pro�ssionalidade e formação continuada deprofessores: possíveis contributos dos relatos autobiográ�cos pro�ssionais Educação. Revistado Centro de Educação. Universidade Federal de Santa Maria, RS, 2014.ANGELIM, P.E. Pro�ssionalismo e pro�ssão: teorias sociológicas e o processo depro�ssionalização no Brasil. REDD – Revista Espaço de Diálogo e Desconexão, Araraquara, v. 3,n. 1, jul/dez. 2010BALL, S. J. Sociologia das políticas educacionais e pesquisa crítico-social: uma revisão pessoaldas políticas educacionais e da pesquisa em política educacional. In: BALL, S. J.; MAINARDES, J.(org.). Políticas educacionais: questões e dilemas. São Paulo: Cortez, 2011.BRASIL. Resolução nº 1, de 2 de julho de 2019. Altera o Art. 22 da Resolução CNE/CP nº 2, de 1ºde julho de 2015, que de�ne as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nívelsuperior (cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados e cursos desegunda licenciatura) e para a formação continuada. Brasília/DF: MEC, 2019. 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São Paulo: Cortez, 2014.(Coleção Docência em Formação).,Unidade 3Novas Exigências Educacionais e o Professor na Perspectiva InclusivaAula 1O professor para além dos muros escolaresIntroduçãohttp://emaberto.inep.gov.br/ojs3/index.php/rbep/article/view/2919https://scholar.google.com.br/?hl=pthttps://www.mendeley.com/DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEVocê já parou para pensar nos diversos desa�os que fazem parte da vida de qualquer professor?A sociedade contemporânea brasileira, com a sua ampla desigualdade social e regional, violênciae discriminação, traz inúmeros desa�os para o professor, dentro e fora da sala de aula. Com isso,o trabalho do professor vai além de ensinar, e tem o sentido de promover transformação na vidade seus alunos, emponderando-os para construir um projeto de vida emancipatório. Dessa forma,como lidar com tantas adversidades, como incluir a todos os alunos e como criar soluções paraenormes desigualdades regionais no Brasil? Vamos pensar juntos sobre isso? Convidamos vocêa continuar os estudos nesta aula.Desigualdades regionais no BrasilDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEO Brasil é um estado federativo, dividido em União, estados e municípios. Contudo, há estados emunicípios mais ricos ou mais pobres que outros. De maneira geral, os estados ao sul são maisindustrializados e ricos do que os estados do nordeste e norte. Vamos pensar juntos: será que asdesigualdades econômicas regionais impactam nos sistemas de ensino? Para entender isso,precisamos compreender o sistema de �nanciamento da educação básicaformação dos currículos, de modo que tanto osalunos de escolas particulares quanto públicas tenham acesso ao mesmo nível deconhecimento. O documento também destaca a importância da formação continuada paraprofessores, que pode ser realizada junto à escola, promovendo treinamentos e capacitações aolongo do ano letivo.Docência: um olhar para o passado e suas implicações para o futuroDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEApós esse breve panorama histórico da educação e da docência, você pode compreender arelevância da nossa história para os dias atuais? De que forma a atuação do pro�ssional daeducação no presente está atrelada aos diversos modelos e sistemas educacionais vivenciadoshá décadas ou séculos atrás?Olhar para nosso passado é também reconhecer nossa atuação como pro�ssionais daatualidade, a�nal, nossas práticas de ensino re�etem nosso modo de educar no passado, ouseja, não podemos desconectar nossa identidade de nossa história. Rever esse passado étambém rever nosso presente e repensarmos nossa atuação como docentes.DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTECertamente avançamos no que diz respeito à educação em seus aspectos políticos e sociais,bem como na atuação prática dos professores. Hoje, a educação é ofertada de forma gratuita epassou a ser obrigatória a partir dos 4 anos, o que garante, em princípio, menores índices deanalfabetismo. A criação da BNCC também passou a nortear o trabalho do docente e garante odesenvolvimento integral do aluno, possibilitando que crianças e jovens de todo o país, tanto deescolas privadas quanto particulares, tenham acesso aos mesmos conteúdos, promovendo aqualidade de ensino a todos os indivíduos.Porém, rever nossa história também nos mostra que ainda reproduzimos processoseducacionais praticados há séculos. Assim como no período jesuítico, ainda vemos professoresque atuam no papel de detentores do conhecimento, enquanto os alunos se encontram naposição de meros ouvintes, que devem permanecer quietos em suas carteiras, já que a conversae qualquer “inquietação” seria sinônimo de indisciplina. As conversas em sala de aula não sãoestimuladas,a�nal, se há silêncio não há questionamento. Observe que a escola é ainda uma instituição decontrole, disciplina e imposição de conteúdos, que não instiga o pensamento re�exivo e crítico.A constituição de 1934 cita a obrigatoriedade do ensino, mas certamente, naquela época, tal leinão garantiu que todas as crianças estivessem nas escolas. Como é nossa realidade hoje emrelação a tal obrigatoriedade? E mais: uma criança frequentando a escola é garantia de queestará efetivamente aprendendo e sendo alfabetizada? Aqui cabe lembrar o conceito de“analfabetismo funcional”, aquele relacionado ao indivíduo capaz de identi�car letras oucompreender um texto simples, mas que não consegue interpretar um texto de maiorcomplexidade, como uma notícia de jornal, por exemplo. Desse modo, a frequência escolarobrigatória não assegura o aprendizado efetivo; a lei, portanto, não garante a qualidade de ensinoe o �m do analfabetismo.Poderíamos continuar exempli�cando e comparando de diversas formas nossos modeloseducacionais do passado e como avançamos pouco em vários aspectos. Porém, nosso objetivoé conduzir uma re�exão sobre sua atuação como futuro pro�ssional na educação. Como você vêa escola, a atuação do docente e o aluno que busca a educação de qualidade? De que formagarantir o aprendizado efetivo? Como deixar de reproduzir as formas de educar do passado? Sãoperguntas para as quais não temos uma resposta “pronta”, porém faz-se necessárioabandonarmos o lugar de meros transmissores do saber e assumirmos o lugar de mediadoresdo conhecimento, no qual o aluno é o protagonista do processo de ensino-aprendizado. Em ummundo em constante mudança, o professor também pode promover transformações na sala deaula, preconizando a educação que atue sobre o indivíduo de forma plena, que promova práticasde ensino contextualizadas e atue sobre o aluno em sua forma integral. Rever o passado é olharpara possibilidades de mudanças, que começam com sua formação e a construção de seu olharpara o professor, reconhecendo sua identidade e seu papel no processo educacional.Videoaula: A história da docência no BrasilEste conteúdo é um vídeo!DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEPara assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelocomputador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativopara assistir mesmo sem conexão à internet.Caro estudanteCompreender a história da educação no Brasil é essencial para sua atuação prática, sendo capazde identi�car as mudanças pelas quais passamos ao longo dos anos, reconhecer os avanços eas demandas ainda necessárias para oferecer uma educação transformadora e de qualidade. Ovídeo a seguir irá aprofundar seus conhecimentos sobre esse percurso, levando a uma re�exãosobre o papel do professor na atualidadeSaiba maisAprofunde ainda mais seus conhecimentos sobre a História da educação no Brasil através daleitura do texto a seguir: A evolução histórica da educação e da escola no Brasil.Referênciashttps://periodicos.ufsm.br/sociaisehumanas/article/view/37574/pdfDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEAZEVEDO, F. de. A cultura brasileira. 5. ed. São Paulo: Melhoramentos/INL, 1976.BRASIL. Constituição (1824).Constituição Política do Império do Brasil. Rio de Janeiro 1824,Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao24.htm. Acessoem: 11 dez. 2022.BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB. 9394/1996. Brasília, 1996.BRASIL. Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961. Fixa as Diretrizes e Bases da EducaçãoNacional. Brasília, 1961. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-4024-20-dezembro-1961-353722-normaatualizada-pl.pdf. Acesso em: 12 dez. 2022.BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.GONÇALVES, N. G. Constituição histórica da Educação no Brasil. Curitiba: InterSaberes, 2013RIBEIRO, P. R. M. História da educação escolar no Brasil: notas para uma re�exão. Paideia, USP,Ribeirão Preto, 4, fev./jul, 1993. Disponível em:https://www.scielo.br/j/paideia/a/DDbsxvBrtzm66hjvnLDdfDb/?lang=pt Acesso em: 11 dez.2022.TERRA, M. L. E História da Educação. São Paulo: Pearson, 2014.TOYSHIMA, A. M. da S.; MONTAGNOLI, A. G., COSTA, J. Algumas considerações sobre o RatioStudiorum e a organização da educação nos colégios jesuíticos. Anais... XIV SimpósioInternacional Processos Civilizadores: 'civilização, fronteiras e diversidade' e IV seminário dogrupo de pesquisa 'Educação e processos civilizador', 2012, Dourados. p. 2-7, 2012.Aula 2A diferença entre educar e instruir nos diferentes níveis da educaçãohttps://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao24.htmhttps://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-4024-20-dezembro-1961-353722-normaatualizada-pl.pdfhttps://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-4024-20-dezembro-1961-353722-normaatualizada-pl.pdfhttps://www.scielo.br/j/paideia/a/DDbsxvBrtzm66hjvnLDdfDb/?lang=ptDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEIntroduçãoOlá!Nesta aula, faremos uma re�exão sobre a diferença entre “instruir” e “educar” e como taisconcepções estão relacionadas à atuação do professor e seu papel no processo de ensino-aprendizagem. Veremos também os desa�os vivenciados pelo professor que atua no século XXIe como abandonar o lugar de transmissor do saber se faz necessário no contexto em que astecnologias digitais estão presentes e passaram a ser como uma ferramenta para o docente. Emum mundo em que as informações estão disponíveis no espaço cibernético, torna-se essencialque o professor saiba conduzir o aprendizado através das tecnologias digitais, garantindo que oaluno seja o protagonista desse processo e o professor seu facilitador.Vamos começar?Educar ou instruir?no Brasil. Veja o quediz o artigo 68 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação:“Art. 68. Serão recursos públicos destinados à educação os originários de: I - receitade impostos próprios da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios”(BRASIL, 1996, [s. p.]).Cada estado e cada município têm uma arrecadação própria, que depende da sua atividadeeconômica. Por exemplo, o município de São Paulo tem uma arrecadação muito maior do que apequena cidade de Santa Rosa do Purus, no Acre. Mas, qual a relação disso com a educação?Nossa legislação educacional obriga que cada Estado e município faça o repasse de 25% detudo que arrecada para o sistema de educação básica. Dessa forma, os estados e os municípiosmais ricos da federação terão mais dinheiro para investir em sua rede de ensino do que os maispobres. Podemos a�rmar categoricamente que as diferenças econômicas entre os municípiosimpactam na verba destinada às escolas; consequentemente, escolas com mais recursos podemoferecer uma educação de maior qualidade. Esse esquema de �nanciamento gera injustiçaseducacionais. Essa é uma análise que você, estudante, poderá fazer quando estiver no campodeDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEestágio e poderá avaliar os recursos que sua escola recebe e se esses recursos são su�cientespara garantir o direito à educação.Esse é um importante desa�o que você, como futuro professor, var enfrentar: as desigualdadesregionais educacionais, que são resultado do nosso pacto federativo, que dá maiores poderespara as redes estaduais e municipais gerenciarem suas próprias políticas educacionais, mas quenão possibilita que a distribuição de recursos atenda às especi�cidades e necessidades de cadarede.Souza (2004) estudou essas contradições. A autora discute que a educação é, no Brasil, umapolítica universal, já que a educação pública é gratuita e obrigatória e é um direito constitucional.Contudo, ela é gerenciada pelos estados e municípios, com diferentes capacidadesarrecadatórias, o que implica na concretização desigual do direito à educação.Constitucionalmente, a educação brasileira tem um caráter igualitário, um direito que deve serefetivado de uniformemente para todos, conforme podemos ver no“Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios - igualdade decondições para o acesso e permanência na escola" (BRASIL, 1988, [s. p.]).Contudo, dentro do cenário apresentado e da capacidade desigual dos municípios efetivaremsuas políticas educacionais, não se criam essas condições igualitárias de acesso epermanência.Como isso afeta sua identidade docente? Vamos re�etir melhor a seguir.O professor além dos muros: enfrentamento das desigualdades regionaisDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEA sociedade contemporânea, em seu processo de fortalecimento do capitalismo neoliberal,promove ampla vulnerabilidade social e coloca as famílias em situação de risco social, no qualnão há certeza da efetivação de direitos. O neoliberalismo também prova um descompromissodo Estado em relação às políticas educacionais, o que implica na diminuição do envio derecursos e de desenvolvimento de currículos e normativas educacionais quem têm comoobjetivo meramente preparar o aluno para o mercado de trabalho, sem efetivamente promoversua emancipação como indivíduo.Vamos pensar juntos em um exemplo? No ano de 2016, foi promulgada a Emenda Constitucionalnº 95, que constituí um Novo Regime Fiscal para o Brasil. Veja o que diz a Constituição, no seuAto das Disposições Constitucionais Transitórias:Art. 106. Fica instituído o Novo Regime Fiscal no âmbito dos Orçamentos Fiscal e daSeguridade Social da União, que vigorará por vinte exercícios �nanceiros,II – para os exercícios posteriores, ao valor do limite referente ao exercícioimediatamente anterior, corrigido pela variação do Índice Nacional de Preços aoConsumidor Amplo (IPCA), publicado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geogra�ae Estatística, ou de outro índice que vier a substituí-lo, apurado no exercício anterior aque se refere a lei orçamentária.(BRASIL, 1988, [s. p.])Fique tranquilo. Sabemos que a linguagem desse texto é difícil, mas você vai ver como o fato ésimples. Todo ano, o governo corrigia os valores de gastos com suas políticas públicas peloDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEProduto Interno Bruto (PIB), o que implicava em maiores recursos para projetos e causas sociais,inclusive a educação. O valor dos recursos era baseado dos gastos com a educação do anoanterior somado a uma taxa com base no PIB. Agora, o cálculo é feito com base no ÍndiceNacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ou seja, o índice que indica a in�ação. Comessa mudança na forma de calcular os recursos �nanceiros que vão para a educação, há menosrecursos chegando!Dessa forma, os estados e municípios que contam com menos recursos próprios, especialmentedo Norte e do Nordeste, tiveram os recursos de vêm da União também diminuídos. Essamudança de um único cálculo trouxe prejuízos a milhares de crianças.Nesse contexto, a sua identidade como docente é consolidada, bem como suas práticas. Forados muros da escola, é preciso que você pense sobre o professor que quer ser, porque seusdesa�os serão imensos. Dessa forma, construa, dentro da sua subjetividade, um compromissopessoal ético de fazer o melhor, dentro das condições oferecidas, pela educação. É muito difícilmudar toda essa realidade sozinho, mas você pode despertar seus alunos para essa realidade.Faça mais do que passar conteúdos. Possibilite que seu aluno desenvolva um projeto de vidaemancipatório para si mesmo. Para isso, você também precisa ter um projeto emancipatóriopara sua carreira docente!Pense como a sua formação de professor também pode ser emancipatória. Para isso, re�itasobre as enormes desigualdades educacionais no Brasil e o que você, como professor, podepropor para promover mais justiça educacional.O professor e a diversidadeDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEPensar nas adversidades do trabalho docente implica em re�etir as regionalidades brasileiras nachave da diversidade. Lembre-se um pouquinho do que já foi estudado, em que você aprendeusobre a história da educação brasileira. Como inicia a nossa história educacional? Pela tentativade um processo extremamente violento de aculturação, impondo aos povos originários umprojeto civilizatório eurocêntrico, negando a validade da cultura dos povos indígenas. Essaaculturação absoluta nunca ocorreu e temos, até hoje, marcas da cultura indígena na identidadebrasileira.Mas será que, em algum momento da nossa história, rompemos com esse padrão de formaçãode um projeto civilizatório para o Brasil, que é exógeno e não valoriza a nossa diversidade?Qual é o padrão educacional do Império? Excluir negros e pobres de processos educativos e pelamanutenção de escolas apenas nas cidades maiores. Quando adentramos à República, essepadrão se manteve. Continuamos com um projeto civilizatório no qual o pobre tem pouco acessoà educação e, ainda que tenha direito à educação básica, é apenas para sua formação mínimapara o trabalho na fábrica.Estamos no século XXI, intensi�cando esse projeto, especialmente quando olhamos essesistema �scal, que �nancia a educação, extremamente injusto. Mantemos um projeto que excluio pobre da educação de qualidade, conforme explica Azevedo (2007, p. 9):Certamente, "a nova elite produzida pela educação competente" não brotará dosmilhões de indigentes e pobres que constituem o espectro dos excluídos daDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEapropriação da riqueza na sociedade brasileira. A escola, por certo, continuarácontribuindo para legitimar a situação social dos educandos.A escola deveria ter uma dimensão inclusiva, não de exclusão. Pense, por exemplo, nadi�culdade da implementação de políticas para crianças com de�ciências intelectuais e físicasna escola (BRIANT; OLIVER, 2012).Lembre-se da marginalização das crianças negras e pardasnos sistemas formais de ensino e o persistente analfabetismo (SOARES; ALVES, 2003).Finalmente, vamos pensar nas crianças indígenas: em primeiro lugar, nem sempre têm acesso àeducação e, quando têm, em uma perspectiva novamente alinhada ao ocidental eurocêntrico esem compromisso com sua própria cultura (ZANIN; SILVA; CRISTOFOLI, 2018).Poderíamos aqui nomear muitas outras minorias que são excluídas no Brasil em processosescolares formais.Contudo, vamos pensar juntos o que são efetivamente esses processos de exclusão. No Brasil, aeducação básica é para todos, então, não estamos falando sobre falta de vagas, mas de umaescola que exclui porque não valoriza a identidade de cada um desses grupos em seuscurrículos.A escola exclui quando não prepara seus professores, em processos de educação permanente,para saberem como desenvolver a cognição de crianças com transtorno do espectro autista,dentre todos os outros transtornos e de�ciências.Nesse contexto, analisando o seu campo de estágio, você avalia que os docentes estãopreparados para atender às demandas por educação especial? A escola na qual você faz estágio,tem uma cultura de inclusão?Professor, a construção da sua identidade docente deve partir da ruptura com esses processosde marginalização nas políticas educacionais. Para �nalizar esta aula, deixamos umaproblematização: como você, professor, vai planejar a sua aula para incluir e para ensinar a seualuno que a diversidade é fundamental para a construção de uma sociedade melhor? Nãocriamos uma sociedade mais humanizada e um sistema de ensino compromissado com aqualidade sem reconhecer o outro como central para a constituição de uma educação maisjusta.Videoaula: O professor para além dos muros escolaresEste conteúdo é um vídeo!Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelocomputador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativopara assistir mesmo sem conexão à internet.Ufa! Quanta re�exão, não é mesmo? Os pontos que levantamos nesta aula não são simples e émuito difícil dar respostas a certos questionamentos a que eles nos levam. Na verdade, oDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEobjetivo aqui é problematizar. Nesta videoaula, vamos entender melhor o que é o neoliberalismoe como ele impacta as políticas públicas educacionais, especialmente no contexto dadistribuição de recursos públicos. Vamos lá?Saiba maisIndicamos um estudo de caso no qual o pesquisador Flávio Santiago faz uma pesquisa em locusem creches para entender como o racismo é perpetuado pelas próprias estruturas educacionais,especialmente nos discursos docentes. Convidamos você a ler esse texto pensando: qual é omeu papel para romper com o racismo estrutural?Gritos sem palavras: resistências das crianças pequenininhas negras frente ao racismo.Referênciashttps://doi.org/10.1590/0102-4698132765DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEAZEVEDO, J. C. de. Educação pública: o desa�o da qualidade. Estudos Avançados [online]. v. 21,n. 60, p. 7-26, 2007. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0103-40142007000200002 Acessoem: 10 dez. 2022.BRIANT, M. E. P.;OLIVER, F. C. Inclusão de crianças com de�ciência na escola regular numaregião do município de São Paulo: conhecendo estratégias e ações. Revista Brasileira deEducação Especial [online]. v. 18, n. 1, p. 141-154, 2012. Disponível em:https://doi.org/10.1590/S1413-65382012000100010 Acesso em: 10 dez. 2022.BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm Acesso em: 10 dez. 2022.BRASIL. LEI nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. LDB (Diretrizes e Bases da EducaçãoNacional). Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 10dez. 2022.SANTIAGO, F. Gritos sem palavras: resistências das crianças pequenininhas negras frente aoracismo. Educação em Revista [online]. v. 31, n. 2, p. 129-153, 2015. Disponível em:https://doi.org/10.1590/0102-4698132765 Acesso em: 10 dez. 2022.SOARES, J. F.;ALVES, M. T. G. Desigualdades raciais no sistema brasileiro de educação básica.Educação e Pesquisa [online]. v. 29, n. 1, p. 147-165, 2003. Disponível em:https://doi.org/10.1590/S1517-97022003000100011 Acesso em: 10 dez. 2022.SOUZA, C. Governos locais e gestão de políticas sociais universais. 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Odocente está sempre inserido em uma comunidade educativa e interage com ela em ummovimento dialético, o que implica que ele a transforma e é transformado e, nesse processo,ressigni�ca sua identidade docente. Nós, professores, devemos estar em constantetransformação, porque não apenas ensinamos nossos alunos, mas somos ensinados etransformados por eles. Essas são algumas re�exões que farão parte desta aula!O docente e sua práticaDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEQuando você pensa na prática docente, o que vem à sua cabeça? Qual é a rotina de umprofessor? Talvez, várias imagens venham à sua mente: planejar as aulas, entregar planos deaula ao coordenador, fazer chamada, aplicar provas, registrar conteúdos e, claro, “dar a aula”. Aatividade docente, assim como ocorre na maioria das pro�ssões, passa necessariamente porquestões burocráticas. As escolas de educação básica respondem às secretarias de educaçãomunicipais e estaduais e essas, por sua vez, prestam contas ao governo federal, portanto,documentar aulas, frequências e notas é algo que fará parte do seu trabalho. Contudo, o queprecisamos enfatizar é que a essência do seu trabalho vai muito além disso!O trabalho docente tem um sentido de transformação dos sujeitos envolvidos nos processos, ouseja, toda a comunidade escolar, inclusive o próprio docente. Dessa forma, aquela ideia antiga,do professor que detém o monopólio do conhecimento e os alunos como sujeitos passivos, queescutam e reproduzem, não faz mais sentido hoje. Vejamos, então, o que Santos, Martins eGimenez (2021, p. 18), a�rmam sobre esse tema:A construção da identidade pro�ssional é um processo multifacetado e constitui-se apartir das vivências que o estudante teve ao longo de sua vida – antes da escolhapro�ssional, durante o processo de formação inicial e continuada, e na ação docente–, as quais fomentam as concepções acerca da pro�ssão. É fato que as vivências eas concepções do grupo social do qual o sujeito faz parte são fundamentais àconstrução de sua identidade docente, pois envolvem inúmeros elementos, tais comoDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEa construção de valores e as experiências vividas, os quais são condizentes com assuas crenças. A formação inicial, todavia, é muitorelevante neste processo.Dessa forma, a sua identidade como docente começa a partir de agora, quando você ainda éestudante, conforme nos ensinam os autores. Posteriormente, suas vivências dentro dacomunidade escolar vão continuar a constituir a sua identidade docente.Nossa entrada na escola se dá muito cedo. Hoje, um bebê de quatro meses pode ser matriculadoem uma instituição de ensino. Então, desde a primeira infância, construímos nossas crençassobre o trabalho docente, a partir da nossa relação com os professores e com a comunidadeescolar. Ao adentrar à universidade, essas crenças são ressigni�cadas a partir do olhar cientí�cosobre a educação. Já no campo de estágio, temos o conhecimento da vivência cotidiana naescola. O conhecimento cientí�co, somado à prática, traz ao futuro docente um amplo repertório,que forma a sua própria identidade como futuro professor. Na imagem a seguir, vejamos aquiloque determina a construção da identidade docente:Figura 1 | Elementos constitutivos da identidade docente.Por isso mesmo é que Santos, Martins e Gimenez (2021) a�rmam que a identidade pro�ssional émultifacetada: há muitos elementos que a determinam.DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEA seguir, vamos re�etir juntos sobre o elemento em vermelho na imagem, ou seja, compreender apercepção social sobre o professor.Os mitos sobre o professor e sua práticaTalvez você já tenha ouvido pessoas mais idosas falarem coisas do tipo: “na minha época, eradiferente, os professores eram respeitados”. ou “os valores estão invertidos, pois hoje é o alunoquem manda no professor!” ou, ainda: “quando eu era criança, os professores eram recebidos empé e a gente tinha medo deles”.Tais a�rmações referem-se a uma percepção muito especí�ca sobre a relação aluno e professore re�etem representações sociais sobre o docente muito diferentes das atuais. Efetivamente, asrelações entre docentes e alunos mudaram, mas nada em uma sociedade é estável. Asrelaçõessociais estão em constante transformação, e isso não é bom nem ruim, é apenas como ascoisas funcionam.Vamos começar analisando a a�rmação: “na minha época era diferente, os professores eramrespeitados”. Não temos dúvida de que as relações mudaram, mas o conceito de respeito ébastante subjetivo e, muitas vezes, confundido com medo. Será que essa pessoa não quis dizerque os professores eram temidos, portanto, nunca questionados? Será que esse medo erapositivo para a aprendizagem?DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEAs relações entre professores e alunos não devem ser baseadas no medo, mas no respeito deambas as partes. Será que esse professor de antigamente respeitava seus alunos, em umambiente em que a palmatória era permitida e usada? Precisamos ressigni�car as relações entreprofessores e alunos e você, futuro professor, precisa constituir relações de empatia eacolhimento com seus alunos. Hoje, as pesquisas cientí�cas falam muito sobre o papel daafetividade em sala de aula, sentimento que não deve ser identi�cado com o carinho familiar,mas sim com a capacidade do professor se colocar no lugar do aluno e compreender os amplosdesa�os da vida escolar (RIBEIRO, 2010).Pensemos agora na segunda oração: “os valores estão invertidos, pois hoje é o aluno quemmanda no professor!” Valores “não se invertem”. A�rmações como essa re�etem que háindivíduos que imagina haver uma única forma “correta” de relação entre professor e aluno, o quenão é verdade. Fato é que valores mudam. As relações verticais entre professores e alunos,baseadas em sistemas de poder e dominação, que geram medo diante do professor einsegurança na aprendizagem, precisam efetivamente mudar, porque o medo não geraaprendizagem efetiva. O professor ainda tem autoridade em sala de aula, mas essa autoridadeprecisa ser exercida de forma legítima, com base em consenso e diálogo.Sobre a terceira a�rmação: “quando eu era criança, os professores eram recebidos em pé e agente tinha medo deles”, note que, mais uma vez, a oração evoca um sistema de autoridade dacomunidade escolar baseada no medo. O ato de �car em pé simboliza a legitimação de umarelação de poder bastante desigual entre docente e educandos, simbologia que não implica emrespeito ou valorização do trabalho do professor, mas apenas regras a serem cumpridas.Lembre-se: a aprendizagem ocorre em ambientes democráticos e consensuais, nas quais todosos atores do ensino e da aprendizagem se sintam confortáveis e seguros, abertos ao diálogo e àproblematização da realidade.A precarização do trabalho docenteDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEO que você pensa sobre as questões levantadas até aqui? No campo de estágio, você percebeque o professor sofre algum tipo de desprestígio ou falta de reconhecimento?Para discutir esse tema, vamos apresentar o conceito de precarização e proletarização dotrabalho docente, que vão muito além da imagem social do professor, estudada anterioriormente.Na verdade, a precarização do trabalho docente começa no âmbito das políticas educacionais.Sobre isso, explica Oliveira (2004, p. 1128):Na atualidade, novas questões são trazidas ao debate, e as discussões sobre osprocessos de �exibilização e precarização das relações de emprego e trabalhochegam também ao campo da gestão escolar. As teses sobre desvalorização edesquali�cação da força de trabalho, bem como sobre despro�ssionalização eproletarização do magistério, continuam a ensejar estudos e pesquisas de carácterteórico e empírico.De fato, há muitas pesquisas para buscar entender o trabalho docente, mas em que implicaa�rmar que são as políticas educacionais que precarizam o trabalho?Primeiramente, precisamos esclarecer que políticas educacionais são todas as ações do Estadopara garantir o direito à educação pública e gratuita para todos. Fazem parte das açõesnecessárias para efetivar o direito à educação a contratação de professores, o pagamento dossalários, a manutenção dos processos de formação para os pro�ssionais da educação,DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEregulamentar instituições de formação de professores, criar planos de carreira, dentre tantosoutros.Contudo, os governos precarizam a pro�ssão quando pagam salários que não permitem queesses pro�ssionais vivam uma vida digna, obrigando-os a cumprir três turnos para garantirproventos su�cientes. E a questão não é apenas dinheiro, mas é preciso que os professorestenham qualidade de vida no trabalho, que tenham a possibilidade de ascender na carreira, apartir de um plano adequado de cargos e salários. Basicamente, é preciso que os professorestenham qualidade de vida e sejam capazes de atribuir sentido ao seu trabalho.Mas, por que falamos em proletarização do trabalho docente? Esse é um conceito que se refereà perda da autonomia docente, da mesma forma que o operário na fábrica que aperta o parafusode um carro, não tem domínio sobre o objeto que produz, porque não lhe pertence, nem ocompreende por completo. A palavra domínio, aqui, não se refere às relações de poder, mas terliberdade de tomar decisões sobre seu trabalho. O operário não decide como será o carro; ametáfora da proletarização do trabalho docente indica que o professor não tem poder decisóriosobre suas práticas.Terminamos esta aula com uma problematização: será que nós, docentes, podemos voltar a terdomínio sobre nosso trabalho, não no sentido de autoritarismo, mas para decidir sobre nossaprática livremente? Videoaula: A articulação entre a docência e as comunidades educativasEste conteúdo é um vídeo!Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelocomputador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativopara assistir mesmo sem conexão à internet.Nesta aula, re�etimos sobre questões bastante complexas, não é mesmo? Pensar sobre aprática docente implica entender a ação do professor para além da burocracia do dia a dia, mastambém a sua missão transformadora darealidade social! Então, que tal assistir a mais umaaula, para re�etirmos juntos sobre a prática docente e como ela in�uencia a nossa identidade?Que tal pensarmos juntos sobre a questão lançada ao �nal da aula?Saiba maisDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEConheça mais sobre o conceito de proletarização do trabalho docente, justamente para que vocêsaiba se posicionar sobre o tema, como protagonista em uma mudança de cenário. Leia o textoindicado aqui:Um diálogo entre a pro�ssionalização e proletarização no trabalho docente.Referênciashttps://publica.ciar.ufg.br/ebooks/eleb-2019/2_artigos/c020.htmlDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEDAUDE, R. B.; SANTOS, G. C. S. dos. Um diálogo entre a pro�ssionalização e proletarização notrabalho docente. Anais... Encontro de Licenciaturas e Educação Básica. UFG, p. 388-395, 22 e 23de agosto, 2019. Disponível em: https://publica.ciar.ufg.br/ebooks/eleb-2019/2_artigos/c020.html. Acesso em: 6 jan. 2023.OLIVEIRA, D. A. A reestruturação do trabalho docente: precarização e �exibilização. Educ. Soc.,Campinas, v. 25, n. 89, p. 1127-1144, set./dez. 2004. Disponível em:https://www.scielo.br/j/es/a/NM7Gfq9ZpjpVcJnsSFdrM3F/?lang=pt&format=pdf. Acesso em: 6.jan. 2023.RIBEIRO, M. L. A afetividade na relação educativa. Estudos de Psicologia, Campinas. [online]. v.27, n. 3, p. 403-412, 2010. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0103-166X2010000300012.Acesso em: 6 jan. 2023.SANTOS, B. P. dos; MARTINS, I. C.; GIMENEZ, R. Formação pro�ssional na construção daidentidade docente. Cadernos de Pós-graduação, São Paulo, v. 19, n. 2, p. 17-27, jul./dez. 2021.Disponível em: https://periodicos.uninove.br/cadernosdepos/article/view/20160. Acesso em: 17jan. 2023.Aula 3Educação inclusivaIntroduçãohttps://publica.ciar.ufg.br/ebooks/eleb-2019/2_artigos/c020.htmlhttps://publica.ciar.ufg.br/ebooks/eleb-2019/2_artigos/c020.htmlhttps://www.scielo.br/j/es/a/NM7Gfq9ZpjpVcJnsSFdrM3F/?lang=pt&format=pdfhttps://doi.org/10.1590/S0103-166X2010000300012https://periodicos.uninove.br/cadernosdepos/article/view/20160DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEOlá, estudante!Você sabia que, no passado, muitas crianças com de�ciência física ou intelectual não tinhamdireito algum à educação? Muitas crianças eram simplesmente institucionalizadas, atendidasapenas em hospitais, mas sem serem aceitas nas escolas. Isso afastava a criança dasocialização e de possibilidades de seu desenvolvimento integral, e ocorria pela crença de que acriança de�ciente não era capaz de aprender. Quando consideramos as teorias pseudocientí�casa respeito de aprendizagens, baseadas na teoria da aprendizagem linear, não podemos deixar deestranhar esse pensamento. A aprendizagem não é linear, e nesta aula convidamos você apensar sobre inclusão social, aprendizagem e atividade docente. E então, como podemos criarpráticas inclusivas de docência?A legislação inclusiva brasileiraDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEAntes da publicação da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), era comum que as crianças comde�ciências intelectuais fossem matriculadas nas escolas ditas especiais, que se dedicavamapenas aos processos de ensino e aprendizagem dessas crianças. Contudo, isso mudou noBrasil, conforme podemos ver a seguir:Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante agarantia de:III - atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com de�ciência,transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação,transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, preferencialmente na rederegular de ensino.(BRASIL, 1996, [s. p.])A legislação educacional brasileira determina que o Estado deve sim possibilitar o acesso aodireito à educação básica na educação regular de todas as crianças, inclusive aquelas comde�ciência. Dessa forma, lembre-se: a escola não pode negar matrícula de criança alguma, e se o�zer negará o direito à educação ao aluno.Mas, veja, não basta a escola matricular o aluno. Há um conjunto de condições que a escolaprecisa oferecer para esse aluno. Vejamos o exemplo da criança com de�ciência auditiva. Quenecessidade esse aluno terá? Certamente de um intérprete de libras. Esse aluno tem direito àeducação e, se para ser educado, precisa de um intérprete de libras, então a escola temobrigação de contratar esse pro�ssional.DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTESuponha, agora, uma criança tetraplégica que não seja capaz de ir ao banheiro sozinha ou de sealimentar sozinha. A escola obrigatoriamente tem que garantir um acompanhante que possibiliteque ela faça tudo o que necessitar em ambiente escolar. No contexto da escola pública, issodeve ser pago pelo Estado e de forma alguma pode ser cobrado dos pais, porque, conformelemos na lei, educação é obrigação do Estado.Demos dois exemplos de crianças com de�ciências físicas. No que se refere às de�ciênciasintelectuais, as crianças devem ter seu direito à educação garantido, conforme as legislaçõespertinentes a cada de�ciência.Para as crianças com de�ciências intelectuais, temos as chamadas salas de recursosmultifuncionais que, segundo o Ministério da Educação (BRASIL, [s. d.], [s. p.]) tem o seguinteobjetivo:Apoiar a organização e a oferta do Atendimento Educacional Especializado – AEE,prestado de forma complementar ou suplementar aos estudantes com de�ciência,transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades/superdotaçãomatriculados em classes comuns do ensino regular, assegurando-lhes condições deacesso, participação e aprendizagem.Programa disponibiliza às escolas públicas de ensino regular, conjunto deequipamentos de informática, mobiliários, materiais pedagógicos e de acessibilidadepara a organização do espaço de atendimento educacional especializado. Cabe aosistema de ensino, a seguinte contrapartida: disponibilização de espaço físico paraimplantação dos equipamentos, mobiliários e materiais didáticos e pedagógicos deacessibilidade, bem como, do professor para atuar no AEE.Vamos pensar juntos na sua responsabilidade como docente. Como você pode criar umadocência inclusiva em sua sala de aula? É o que veremos no próximo bloco.A docência inclusivaDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEAnteriormente, lançamos uma pergunta acerca da docência inclusiva. No seu campo de estágio,há crianças com de�ciências físicas ou intelectuais? Quais as estratégias da gestão escolar edos docentes para a inclusão delas? Bem, a LDB já nos dá algumas pistas para docênciainclusiva, conforme veremos a seguir:Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com de�ciência,transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação;I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização especí�cos, paraatender às suas necessidades;II - terminalidade especí�ca para aqueles que não puderem atingir o nível exigido paraa conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas de�ciências, e aceleraçãopara concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados;III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, paraatendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitadospara a integração desses educandos nas classes comuns;IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida emsociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade deinserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos o�ciais a�ns,bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística,intelectual ou psicomotora;DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEV - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementaresdisponíveis para o respectivo nível do ensino regular. (BRASIL, 1996, [s. p.])Já percebemos no inciso I que a docência inclusiva a parte do princípiode que cada aluno éúnico e que, se necessário, o professor deverá adaptar todos seus instrumentos de atuação,desde o currículo até sua didática, para atender os alunos com de�ciência. Por isso que éfundamental que você rompa com a ideia, muito forte na educação tradicional, de que o docenteprepara aulas de maneira universal, que atenda a todos. Isso é inviável e pode, inclusive, violar odireito à educação.Outra ação importante do docente no que refere à educação mais inclusiva é a sua formação.Hoje a LDB obriga que os cursos de formação de professores tenham aulas sobre educaçãoinclusiva, mas pode ser que essas aulas não sejam su�cientes, dado que há muitas de�ciênciasdistintas. Por isso, cabe à escola oferecer programas de educação continuada que trate do tema.E, por �m, é muito importante que cada professor em formação ressigni�que suas crenças sobrepessoas com de�ciências físicas e intelectuais. Lembre-se: cada um desses alunos é sujeito dedireito, inclusive sujeito à permanência na escola. E, como professor, será seu papel garantir essedireito à educação de qualidade, e a permanência desse aluno na escola.De que forma você pensa que pode colaborar, como futuro o docente, a �m de contribuir paraque esse aluno esteja a motivado o na escola, de modo que ele não se sinta marginalizado eestigmatizado e que, principalmente, ele atribua sentido ao ir à escola? É disso que vamos tratarno próximo bloco.Aprendizagem e de�ciênciasDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEHá, no imaginário social, uma percepção pseudocientí�ca de que crianças de�cientesintelectuais não aprendem. Essa é uma crença e um mito que não tem nenhuma base cientí�ca.Crianças com de�ciências intelectuais aprendem. Eles têm, sim, potencial de aprendizagem. Oque você, futuro professor, precisa entender, é que cada criança, com ou sem de�ciência,aprende de maneiras diferentes, e que o seu desa�o é conhecer esses estilos de aprendizagem.Lembre-se: o desenvolvimento humano e a aprendizagem não são lineares. O desenvolvimentonão ocorre em estágios evolutivos, do “pior” para o “melhor”. Veja como Vigotski (2001, p. 177)critica essa ideia evolucionista da aprendizagem:As idades críticas são separadas por estágios. Elas são os pontos de virada dodesenvolvimento, que mais uma vez provam que o desenvolvimento infantil é umprocesso dialético, em que a transição de uma fase para outra ocorre não de ummodo evolucionário, mas revolucionário. Até se a idade crítica não fosse descobertausando o método empírico, suas de�nições deveriam ter sido colocadas no esquemade desenvolvimento com base na análise teórica.Entender que a aprendizagem não é linear pode ajudar você a construir um novo olhar emrelação aos alunos de�cientes, pois rompe com outra ideia também pseudocientí�ca, a de queos alunos precisam estar no “mesmo nível de aprendizagem”. Esse conceito não tem basecientí�ca. Qualquer sala de aula é multinível. Veja, não há um desenvolvimento “normal” ou umdesenvolvimento “desviante”. Na formação da sua identidade docente, rompa com essespadrões, porque eles causam estigmas e marginalizam o aluno de�ciente. O desenvolvimento éindividual e não há um padrão único.No senso comum, é recorrente uma visão longitudinal do desenvolvimento, baseado na idadecronológica. Isso levou a uma percepção equivocada de que haveria um nível dedesenvolvimento que o aluno deveria atingir em cada idade. Essa é também uma forma deapagar a individualidade do aluno e de marginalizar aqueles que não “atingem esse estágio”.Para Vigotski (2001), o desenvolvimento é construído nas relações sociais. A LDB tem uma basena pedagogia do autor, porque pressupõe que o aluno de�ciente deve ser incluído na educaçãoregular e interagir com outros alunos para que a aprendizagem ocorra.Para o autor, o desenvolvimento psicológico é movido por um momento que ele chama de crise,ou seja, momento de ampla ruptura do funcionamento psíquico no aluno quando, ele vive umsalto qualitativo, de caráter revolucionário, não linear. Esse movimento é mediado pelasinterações, pela cultura, pela linguagem e, no limite, pelo professor. Essas crises que geramdesenvolvimento não são genéticas, não são dados biológicos do indivíduo, mas são de�nidaspela qualidade das interações sociais, pelos estímulos e pelas relações estabelecidas peloindivíduo (MESHCHERYAKOV, 2010).Dessa forma, ao receber alunos com de�ciências na sua sala de aula, deixe de lado a ideia deque esse aluno não tem potencial para aprender, e se preocupe com as interações que eleestabelece com você, com os demais atores escolares e com o conhecimento.Videoaula: Educação inclusivaDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEEste conteúdo é um vídeo!Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelocomputador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativopara assistir mesmo sem conexão à internet.Estudante, não é prazeroso poder superar os mitos que temos a respeito da educação? Não ébom entender que não há um desenvolvimento linear? Isso nos possibilita encarar a questão dainclusão sob um aspecto muito mais humanizado, sem �car supondo a existência de padrões dedesenvolvimento. E então, que tal discutirmos mais isso? Assista ao vídeo a seguir.Saiba maisVocê sabia que o Brasil tem um Estatuto da Pessoa com De�ciência? E que ele tem artigosespecí�cos sobre educação? Então, sugerimos que você leia os artigos 27 a 30 dessa lei.BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015.Referênciashttps://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htmDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEBRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educaçãonacional. Brasília/DF: Presidência da República, 1996. Disponível em:https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 11 jan. 2023.BRASIL. Ministério da Educação. Programa Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais.Brasília/DF: MEC, [s. d.]. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/expansao-da-rede-federal/194-secretarias-112877938/secad-educacao-continuada-223369541/17430-programa-implantacao-de-salas-de-recursos-multifuncionais-novo. Acesso em: 11 jan. 2023.MESHCHERYAKOV, B. G. Ideias de L. S. Vigotski sobre a ciência do desenvolvimento infantil.Psicologia USP [online], v. 21, n. 4, p. 703-726, 2010. Disponível em:https://doi.org/10.1590/S0103-65642010000400004. Acesso em: 12 jan. 2023. VIGOTSKI, L. S. Psicologia, educação e desenvolvimento. São Paulo: Expressão Popular, 2001.Aula 4Educação inovadoraIntroduçãohttps://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htmhttp://portal.mec.gov.br/expansao-da-rede-federal/194-secretarias-112877938/secad-educacao-continuada-223369541/17430-programa-implantacao-de-salas-de-recursos-multifuncionais-novohttp://portal.mec.gov.br/expansao-da-rede-federal/194-secretarias-112877938/secad-educacao-continuada-223369541/17430-programa-implantacao-de-salas-de-recursos-multifuncionais-novohttp://portal.mec.gov.br/expansao-da-rede-federal/194-secretarias-112877938/secad-educacao-continuada-223369541/17430-programa-implantacao-de-salas-de-recursos-multifuncionais-novohttps://doi.org/10.1590/S0103-65642010000400004DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEA sala de aula deve ser o espaço do desenvolvimento integral do estudante, e caberá a você,futuro professor, criar as condições para esse processo. A tradicional aula, na qual o professorestá à frente da classe, escrevendo na lousa e esperando que os alunos reproduzam aquilo queele ensina, não é capaz de efetivamente promover transformações sociais signi�cativas.Contudo, há diversas outras metodologias de ensino e aprendizagem capazes de colocar o alunocomo protagonista em sala de aula e prepará-lo para ser agente transformador de sua própriavida. Nesta aula vamos pensar justamente sobre isso. Vamos ensinar você, futuro professor, adesenvolver um plano de aulabaseado em metodologias inovadoras de ensino e aprendizagem.Além disso, mostraremos como você pode usar a criatividade a seu favor, para fugir da aulatradicional e tornar sua aula um momento instigante para todos.Metodologias ativasDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEPara começar nossa re�exão, observe esta imagem:DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEFigura 1 | Sala de aula. Fonte: Freepik.DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTENela observamos o uso da tecnologia em sala de aula. E, de fato, a tecnologia tem sidoassociada a uma prática docente inovadora, adaptativa e criativa. Contudo, tecnologias sãoapenas ferramentas de aprendizagem, e não são elas que transformam a atividade docente emalgo efetivamente transformador para o aluno.Veja, podemos planejar as aulas com tecnologias de ponta e, ainda assim, nossa aula pode serextremamente tradicional. Isso ocorre porque aquilo que efetivamente muda nossas aulas énossa percepção sobre a aprendizagem, não os instrumentos que usamos.A escola tradicional sempre priorizou a educação reprodutora e disciplinadora, associando aaprendizagem com um comportamento passivo do aluno. Essa é uma percepçãopseudocientí�ca, que precisa ser superada. Aprender não tem relação com estar sentado emuma carteira, em silêncio e olhando para o docente. Aprender é, segundo Almeida (2002, p. 157):entender, organizar, armazenar e evocar a informação. São processos cognitivosbásicos a qualquer aprendizagem e realização cognitiva. […]. Assumindo-seaprendizagem não como mero registo de informação, mas como construção deconhecimento, certo que sem esse registo não se avança no conhecimento. (grifosnossos)Conforme podemos veri�car, a aprendizagem envolve essas quatro operações cognitivas. Todaselas, atuando juntas, possibilitam que o aluno atribua sentido à aprendizagem.Vamos pensar juntos em um exemplo. Suponha que você seja um professor do primeiro ano eestá dando aula de ciências baseada na unidade temática “Vida e Evolução”, nos seguintesobjetos de conhecimento: “Corpo humano” e “Respeito à diversidade”. A habilidade que você estátrabalhando é:“(EF01CI04) Comparar características físicas entre os colegas, reconhecendo adiversidade e a importância da valorização, do acolhimento e do respeito àsdiferenças.” (BRASIL, 2017, [s. p.]).Como preparar essa aula de forma a gerar sentido para os alunos?Para isso você pode utilizar metodologias ativas em vez de utilizar a típica aula expositiva.Vamos utilizar, por exemplo, a aula invertida. Os alunos devem trazer a aula preparada de casa esão eles que ministram a aula, não você. Talvez você esteja pensando: mas alunos dos primeirosanos darão aula?Isso mesmo!Peça que os alunos, em casa, preparem cartazes sobre o tema. Divida-os em grupos. Uma partefazer trazer imagens e informações de diferentes sistemas do corpo humano, e outra parte daturma apresentará imagens com pessoas diferentes: negros, brancos, cadeirantes, mulheres,crianças, idosos etc.Depois que os alunos apresentarem as informações e os cartazes, daí você poderá trazer umaproblematização:Nossa aparência é diferente, mas os sistemas do nosso corpo funcionam de maneiradiferente?Por que nossa aparência é diferente?DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEPor que é tão importante valorizar a diversidade?Deixe que os alunos tragam suas respostas, de forma lúdica, e oriente as respostas, mostrando aimportância de as pessoas serem diferentes e como a diferença é enriquecedora.Docência criativaA docência criativa implica ações por parte dos docentes no sentido de recriar as práticas deensino e aprendizagem. Para entender isso, vamos utilizar a aula do bloco anterior, no qual oprofessor utilizou a aula invertida.Por meio dessa estratégia de aula, o professor deu espaço de protagonismo para seus alunos.Contudo, ele pode ir além. Esse professor pode propiciar condições para que sua aula tambémincentive os alunos a se colocarem como agentes de transformação na sua própria vida e navida em sociedade.DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEHá muitas formas de fazer isso, e é fundamental que as escolas ultrapassem seus própriosmuros para que as crianças realmente entrem em contato com a comunidade, aprendam aidenti�car problemas sociais e criar estratégias para solucioná-los.Nesse caso, suponha um projeto que envolva uma Instituição de Longa Permanência para Idoso(ILPIs) – os antigos asilos. Faça com seus alunos uma visita a uma ILPI. Em sala de aula, a partirda habilidade (EF01CI04) supramencionada, peça que os alunos identi�quem alguns problemasvividos por aqueles idosos. Talvez eles mencionem dor física, doenças, medo da morte, solidão,saudades da família, por exemplo. Em seguida, peça que seus alunos identi�quem uma ação quepodem fazer para ajudar os idosos. Talvez eles mencionem ações que não são possíveis dentroda realidade escolar, mas os ajude a pensar em atividades lúdicas: as crianças podem cantarpara os idosos, apresentar uma peça de teatro, cozinhar algo diferente, en�m. Suponha que elesescolham montar uma peça teatral. Então eles mesmos podem criar a narrativa e encenar.Você consegue perceber a diferença entre essa atividade simples e aquelas da escolatradicional? Note que nossa proposta é permitir que os alunos façam escolhas – e não escolhasaleatórias, mas a partir de um problema percebido por eles mesmos.A vida em sociedade é complexa. Esses alunos, quando adultos, enfrentarão problemasdiariamente e terão que criar soluções e tomar decisões diante desses problemas. Uma escolaque apenas reproduz informações, de forma mecânica, prepara mal o aluno para enfrentar omundo da vida. Esse aluno pode acabar tendo uma atitude passiva diante de suas experiências.É por isso que atualmente se fala tanto na aprendizagem baseada em problemas. Esse métodoé, segundo Borochovicius e Tortella (2014, p. 273):[…] uma estratégia educacional e uma �loso�a curricular, em que os discentesautodirigidos constroem o conhecimento de forma ativa e colaborativa e aprendemde forma contextualizada, apropriando-se de um saber com signi�cado pessoal. Nãoé um método que possa ser utilizado de forma isolada em determinadas disciplinas eestá fundamentado nos princípios sobre os quais se baseia o processo deaprendizagem, com implicações e determinações sobre todas as dimensõesorganizacionais do processo educacional.Essa metodologia é baseada na psicologia cognitiva e no construtivismo e nasceu nos bancosdos cursos de Medicina, contudo, como mostraremos nos próximos blocos, pode serperfeitamente aplicada à educação básica.Aprendizagem com metodologias ativasDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEA aula baseada em metodologias ativas costuma se fundamentar principalmente na resoluçãode problemas. Para Dewey (1959, apud BOROCHOVICIUS; TORTELLA, 2014), a aprendizagem seinicia pelo reconhecimento do problema e suas características, e termina com sua resolução.Suponha, por exemplo, uma aula sobre o ciclo da chuva. Você pode problematizar com os alunosos problemas da falta de água e pedir soluções para eles. Os autores apresentam as operaçõescognitivas que são determinantes neste momento:Figura 2 | Operações cognitivas envolvidas na aprendizagem baseada em problemas. Fonte: elaborada pela autora.Você consegue perceber que essa é justamente a lógica do pensamento cientí�co? Suponhaagora que um professor do ensino médio que leciona História está ensinando para seus alunos oDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEprocesso colonizador. Ele deseja que seus alunos pensem re�exivamente as consequênciasdesse processo e como elas são visíveis até hoje. O objetivo é fazer os alunos pensarem comoos povos indígenas continuam lutando pelo direito originário à terra. Neste caso, o professorprecisa despertar o questionamento crítico da realidade. E quais são as operações cognitivasenvolvidas?Segundo Borochovicius e Tortella (2014, p. 269) são elas:“O pensamento re�exivo se inicia com questionamentos, que originam o ato depensar e se encerra com a realização de uma pesquisa, cujo objetivo é encontrarrespostas para as indagações.”Novamente se faz presente o método cientí�co, baseado na pesquisa e na busca de dados.Ao ensinar o método cientí�co você prepara seu aluno para olhar o mundo de uma nova maneira.Ele vai aprender que algo só é considerado um fato ou uma verdade se ele trouxer dados eembasamentos. Com isso você ensinará seu aluno a pensar de forma racional e lógica sobre arealidade. Suponha, então, o exemplo a seguir.Figura 3 - Aula de Geogra�a para o 4º ano. Fonte: elaborada pela autora.Você começa a aula falando da migração dos venezuelanos para a cidade de Boa Vista, e mostracomo moram em barracas perto da rodoviária. Você pede que seus alunos investiguem o tema.Essas são as etapas que devem ser seguidas:1. Apresente o problema, com imagens e dados estatísticos. Mostre, por exemplo, quantosvenezuelanos chegam por mês ao país.2. Identi�cação do problema. Aqui, você pode apresentar a crise econômica no país e falardas questões políticas.3. Solicite que os alunos apresentem soluções. Problematize cada solução apresentada.4. Experimentação das soluções para sua validação. Na área de ciências exatas aexperimentação é mais comum e atividade cotidiana, mas a validação pode ocorrer pordiversas outras formas em ciências humanas, como busca de dados públicos, avaliaçãodas políticas públicas, entrevistas por telefone com secretários municipais; en�m, hámuitas formas de realizar essa experimentação.5. Proposição de uma solução. Aqui os alunos organizarão todos os dados obtidos eproporão uma ou duas soluções.No seu campo de estágio, fale com seu supervisor e sugira uma aula baseada em problemas.Será divertida!DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEVideoaula: Educação inovadoraEste conteúdo é um vídeo!Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelocomputador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativopara assistir mesmo sem conexão à internet.Estudante, você tem vontade de superar as aulas tradicionais e criar aulas mais divertidas einstigantes? Não é bom ouvir que o aluno gosta da sua aula, porque ele participa e se senteenvolvido? Então continue conosco e assista a essa videoaula que trata das metodologias ativase da aprendizagem baseada em problemas.Saiba maisA aprendizagem baseada em problemas tem o potencial de tornar sua aula muito estimulante ecuriosa. Que tal aprender mais sobre isso? Então leia o artigo indicado a seguir.Aprendizagem Baseada em Problemas: um método de ensino-aprendizagem e suas práticaseducativas.https://www.scielo.br/j/ensaio/a/QQXPb5SbP54VJtpmvThLBTc/abstract/?lang=pthttps://www.scielo.br/j/ensaio/a/QQXPb5SbP54VJtpmvThLBTc/abstract/?lang=ptDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEReferênciasALMEIDA, L. S. Facilitar a aprendizagem: ajudar aos alunos a aprender e a pensar. Psicol. Esc.Educ., v. 6, n. 2,dez.2002. Disponível em:https://www.scielo.br/j/pee/a/cGwP8VQynhXsDDdcXCsRK3R/?lang=pt#. Acesso em: 17 jan.2023.BOROCHOVICIUS, E.; TORTELLA, J. C. B. Aprendizagem Baseada em Problemas: um método deensino-aprendizagem e suas práticas educativas. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas emEducação, v. 22, n. 83, jun. 2014. Disponível em:https://www.scielo.br/j/ensaio/a/QQXPb5SbP54VJtpmvThLBTc/abstract/?lang=pt. Acesso em:17 jan. 2023.BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Curricular Comum. Brasília/DF: Ministério daEducação, 2017. Disponível em:http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versao�nal_site.pdf.Acesso em: 17 jan. 2023.Aula 5Revisão da unidadeA alteridade em sala de aulahttps://www.scielo.br/j/pee/a/cGwP8VQynhXsDDdcXCsRK3R/?lang=pthttps://www.scielo.br/j/ensaio/a/QQXPb5SbP54VJtpmvThLBTc/abstract/?lang=pthttp://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdfDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTENesta unidade, falamos sobre as políticas educacionais de inclusão e, nesse sentido, pensamosa alteridade em sala de aula. Você, futuro professor, ao longo da sua carreira, entrará em contatocom a diversidade da sociedade brasileira e é fundamental que você reconheça como essadiversidade enriquece nossa sociedade, cultura e, claro, sua aula. Para entender melhor ainclusão da alteridade em sala de aula, vamos utilizar a perspectiva de Gordin, Pinezi e Menezes(2020, p. 611):“O conceito de alteridade aqui utilizado é o que articula a diferença, a identidade e ooutro em uma perspectiva relacional. Alteridade, diferença e identidade são conceitos�uidos que pressupõem não essencialização ou �xidez, mas relações sociais”.A alteridade é aquilo que o “eu” reconhece como o “outro”, porque é diferente.A diferença não pode ser invisibilizada em sala de aula. A constituição de uma sala de aulainclusiva implica na prática da tolerância ativa, aquela que reconhece que cada aluno, em suasingularidade, é essencial para a sociedade e, claro, para sua aula. Gordin, Pinezi e Menezes(2020) explicam que uma sala de aula efetivamente inclusiva exige práticas educativas quepromovam a interculturalidade no espaço escolar. Um docente que deseja incentivar ainterculturalidade em sua sala de aula deve ser capaz de articulação entre alteridade, identidadee diferença, construindo um contexto sociocultural e de valorização das relações.Certamente um dos maiores desa�os do professor de educação básica atualmente é a inclusãode crianças e adolescentes com de�ciências intelectuais em sua sala de aula. A Lei de DiretrizesDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEe Bases da Educação Nacional é um avanço incrível nessa área, porque garante às crianças comde�ciência intelectual o direito à educação na rede regular de ensino. Mas essa incrível políticanem sempre veio acompanhada de políticas educacionais de formação continuada paraprofessores e há uma lacuna na formação docente em relação à educação especial, que deveriaser propiciada pelas escolas.Contudo, conforme você aprendeu nesta unidade, é fundamental que você ressigni�que todosenso comum sobre de�ciências intelectuais e veja o enorme potencial de aprendizado de todacriança! Além disso, lembre-se que você, como docente, não é protagonista em sala de aula, massim seus alunos e que, mais do que memorizar conteúdos, seus alunos precisam aprender ométodo cientí�co, aprender a problematizar e a criar estratégias diante do seu enfrentamento darealidade.A docência inclusiva é aquela que percebe que o espaço da aula é uma troca e que o professornão tem o monopólio do saber. Construa relações de compartilhamento de aprendizagens comseus alunos e respeite a singularidade de cada um.Videoaula: Revisão da unidadeEste conteúdo é um vídeo!Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelocomputador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativopara assistir mesmo sem conexão à internet.O tema da inclusão causa ainda muita polêmica no Brasil, especialmente porque faltam políticaspúblicas educacionais para preparar a gestão escolar e os docentes para uma inclusão queefetivamente garanta o direito à educação. Assim, neste vídeo, vamos pensar juntos sobreestratégias de inclusão que promovam a docência inclusiva! Vamos aprender mais?Estudo de casoDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEImagine que você está começando a sua carreira como professor e sua primeira sala de aula éuma turma de primeiro ano do Ensino Fundamental. Você é informado que há uma criançadiagnosticada com Transtorno do Dé�cit de Atenção com Hiperatividade(TDHA). Talvez você sesinta inseguro e não há nenhum problema nisso! Contudo, o mais importante é o planejamentoda sua aula, que envolve o conhecimento das necessidades educacionais especiais dessealuno.Isso implica em realizar pesquisas em fontes cientí�cas sobre esse tema e conhecer asdemandas de aprendizagem dos alunos com o laudo de TDAH. Rohde et al. (2000, p. 7) de�neque os principais sintomas desse transtorno são, dentre outros:[...] di�culdade de prestar atenção a detalhes ou errar por descuido em atividadesescolares e de trabalho; di�culdade para manter a atenção em tarefas ou atividadeslúdicas; parecer não escutar quando lhe dirigem a palavra; não seguir instruções enão terminar tarefas escolares, domésticas ou deveres pro�ssionais; di�culdade emorganizar tarefas e atividades; evitar, ou relutar, em envolver-se em tarefas que exijamesforço mental constante; perder coisas necessárias para tarefas ou atividades.A partir do conhecimento dos sintomas e seus desdobramentos para a aprendizagem, vocêpoderá planejar a sua ação docente. Nesse momento, dispa-se de qualquer preconceito e saibaque essa criança tem um amplo potencial de aprendizagem.A Associação Brasileira do Dé�cit de Atenção (2023) nos informa sobre algumas práticas quepodem ajudar na aprendizagem de alunos com TDAH.1. Dividir tarefas em partes.2. Seguir uma ordem para a aula, que será apresentada no início e seguida diariamente.DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTE3. Utilizar diversas estratégias de ensino e aprendizagem (oral, escrever na lousa, slides,brincadeiras, projetos especiais, informações visuais, etc.).4. Criar pastas coloridas para organizar tarefas e oferecer material pronto para armazenar.5. Organizar as tarefas do dia em checklists.�. Reduzir ruídos e distrações visuais e reduzir o número de materiais de carteira do aluno.7. Aplicar técnicas multissensoriais de aprendizagem e trabalhos em equipe.�. Repetir instruções, sempre que necessário.9. O professor deve indicar que o aluno se sente perto dele e o docente deve sempre mantercontato visual com o aluno com TDHA.Claro que há muitas outras orientações, mas essas serão importantes para nossa “mão namassa”, que virá a seguir. Re�itaAgora que você entendeu o que o Transtorno do Dé�cit de Atenção com Hiperatividade(TDHA),conhece seus sintomas e sabe que esse transtorno impacta na aprendizagem, já entende que épreciso considerar esse aluno em sua singularidade ao preparar a sua aula. Como você sabe, oplanejamento já faz parte da rotina semanal de qualquer professor, mas, no caso de haver alunoscom de�ciência intelectual, é preciso um planejamento especí�co para cada aluno e para cadade�ciência.Assim, para essa resolução do estudo de caso, convidamos você, futuro professor, a pensarsobre um plano de aula para seu aluno com TDHA. Para isso, acesse a BNCC, escolha uma áreado conhecimento, uma unidade temática, um objeto de conhecimento e habilidades e faça seuplanejamento, considerando as necessidades especiais de aprendizagem, e elabore seu plano deaula.Videoaula: Resolução do estudo de casoEste conteúdo é um vídeo!Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelocomputador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativopara assistir mesmo sem conexão à internet.Para começar a resolução do nosso estudo de caso, precisamos lembrar o que deve ser incluídoem um plano de aula:1. Público-alvo.2. Tema da aula, conforme a BNCC.3. Conteúdo a ser abordado.4. Habilidade a ser desenvolvida, conforme a BNCC.DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTE5. Objetivo a ser alcançado.�. Recursos didáticos (lousa, slides, computadores, laboratório, biblioteca, etc.).7. Metodologia de ensino e aprendizagem.�. Avaliação.9. Referências bibliográ�cas.Você está planejando uma aula de Matemática para sua turma de primeiro ano. Suponha quevocê escolheu a unidade temática Números e os seguintes objetos de conhecimento da BNCC:Contagem de rotina Contagem ascendente e descendente.Reconhecimento de números no contexto diário: indicação de quantidades, indicaçãode ordem ou indicação de código para a organização de informações. (BRASIL, 2018,p. 278)E imagine, ainda, que você tenha escolhido essas habilidades:(EF01MA02) Contar de maneira exata ou aproximada, utilizando diferentesestratégias como o pareamento e outros agrupamentos.(EF01MA03) Estimar e comparar quantidades de objetos de dois conjuntos (em tornode 20 elementos), por estimativa e/ou por correspondência (um a um, dois a dois)para indicar “tem mais”, “tem menos” ou “tem a mesma quantidade”. (BRASIL, 2018,p. 279)De que forma podemos trabalhar todos esses conteúdos com um aluno com TDAH? Paracomeçar essa aula, lembre-se que esse aluno pode ter di�culdades em focar a sua atenção emuma mesma atividade por muito tempo, dessa forma, sua METODOLOGIA deve variar comfrequência. Assim, o que muda no seu plano de aula para uma criança com TDAH são as práticasmetodológicas, ou seja, as ações que se focam no ensinar e no aprender.Que tal utilizar metodologias ativas? Comece a sua aula na quadra ou no jardim da escola. Antesda chegada dos alunos, espalhe blocos coloridos por todo o espaço que será utilizado. Entreguesacolas ou cestas aos alunos e permita que eles peguem quantas peças puderem, no menorespaço de tempo. Quando terminarem, leve-os para a sala de aula e peça que desenhem aspeças que pegaram e os incentive a contar quantas foram.Parece bem simples, não é mesmo? Mas isso faz sentido para uma criança com TDHA essamudança rápida de atividade, de forma a não exigir que ela tenha que manter a concentração emuma mesma coisa por muito tempo.Esse é apenas um exemplo. Na sua carreira docente, certamente você terá a oportunidades deconhecer muitas crianças e desenvolver metodologias que ajudem cada uma delas a aprender.Resumo visualDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEFigura 1 |Conceitos centrais na educação inclusiva. Fonte: elaborada pela autora.Figura 2 | Metodologias inovadoras. Fonte: elaborada pela autora.ReferênciasDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DÉFICIT DE ATENÇÃO. Ajustes, adaptações e intervenções básicaspara alunos com TDAH. Disponível em: https://tdah.org.br/ajustes-adaptacoes-e-intervencoes-basicas-para-alunos-com-tdah/. Acesso em: 22 jan. 2023. BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC): educação é a base. Brasília, DF:MEC/CONSED/UNDIME, 2018. Disponível em:http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_publicacao.pdf. Acesso em: 19 jan. 2023.GONDIN, J. S.; PINEZI, A. K. M.; MENEZES, M. A. de. Alteridade e interculturalidade na escola: umestudo etnográ�co sobre estudantes bolivianos em São Paulo. Revista Brasileira de EstudosPedagógicos, v. 101, n. 259, set. 2020. Disponível em:https://www.scielo.br/j/rbeped/a/NSbNpxTJbjyByKhmZYZjKYs/#ModalHowcite. Acesso em: 22jan. 2023.ROHDE, L. A. et al. Transtorno de dé�cit de atenção/hiperatividade. Brazilian Journal ofPsychiatry, v. 22, n. suppl 2, dez. 2000. Disponível em:https://www.scielo.br/j/rbp/a/zsRj5Y4Ddgd4Bd95xBksFmc/?lang=pt#ModalHowcite. Acessoem: 22 jan. 2023.,Unidade 4A Organização do Trabalho e da Rotina do Docentehttps://tdah.org.br/ajustes-adaptacoes-e-intervencoes-basicas-para-alunos-com-tdah/https://tdah.org.br/ajustes-adaptacoes-e-intervencoes-basicas-para-alunos-com-tdah/https://www.scielo.br/j/rbeped/a/NSbNpxTJbjyByKhmZYZjKYs/#ModalHowcitehttps://www.scielo.br/j/rbp/a/zsRj5Y4Ddgd4Bd95xBksFmc/?lang=pt#ModalHowciteDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEAula 1Pro�ssão docente no século XXIIntroduçãoOlá, estudante!Bem-vindo à disciplina Identidade Docente. Nesta unidade, vamos falar sobre a organização dotrabalho e a rotina docente. Nesta primeira aula, vamos tratar do tema planejamento pedagógico,sua importância e etapas pensadas dentro da complexidade das transformações sociais queimpactam diretamente sobre a atividade docente e, como consequência, sobre a construção daprópria identidade do professor. Nesse sentido,o planejamento pedagógico exerce um papelfundamental, pois orienta e organiza a prática escolar de maneira a alinhar o conteúdo curricularà estrutura educacional brasileira, ao mesmo tempo que permite ao professor pensar essaquestão dentro das particularidades onde está inserido, garantindo espaço de autonomia aopro�ssional que, mais que um produtor e executor de aulas, é um agente de transformaçãosocial. Eu convido você a seguir comigo neste caminho!Identidade docente: uma visão geralDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEO dicionário Oxford (2022) de�ne identidade como o “conjunto de características que distinguemuma pessoa ou uma coisa e por meio das quais é possível individualizá-la”. Porém, enquantoconceito, é preciso ampliarmos essa de�nição. Segundo Patrick Charaudeau (2009, p. 310):a identidade é o que permite ao sujeito tomar consciência de sua existência, o que sedá através da tomada de consciência de seu corpo (um estar-aí no espaço e notempo), de seu saber (seus conhecimentos sobre o mundo), de seus julgamentos(suas crenças), de suas ações (seu poder fazer). A identidade implica, então, atomada de consciência de si mesmo.Identidade é uma construção ao mesmo tempo individual e social, pois existimos em contextosculturalmente especí�cos e historicamente determinados. É também um processo relacional econtínuo de identi�cação e diferenciação com outras pessoas e grupos sociais que ocorreatravés da socialização. Por isso, podemos dizer que a identidade individual é uma síntese demúltiplas identidades sociais. Na família, somos pais, mas também somos �lhos e apredominância de uma identidade varia segundo a situação estabelecida; e essa dinâmica demediação entre a estruturasocial e o comportamento individual se reproduz em todos os gruposdos quais fazemos parte. Logo, se a identidade é um processo contínuo e permanente deelaboração individual construído socialmente, como podemos de�nir a identidade docente?A docência é a identidade de um grupo que partilha o exercício de uma atividade pro�ssionalelaborada a partir do signi�cado social dessa pro�ssão, seu papel, sua história, características econtradições:DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEuma construção social marcada por múltiplos fatores que interagem entre si,resultando numa série de representações que os docentes fazem de si mesmos e desuas funções, estabelecendo, consciente ou inconscientemente, negociações dasquais certamente fazem parte de suas histórias de vida, suas condições concretas detrabalho, o imaginário recorrente acerca dessa pro�ssão (GARCIA; HYPOLITO; VIEIRA,2005, p. 54-55).Historicamente, o modelo escolar foi estruturado para atender às demandas da sociedadeindustrial. As necessidades impostas à mão de obra pelo capitalismo abriram a escola a umnúmero amplo e diverso de alunos que deveriam atingir resultados semelhantes ao �nal de suatrajetória escolar. Para isso, a organização escolar seguiu o modelo organizacional do trabalhoprodutivo aplicado nas empresas, o que levou à burocratização, padronização e controle dotrabalho do professor. Para Tardif e Lessard (2005), esses mecanismos estranhos à atividadedocente levaram à proletarização do trabalho do professor, transformando-o em mero executorde decisões tomadas em outras instâncias.Muitas mudanças se seguiram desde a construção desse modelo escolar. Hoje, o professor atuaem um mundo multifacetado, marcado por rápidas e profundas transformações decorrentes doprocesso de globalização que impactam sobre a identidade docente. Longe da visão simplistado professor como o detentor do conhecimento ou mero fazedor de aulas, o professor seconstrói como sujeito pro�ssional na relação entre a sua subjetividade e a complexidade darealidade escolar inserida em múltiplos e variados contextos sociais, culturais, políticos eeconômicos. Diante disso, como pensar a formação do pro�ssional docente diante das múltiplasdemandas da sociedade contemporânea de forma crítica e a�nada com os ideais democráticosde formação dos alunos para a inserção no mundo do trabalho e, principalmente, para o exercícioda cidadania?A BNCC e o planejamento pedagógicoDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEElaborar um planejamento pedagógico não é uma tarefa simples. Com o objetivo de orientar asescolas nessa tarefa, em 2017 foi homologada a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), umdocumento estabelecido pelo Ministério da Educação (MEC) que orienta os currículos e práticaspedagógicas das redes públicas e particulares de ensino de todo o país:A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de caráter normativoque de�ne o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todosos alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da EducaçãoBásica, de modo a que tenham assegurados seus direitos de aprendizagem edesenvolvimento, em conformidade com o que preceitua o Plano Nacional deEducação (PNE). (BRASIL, 2018)A BNCC é um instrumento que orienta a dinâmica escolar ao de�nir os conhecimentosesperados dos estudantes ao longo de cada fase; ao mesmo tempo, contribui para oalinhamento das políticas públicas de educação nas esferas federal, estadual e municipal, ebaliza a qualidade da educação.A BNCC foi elaborada com o objetivo de reduzir as desigualdades educacionais historicamenteestruturadas, garantindo que todos tenham acesso aos mesmos conhecimentos:DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEO Brasil, ao longo de sua história, naturalizou desigualdades educacionais em relaçãoao acesso à escola, à permanência dos estudantes e ao seu aprendizado. Sãoamplamente conhecidas as enormes desigualdades entre os grupos de estudantesde�nidos por raça, sexo e condição socioeconômica de suas famílias. Diante dessequadro, as decisões curriculares e didático-pedagógicas das Secretarias deEducação, o planejamento do trabalho anual das instituições escolares e as rotinas eos eventos do cotidiano escolar devem levar em consideração a necessidade desuperação dessas desigualdades. (BRASIL, 2018)Nesse sentido, como pensar o planejamento pedagógico alinhado à BNCC? Segundo odocumento:Para isso, os sistemas e redes de ensino e as instituições escolares devem seplanejar com um claro foco na equidade, que pressupõe reconhecer que asnecessidades dos estudantes são diferentes. De forma particular, um planejamentocom foco na equidade também exige um claro compromisso de reverter a situaçãode exclusão histórica que marginaliza grupos – como os povos indígenas origináriose as populações das comunidades remanescentes de quilombos e demaisafrodescendentes – e as pessoas que não puderam estudar ou completar suaescolaridade na idade própria. Igualmente, requer o compromisso com os alunos comde�ciência, reconhecendo a necessidade de práticas pedagógicas inclusivas e dediferenciação curricular, conforme estabelecido na Lei Brasileira de Inclusão daPessoa com De�ciência (Lei nº 13.146/2015). (BRASIL, 2018)A BNCC prioriza uma educação plural, singular e integral dos sujeitos da aprendizagem ao de�nircomo objetivo da Educação Básica a formação e o desenvolvimento humano global emsuasdimensões intelectual (cognitiva) e afetiva, sendo a escola não apenas um espaço deaprendizado de conteúdos acadêmicos, mas de acolhimento, reconhecimento e desenvolvimentodos sujeitos em suas singularidades e diversidades, fortalecendo a formação para a cidadania ea democracia. Para isso, ela incentiva a construção de planos e práticas pedagógicas segundo arealidade social e cultural das escolas, promovendo o acesso às aprendizagens essenciais dosestudantes e garantindo a valorização e a presença da diversidade cultural no processoeducacional (BRASIL, 2018).Nós, professores, não temos di�culdade em compreender a importância dessas orientações.Mas a prática é mais complexa, não é mesmo? Então, como realizar essa articulação entre asorientações da BNCC no cotidianoda sala de aula?Como pensar o planejamento pedagógicoDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEChegou a hora de pensarmos a elaboração prática de um planejamento pedagógico alinhado àBNCC.Para Menengolla e Sant’Anna (2014), o planejamento é um procedimento útil e necessário, tantopara o professor como para o aluno, e“a educação, o ensino e toda a ação pedagógica devem ser pensados e planejados demodo que possam propiciar melhores condições de vida à pessoa” (MENENGOLLA;SANT’ANNA, 2014, p. 7).Na prática, o planejamento é a etapa de elaboração das diretrizes e atividades que a escola irárealizar para atingir os objetivos educacionais. Realizado em conjunto pela equipe escolar, eleestabelece as ações necessárias para o desenvolvimento do ano letivo, levando em contaelementos internos e externos. No plano interno, o planejamento pensa a composição do corpodocente, a infraestrutura da escola, os recursos materiais e �nanceiros necessários e osefetivamente disponíveis, os objetivos pedagógicos, etc. Mas a função social da escolaultrapassa seus muros e o planejamento deve considerar a relação da escola com a comunidade,seu contexto social, as exigências do mercado e dos governos, entre outras questões.Vamos pensar nas ações necessárias para a elaboração de um planejamento pedagógico viável?O ponto inicial é de�nir os objetivos a serem trabalhados pela escola ao longo do ano letivo. Essaetapa deve ser realizada com antecedência, pois esses objetivos guiarão a construçãopráticadas atividades e a identi�cação dos recursos necessários para sua execução. Nesse momento, éDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEinteressante retomar o planejamento anterior, buscando identi�car erros, acertos e di�culdadesno cumprimento dos objetivos propostos, realinhando metas e expectativas na relação entre osdesejos de fazer e as possibilidades concretas.Estabelecidos os objetivos, é preciso listar os recursos disponíveis e necessários segundo osobjetivos traçados, evitando dispêndio de recursos valiosos no cenário de escassez vivido pelasescolas Brasil afora. Essa lista deve conter todo tipo de recurso, tanto os mais concretos comoos �nanceiros, materiais e de recursos humanos, quanto os subjetivos, como sociais e de tempo.Pensando na perspectiva da educação integral e inclusiva, é importante que o planejamentopossa ouvir a comunidade escolar, de modo que os objetivos sejam traçados considerando asnecessidades de todos os envolvidos e segundo a realidade na qual a escola está inserida. Essaescuta incentiva o desenvolvimento de uma cultura escolar mais participativa, inclusiva edemocrática, permitindo que todos os envolvidos no processo educacional se sintampertencentes ao espaço. Conhecer o entorno em seus aspectos culturais, sociais e econômicosdá sentido à prática educativa ao criar uma conexão entre os conteúdos curriculares e saberesescolares e a vida das pessoas.De�nidos os objetivos com base na realidade concreta, nas experiências passadas e nosrecursos disponíveis e necessários, chegou a hora de de�nir as estratégias de ação para que osobjetivos sejam alcançados. É aqui que tudo se encontra. Não adianta traçar um plano de açãoque não possa ser executado. É preciso alinhar as expectativas às possibilidades e, para isso, éprudente traçar planos de ação de curto prazo que possam ser revistos, ajustados e ampliadosno decorrer do processo. O acompanhamento próximo e constante permite reorientaçõesrápidas, tornando o processo todo mais e�ciente ao evitar que os problemas sejam identi�cadosapenas no �nal do ano. Mas, isso tudo perderá o sentido se a equipe não estiver alinhada. Porisso, é fundamental seguir o planejamento, evitando desvios não planejados que podemcomprometer os resultados pedagógicos.Plano traçado, pode-se estabelecer o cronograma, de�nindo as datas de início e �m do anoletivo, os dias a serem contabilizados, as datas comemorativas, recessos, feriados, reuniõespedagógicas, conselhos de classe, reuniões de pais, entre outras necessidades práticas. Aquientra a formação da grade horária segundo a matriz curricular de cada fase do ensino e alegislação. Deve-se levar em consideração também as avaliações e projetos escolares(referentes às disciplinas especí�cas ou projetos conjuntos), bem como propostas de formaçãocontinuada para professores e demais integrantes da equipe escolar.Videoaula: Pro�ssão docente no século XXIEste conteúdo é um vídeo!Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelocomputador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativopara assistir mesmo sem conexão à internet.DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTENesta videoaula, vamos explorar um pouco mais a estruturação de um bom planejamentopedagógico que tenha como guia as proposições e orientações dispostas na Base NacionalComum Curricular. Longe de promover um engessamento das possibilidades de ação da escola,a BNCC permite que as diversidades culturais sejam inseridas nos planos de ação de forma aconstruir uma educação democrática e cidadã. Lembre-se que conhecimento é conexão desentidos. Por isso, tome um tempo para assistir à aula com atenção para que possa elaborar eassimilar todos os conteúdos aqui abordados.Saiba maisNa rede mundial de computadores é possível encontrar uma in�nidade de materiais disponíveissobre as mais diversas temáticas. Mas, em um mundo de desinformação sistemática, comosaber se as fontes são con�áveis?No campo da Educação, o site Nova Escola atua como um porto seguro para aquelesinteressados na temáticaA Associação Nova Escola é uma organização de impacto social sem �ns lucrativos, criada em2015, e mantida pela Fundação Lemann, com o objetivo de fortalecer professores da EducaçãoBásica em suas práticas, contribuindo para a melhoria da aprendizagem e do desenvolvimentodos estudantes. A Nova Escola é uma plataforma digital da Associação que produz reportagens,cursos autoinstrucionais, formações, planos de aula e materiais educacionais de acesso gratuito.Vale a pena conhecer o conteúdo disponibilizado, tenho certeza de que você encontrará muitacoisa interessante, tanto para seus estudos como para sua prática docente. Acesse a plataformada Nova Escola.https://novaescola.org.br/https://novaescola.org.br/DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEReferênciasBRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.CHARAUDEAU, P. Identidade social e identidade discursiva, o fundamento da competênciacomunicacional. PIETROLUONGO, M. (org.). O trabalho da tradução. Rio de Janeiro: Contra Capa,2009, p. 309-326. Disponível em: http://www.patrick-charaudeau.com/Identidade-social-e-identidade.html Acesso em: 13 dez. 2022.GARCIA, M. M. A.; HYPOLITO, Á. M.; VIEIRA, J. S. As identidades docentes como fabricação dadocência. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 1, p. 45-56, jan./abr. 2005. Disponível emhttps://www.scielo.br/j/ep/a/h98PzLy4947pWTcYgFpNL7P/?format=pdf&lang=pt Acesso em: 13dez. 2022.OXFORD LANGUAGES. Identidade. [online], 2022. Disponível em: shorturl.at/aiP34. Acesso em: .MENEGOLLA, M.; SANT’ANNA, I. M. Por que planejar? Como Planejar? Petrópolis: Vozes, 2014.TARDIF, M.; LESSARD, C. O trabalho docente: elementos para uma teoria da docência comopro�ssão de interações humanas. Petrópolis: Vozes, 2005.Aula 2A contextualização da aula mediada pelo professorIntroduçãohttp://www.patrick-charaudeau.com/Identidade-social-e-identidade.htmlhttp://www.patrick-charaudeau.com/Identidade-social-e-identidade.htmlhttps://www.scielo.br/j/ep/a/h98PzLy4947pWTcYgFpNL7P/?format=pdf&lang=ptDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEVocê já reparou que, de tempos em tempos, assim como as roupas e acessórios que usamos,algumas palavras entram na moda? E eu não estou falando das gírias! De repente, alguns termospassam a fazer parte do nosso vocabulário, sendo utilizados em todos os meiosDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTERe�etir sobre as práticas de ensino-aprendizagem implica em compreendermos o papel doprofessor nesse processo, levando em consideração sua atuação, que tem como objetivo �nal oaprendizado efetivo. O trabalho do professor estaria, portanto, voltado para a transmissão doconhecimento através da comunicação de instruções? Ou sua identidade está no papel daqueleque educa? A�nal, há diferenças entre as concepções de “educar” e “instruir”?Em princípio, podemos pensar nas duas palavras como sinônimos, a�nal, se imaginamos oprofessor em seu papel de mero transmissor do conhecimento pode parecer que o ato deensinar e instruir deveria levar ao mesmo caminho: o conhecimento sendo transmitido ao aluno eeste sendo capaz de reproduzi-lo exatamente da mesma forma que lhe foi passada, ou seja, aDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEaprendizagem é praticamente resumida à repetição do conteúdo exatamente como foitransmitido. Mas estaria a de�nição do aprendizado atrelada à ideia de mera reprodução? Repetire memorizar conteúdos nos indica que a aprendizagem foi consolidada?Para aprofundar nossa re�exão sobre essas questões e a realidade da atuação do professor,vamos pensar na de�nição das palavras “instruir” e “educar”. Primeiramente, convido você aimaginar a seguinte situação: você adquiriu um novo aparelho televisor e, para ser capaz deutilizá-lo, faz uma breve leitura do manual de instruções que vem junto do aparelho.Provavelmente você leria sobre as funções do televisor, como conectá-lo corretamente parateracesso à internet, as opções do controle remoto, entre outros dados relevantes. Estamos aquifalando de um guia, um direcionamento, que através de um compilado de informações levariavocê a ter sucesso na utilização do produto adquirido.O ato de educar não é pronto e acabado, mas envolve diversos processos. Isso quer dizer que,não sendo uma ação pronta, educar envolve algo ou alguém que facilite a aprendizagem e tornepossível o aprender. No contexto da escola, que tem como objetivo o aprendizado signi�cativo etem o aluno como protagonista desse processo, o docente não é mais aquele que transmite oconteúdo e exige dos alunos sua reprodução exata, mas quem os leva a re�exões, fazquestionamentos, instiga-os a pensarem e tomarem suas próprias conclusões sobre os diversosassuntos (GADOTTI, 2000).Talvez você esteja se perguntando: o que o manual da televisão tem a ver com nossa discussão?Ora, lembre-se que, nesse manual, as instruções estão prontas, basta você as seguir e será bem-sucedido na tarefa de utilizar sua televisão. O professor, em sua prática, não deve conceber aaprendizagem de um conteúdo como um guia prático de informações já acabadas. Issoimplicaria em um ensino super�cial, no qual o aluno não é autor do próprio aprendizado, nãoconstrói, não produz, não questiona. Isso não quer dizer que a atuação do professor não irá, emalguns momentos, ter o papel de instruir, no sentido de passar informações já pré-ordenadas,como uma fórmula química ou uma sequência de fatos históricos, mas veja que o objetivo �naldeverá sempre levar o aluno a re�exões, sendo capaz de atrelar o conhecimento à prática,reconhecendo a utilidade dos aprendizados para sua vida cotidiana.Educar na era digitalDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEVamos pensar na atuação do professor nos anos 1980 ou 90. Esse professor preparava sua aulaatravés dos livros; os alunos se apoderavam desses conhecimentos através das explicações doprofessor, tendo acesso aos conteúdos também através de suas apostilas ou livros. Nessecontexto, a escola era o lugar onde se aprendia. O acesso ao saber vinha de lugares �xos, comoo livro ou a apostila. Vamos a um exemplo prático: o professor, naquela época, poderia solicitaruma pesquisa sobre o pintor Salvador Dalí. O aluno iria até a biblioteca da escola, emprestariaum livro e faria uma cópia das informações contidas no livro. Para produzir conhecimento,dependíamos do livro ou da escola que, por sua vez, tinha como professor o transmissor dessesaber que também teve como sua fonte os livros.DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEVamos agora pensar no trabalho do professor atuante no século XXI. O advento da internettrouxe uma in�nidade de fontes de pesquisa para embasar suas aulas. O aluno que tem acesso àinternet também tem acesso a todo tipo de informação. Ao contrário do livro, temos o conteúdoexposto em tempo real, a informação que está sempre mudando, sempre se atualizando. Na eradigital, o conhecimento não se esgota (GÓMEZ, 2015).Além do fácil acesso à informação, a era digital também demanda que as aulas envolvam oaprendizado através das tecnologias. Se, agora, o conhecimento está no mundo cibernético, ocomputador e a internet também precisam ser uma ferramenta no contexto da sala de aula.Em um tempo em que se faz necessário o uso das tecnologias, é preciso também investir naformação de professores para que o uso desses recursos se torne viável. Não basta investir emtecnologia se não for usada adequadamente, fazendo sentido no ambiente escolar. Sobre aformação dos professores voltada para tais mudanças, Gomez (2015, p. 149) a�rma que deveser “um processo não de mudança forçada externamente, mas de transição, de metamorfoseinterna, de reorientação e transformação pessoal”. Observe, portanto, que se trata de umprocesso que deve fazer sentido ao professor e que modi�que sua forma de ver o pro�ssionaldocente atuante no campo da informação, que não está disponível apenas �sicamente, mas quepassou a estar disponível ao aluno através da tecnologia.Nesse contexto em que a internet é um meio de aprendizagem, além da necessidade de prepararo professor para essas novas formas de aprendizado, o sistema educacional também se deparacom a realidade da exclusão digital à qual nem todas as famílias têm acesso, revelando adesigualdade social e a limitação do acesso à informação nos lares. Enfrentamos ainda a faltade computadores em diversas escolas pelo país, inviabilizando o acesso ao conhecimentoatravés da internet e carecendo de mais um recurso que poderia favorecer o aprendizado. Dadosdo INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa, mostrou que, em 2020, 85% das escolasparticulares do país possuíam computadores, enquanto nas escolas públicas o percentual era de52%. Esses dados revelam a necessidade de investimentos na educação e políticas públicaseducacionais voltadas para a inserção da tecnologia nas escolas.Nesse cenário de desa�os que envolvem as tecnologias digitais nas escolas, seria oportuno, noperíodo em que você realizar seus estágios, questionar os professores sobre a infraestruturatecnológica da escola, se possui computadores, de que forma são utilizados e se os professoresrecebem formação para usufruí-los nas aulas, indagar com quais outros problemas relacionadosao uso de computadores e outros dispositivos eletrônicos o professor ainda se depara em suarotina como docente. A partir dessa realidade observada, quais desa�os a escola enfrentaquanto ao uso das tecnologias digitais? Quais intervenções governamentais ainda se fazemnecessárias para promover melhorias quanto ao uso de tais recursos? Diante dessa re�exão,torna-se pertinente indagar como os professores nas escolas em que os estágios serãorealizados, utilizam os recursos tecnológicos no planejamento e realização das atividades? Épossível identi�car di�culdade no uso desses instrumentos? A partir da realidade observada, oque poderia ser problematizado?Tecnologia e o papel do professorDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTERe�etindo sobre a atuação prática do docente frente às tecnologias, o professor deve direcionaro aprendizado para que o aluno saiba como utilizar todo o conteúdo ao qual ele tem acesso. Emmeio a tantas informações que a internet nos traz, o professor deve conduzir o aluno a saberselecionar sites e fontes con�áveis, sendodecomunicação. E não é que eles não existissem, mas, por alguma razão, eles passam a signi�caralgo muito importante, sendo utilizados para explicar tudo. Nesta aula, vamos tratar de algunsdesses conceitos e sua aplicação na BNCC: competências e habilidades. Você não estranhouessas palavras? E se eu disser que vamos tratar de hard e soft skills? Convido você a manter amente e o coração abertos para esta jornada. Vamos lá?Habilidades e competênciaDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEA língua é um elemento vivo da cultura que, apesar de possuir suas regras, está em constantetransformação pelos falantes que elaboram cotidianamente novos usos e possibilidades para aspalavras.Por isso, é bastante comum esbarrarmos com palavras criadas da interação comoutras culturas, como os neologismos (adaptação de palavras para o português; por exemplo:deletar) e estrangeirismos (inclusão de palavras ou expressões de outra língua no vocabulário,como “dar um like”).Esse processo aconteceu com os conceitos que desenvolveremos nesta aula, pois o termo eminglês skills tem sido amplamente empregado em substituição à palavra habilidades. Além disso,as palavras habilidade e competência podem ser utilizadas como sinônimos, mas possuemsigni�cados especí�cos, cuja distinção é preciso compreender, uma vez que ambas têmnorteado a elaboração dos currículos e normativas educacionais.Quando dizemos que alguém é habilidoso, referimo-nos à destreza na realização de umaatividade, por exemplo, um marceneiro, um pro�ssional que possui conhecimentos que lhepermitem a produção de peças em madeira. Essa capacidade e conhecimentos organizadospodem ser adquiridos por treinamento ou experiência.Há dois tipos de habilidades: hard skills e soft skills. Hard skills são as habilidades técnicas epráticas, formadas por todo o conjunto de conhecimentos que desenvolvemos ao longo da vida eque aplicamos no desempenho de nossas atividades. Vamos voltar ao nosso exemplo: no casodo marceneiro, hard skills seriam todos os seus conhecimentos técnicos aplicados à fabricaçãoDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEde uma peça: tipos de materiais, as ferramentas e seus usos, aplicação especí�ca dos materiais,metodologia de trabalho, etc.Vamos imaginar uma situação em que ele é chamado por um cliente que precisa de um móvel.Na conversa com o cliente, o pro�ssional identi�ca alguns problemas e quer ajudá-lo a melhoraro projeto, mas, ao fazê-lo, é ríspido com o cliente, aponta constantemente que os defeitos doprojeto se devem à sua falta de conhecimento e que, se seguir assim, dará tudo errado.Descontente com o tratamento, o cliente cancela a encomenda e procura outro pro�ssional.Podemos dizer que, nessa situação, apesar do domínio de hard skills, faltou ao pro�ssionaloutras habilidades importantes: as soft skills, habilidades relacionadas ao comportamentohumano: a forma como você resolve os problemas, lida com as outras pessoas nas diversassituações sociais, como se comunica, como se adapta às situações de imprevistos e mudanças,entre muitas outras questões. O termo Soft Skills refere-se às habilidades interpessoais oucompetências socioemocionais, essencialmente ligadas à capacidade de comunicação,habilidade para trabalhar em equipe, facilidade em lidar com a diversidade e a aptidão em seportar eticamente. Assim, enquanto as hard skills são as habilidades do saber fazer técnico, assoft skillssão habilidades comportamentais, interpessoais ou socioemocionais (ANTUNES,2020).Há uma diferença entre habilidades e competências. A competência remete a uma questão maisampla, pois consiste na junção e coordenação de três elementos: habilidades, conhecimentos eatitudes. Para entender melhor essa relação, observe a �gura:Figura 1 | Competência. Fonte: elaborada pela autora.DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEA competência refere-se à capacidade do sujeito de atender a uma demanda complexa atravésda mobilização de seus recursos (habilidades, conhecimentos e atitudes) na execução de umatarefa ou em um contexto especí�co. Por isso, o desenvolvimento de competências tem sidodestacado no mercado pro�ssional e nas demais relações sociais, pois fala não apenas dossaberes do sujeito (técnicos e teóricos), mas de como eles são aplicados nas suas relaçõesinterpessoais.A importância das soft skill para uma educação integralHistoricamente, as instituições de ensino construíram-se focadas na formação dascompetências cognitivas ou hard skills, isto é, das habilidades técnicas que integram odesenvolvimento. Porém, mudanças sociais têm apontado para a importância da formação dehabilidades socioemocionais, comportamentais e pessoais.Todo aprendizado mobiliza o nosso cérebro para o desenvolvimento de uma nova habilidade.Didaticamente, essas habilidades são separadas em cognitivas e não cognitivas. As habilidadescognitivas são aquelas diretamente relacionadas à construção do conhecimento, tais como opensamento, a memória, a linguagem, raciocínio lógico e matemático etc., recrutadas para aaprendizagem de um conceito ou um modo de fazer, por exemplo. Já as habilidades nãocognitivas, habilidades socioemocionais ou soft skills são as habilidades que desenvolvemosDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEpara lidar com os nossos sentimentos, com os outros e com o mundo. As soft skills dividem-seem inteligências emocionais (voltadas às emoções, como nomeá-las e como lidar com elas) esociais (referentes à empatia, à diversidade, ao olhar o outro, à convivência em sociedade, àcooperação).Observe o quadro a seguir. Ele apresenta uma lista com exemplos de habilidades cognitivas enão cognitivas.Quadro 1 | Habilidades. Fonte: elaborado pela autora.Assim, o aprendizado social e emocional é o processo através do qual os sujeitos adquirem eaplicam efetivamente o conhecimento, as atitudes e as habilidades necessárias para entender egerenciar as emoções, de�nir e atingir metas, sentir e demonstrar empatia, criar vínculos, manterrelacionamentos e tomar decisões (ROSENDO; LAPA, 2016). Educar crianças para o século XXI, criar cidadãs/ãos globais e responsáveis peloplaneta em que vivem, buscar o pleno desenvolvimento humano são desa�os queexigem ações de todos os atores envolvidos no processo da educação. Há tempo sãoutilizados testes que buscam mensurar a inteligência das/os educandas/os porintermédio da avaliação de suas competências cognitivas (habilidade de ler, de fazercontas etc.) [...]Entretanto, somente nas últimas décadas que pesquisadoras/es de diversas áreas doconhecimento têm trazido à tona a importância do desenvolvimento de competênciasque não são cognitivas, mas socioemocionais (ex: persistência, responsabilidade,curiosidade, empatia, cooperação etc.), para o pleno desenvolvimento da pessoa.(ROSENDO; LAPA, 2018, p. 476)Neste processo, as instituições sociais família e escola precisam atuar em conjunto no processode desenvolvimento humano em seus aspectos emocional e cognitivo. No campo da educaçãoformal, o papel do educador ganha destaque, uma vez que ele será o mediador atuando na linhade frente dessas competências a serem desenvolvidas em sua práxis educacional (ROSENDO;DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTELAPA, 2018). O professor deve estar ciente do impacto das emoções no processo pedagógico,pois a emoção interfere no processo de retenção de informação. É preciso motivação paraaprender e a atenção é fundamental na aprendizagem.A perspectiva da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é de uma educação integral, isto é, aeducação deve ser pensada apenas de maneira ampla em termos de acesso universal para odesenvolvimento de habilidades cognitivas e não cognitivas. Mas, o que isso signi�ca?A BNCC no desenvolvimento das habilidades cognitivas e não cognitivasA Base Nacional Comum Curricular (BNCC) estabelece os conhecimentos, competências ehabilidades gerais e especí�cas que devem ser desenvolvidaspelos estudantes no ensinobásico, para as diferentes áreas de conhecimento e componentes curriculares. Alinhada aosorganismos internacionais que apontam as habilidades socioemocionais visadas pela educaçãodo século XXI, a BNCC apresenta um conjunto de competências que visam o desenvolvimentodessas habilidades. Segundo o documento,Na BNCC, competência é de�nida como a mobilização de conhecimentos (conceitose procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes evalores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício dacidadania e do mundo do trabalho.Ao de�nir essas competências, a BNCC reconhece que a “educação deve a�rmarvalores e estimular ações que contribuam para a transformação da sociedade,tornando-a mais humana, socialmente justa e, também, voltada para a preservação daDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEnatureza” (BRASIL, 2013), mostrando-se também alinhada à Agenda 2030 daOrganização das Nações Unidas (ONU). (BRASIL, 2018, p. 8)As competências gerais propostas pela BNCC para a Educação Básica indicam e articulam aconstrução de conhecimentos, o desenvolvimento de habilidades e a formação de atitudes evalores. Ao adotar esse enfoque, a BNCC sugere que as decisões pedagógicas devem estarorientadas para o desenvolvimento de competências em duas linhas: o que os alunos devemsaber (constituição de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores) e o que devem saber fazer(mobilização desses saberes na resolução de demandas da vida cotidiana, do exercício dacidadania e do mundo do trabalho) (BRASIL, 2018).Dessa forma, a educação integral proposta pela BNCC inclui pensar o desenvolvimento decompetências cognitivas e socioemocionais, buscando a construção de uma sociedade justa,igualitária e sustentável (BRASIL, 2018). Tendo em vista essa preocupação, o documentoestabelece dez competências gerais que devem ser desenvolvidas por todos os educandos.Essas competências foram segmentadas em três grupos:Competências ligadas ao conhecimento.Competências ligadas às habilidades.Competências ligadas ao caráter e às atitudes do indivíduo.A �gura a seguir apresenta as 10 competências gerais dispostas na BNCC, que devem serentendidas como diretrizes orientadoras aos estados e municípios, que possuem autonomiapara incorporá-las aos projetos pedagógicos de suas redes.DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEFigura 2 | Competências gerais da nova BNCC. Fonte: INEP ([s. d.], [s. p.]).Para que possam compor o repertório socioemocional dos sujeitos, as soft skills precisam servivenciadas. Embora essas habilidades não possam ser ensinadas tal qual um conteúdo docomponente curricular, elas podem ser trabalhadas em sala de aula, em conjunto com asatividades curriculares, através de estímulos e atividades que integrem a diversidade de saberespráticos e socioemocionais dos próprios sujeitos. A interdisciplinaridade pode aí ser entendidapor uma perspectiva bastante ampla, como uma atividade em grupo, por exemplo, em que osconteúdos das disciplinas podem ser integrados ao desenvolvimento dessas habilidadessocioemocionais, já que os alunos exercitarão a cooperação, a comunicação, o protagonismo e adivisão de tarefas, entreoutras.Vamos imaginar algumas propostas de atividades práticas cuja execução estimula odesenvolvimento de habilidades não cognitivas:Práticas coletivas (atividades em grupos, sejam elas em sala de aula, práticas artísticas ouesportivas).Organização de debates.DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEGrupos de estudo e clubes de interesse.Visitas guiadas voltadas para a formação cultural.Essas são algumas sugestões de atividades, mas é possível pensar em inúmerosdesdobramentos e combinações entre o conhecimento teórico, prático e as vivências. Tenhocerteza de que você é capaz de pensar em muitas outras possibilidades, a�nal, como professor,você possui as competências para isso!Videoaula: A contextualização da aula mediada pelo professorEste conteúdo é um vídeo!Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelocomputador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativopara assistir mesmo sem conexão à internet.Nesta videoaula, vamos abordar aspectos referentes à abordagem da BNCC sobre habilidades ecompetências em seus múltiplos aspectos. Embora não se possa negar a importância dashabilidades socioemocionais no desenvolvimento de competências escolares e pro�ssionais,também não é possível supor que o desenvolvimento de tais habilidades seja su�ciente paradiminuir as desigualdades educacionais, cujas origens estão intrinsecamente relacionadas àconstrução histórica e cultural do país.Bons estudos!Saiba maisDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEComo pro�ssional da educação, qualquer que seja o nível, é fundamental conhecer na íntegra aBase Nacional Comum Curricular. O documento de�ne os conhecimentos, competências ehabilidades que se espera que todos os estudantes desenvolvam ao longo da escolaridadebásica, visando uma formação humana integral como meio de construir uma sociedade justa,democrática e inclusiva.Através do site do Ministério da Educação, você terá acesso tanto ao documento completo daBNCC, como também a outras informações interessantes, como uma linha do tempo contendoos principais momentos da construção da BNCC e materiais e ferramentas de apoio à suaimplementação.Mas, além de conhecer o documento da BNCC, é fundamental que o pro�ssional da educaçãoacompanhe análises e críticas à construção e aplicação do documento. Nesse sentido, éinteressante conhecer o documento elaborado pela ANPAE – Associação Nacional de Políticas eAdministração da Educação, que tem como objetivo problematizar a concepção e osdesdobramentos da implantação da BNCC:A BNCC na contramão do PNE 2014-2024: avaliação e perspectivas.Referênciashttps://www.seminariosregionaisanpae.net.br/BibliotecaVirtual/4-Publicacoes/BNCC-VERSAO-FINAL.pdfhttps://www.seminariosregionaisanpae.net.br/BibliotecaVirtual/4-Publicacoes/BNCC-VERSAO-FINAL.pdfDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEAGUIAR, M. A. da S.; DOURADO, L. F. (orgs.). A BNCC na contramão do PNE 2014-2024: avaliaçãoe perspectivas. [Livro Eletrônico]. Recife: ANPAE, 2018. Disponível em:https://www.seminariosregionaisanpae.net.br/BibliotecaVirtual/4-Publicacoes/BNCC-VERSAO-FINAL.pdf. Acesso em: 26 dez 2022.ANTUNES, L. Soft skills: competências essenciais para os novos tempos. São Paulo: LiterareBooks International, 2020.BRASIL. Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Caderno de Educação emDireitos Humanos. Educação em Direitos Humanos: Diretrizes Nacionais. Brasília: CoordenaçãoGeral de Educação em SDH/PR, Direitos Humanos, Secretaria Nacional de Promoção e Defesados Direitos Humanos, 2013. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=32131-educacao-dh-diretrizesnacionais-pdf&Itemid=30192. Acesso em: 27 jan. 2023.BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018. Disponível em:http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 27 jan. 2023.INEP. Competências Gerais da Nova BNCC. Disponível emhttp://inep80anos.inep.gov.br/inep80anos/futuro/novas-competencias-da-base-nacional-comum-curricular-bncc/79. Acesso em 18 dez 2022.MORAES, E. C. Re�exões acerca das Soft Skills e suas interfaces com a BNCC no contexto doEnsino Remoto.Research, Society and Development,[S. l.], v. 9, n. 10, p. e9499109412, 2020. DOI:10.33448/rsd-v9i10.9412. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/9412Acesso em: 15 dez. 2022.ROSENDO, D.; LAPA, F. B. EDUCAÇÃO E(M) DIREITOS HUMANOS E BNCC: competênciassocioemocionais e ética ambiental.Revista Espaço do Currículo,[S. l.], v. 3, n. 11, 2018.https://www.seminariosregionaisanpae.net.br/BibliotecaVirtual/4-Publicacoes/BNCC-VERSAO-FINAL.pdfhttps://www.seminariosregionaisanpae.net.br/BibliotecaVirtual/4-Publicacoes/BNCC-VERSAO-FINAL.pdfhttp://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=32131-educacao-dh-diretrizesnacionais-pdf&Itemid=30192http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=32131-educacao-dh-diretrizesnacionais-pdf&Itemid=30192http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=32131-educacao-dh-diretrizesnacionais-pdf&Itemid=30192http://basenacionalcomum.mec.gov.br/http://inep80anos.inep.gov.br/inep80anos/futuro/novas-competencias-da-base-nacional-comum-curricular-bncc/79http://inep80anos.inep.gov.br/inep80anos/futuro/novas-competencias-da-base-nacional-comum-curricular-bncc/79https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/9412DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEDisponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/rec/article/view/ufpb.1983-1579.2018v3n11.40385 Acesso em: 15 dez. 2022.ONU. Organização das Nações Unidas. Transformando Nosso Mundo: a Agenda 2030 para oDesenvolvimento Sustentável. Disponível em:https://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/Brasil_Amigo_Pesso_Idosa/Agenda2030.pdf.Acesso em: 7 nov. 2017.Aula 3A prática do professor para além da sala de aulaIntroduçãoEstudante, seja bem-vindo a mais uma aula da disciplina Identidade Docente na qual trataremosda educação social.A educação social ou educação não formal pode ser entendida como uma complementação ouampliação da educação escolar voltada para o atendimento de populações localizadas àmargem dos sistemas o�ciais de educação (ou educação formal). A educação não formal atuaprincipalmente em contextos marcados pela pobreza e a desigualdade em que a educaçãoformal possui limitações. Buscando superar essas limitações, a educação social explora ashttps://periodicos.ufpb.br/index.php/rec/article/view/ufpb.1983-1579.2018v3n11.40385https://periodicos.ufpb.br/index.php/rec/article/view/ufpb.1983-1579.2018v3n11.40385https://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/Brasil_Amigo_Pesso_Idosa/Agenda2030.pdfDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEpossibilidades que as práticas de educação não formal oferecem para promoção de umaeducação emancipadora voltada para a construção da cidadania.Bons estudos!Educação formal e não formalQuando pensamos em educação, quase automaticamente nossas memórias nos remetem àfamília e à escola, pois são nessas instituições que desenvolvemos os primeiros contatos com omundo, aprendemos as regras sociais de controle de comportamento e convivência, construímosconceitos e consolidamos conhecimentos que nos validam enquanto membros de um gruposocial, em processos chamados de socialização. Enquanto a família é o espaço de socializaçãoprimária (instância de incorporação dos valores sociais de grupo que ocorre logo na primeirainfância), os espaços escolares promovem a socialização secundária (socialização queestabelece interações sociais e culturais com indivíduos já socializados).A escola é uma instituição com papel central na formação dos sujeitos, focada na transmissãode conhecimentos historicamente sistematizados, organizados segundo os contextos econjunturas de cada sociedade em cada tempo. Por isso, esse processo de sistematização échamado de educação formal, pois formaliza socialmente os contornos da educação noterritório das escolas,“instituições regulamentadas por lei, certi�cadoras, organizadas segundo diretrizesnacionais” (GOHN, 2006, p. 29).DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEPorém, existem outros espaços de construção e partilha de conhecimentos, práticas e valorestão importantes e válidos quanto a escola. O ser humano adquire conhecimentos variados aolongo de sua vida, por isso, não podemos pensar a educação como um processo limitado aosespaços escolares formais. Como de�ne Gohn (2006, p. 28):A educação não-formal designa um processo com várias dimensões tais como: aaprendizagem política dos direitos dos indivíduos enquanto cidadãos; a capacitaçãodos indivíduos para o trabalho, por meio da aprendizagem de habilidades e/oudesenvolvimento de potencialidades; a aprendizagem e exercício de práticas quecapacitam os indivíduos a se organizarem com objetivos comunitários, voltadas paraa solução de problemas coletivos cotidianos; a aprendizagem de conteúdos quepossibilitem aos indivíduos fazerem uma leitura do mundo do ponto de vista decompreensão do que se passa ao seu redor; a educação desenvolvida na mídia e pelamídia, em especial a eletrônica etc.Em termos práticos, podemos de�nir a educação não formal como aquela que ocorre fora dosistema tradicional de ensino. Segundo Libâneo (2002), a educação não formal é desenvolvidapor organizações políticas, pro�ssionais, cientí�cas, culturais, agências formativas para grupossociais, educação cívica etc., com atividades de caráter intencional. Isto é, o adjetivo não formaladicionado à educação não signi�ca falta de métodos e objetivos, pois ela é feita de maneirasistemática e organizada, entretanto, os resultados da aprendizagem não são analisadossegundo os parâmetros escolares, mas em complementação às metodologias formais. Nessesentido, a educação não formal legitima e valoriza outras maneiras de educar, podendo serrealizada em qualquer ambiente.Segundo Gohn (2006), essa modalidade aborda processos educativos que acontecem fora daescola, em organizações sociais, movimentos não governamentais (ONGs) e outras entidades�lantrópicas atuantes na área social. Por isso, a�rma a autora:Há na educação não formal uma intencionalidade na ação, no ato de participar, deaprender e de transmitir ou trocar saberes. Por isso, a educação não-formal situa-seno campo da Pedagogia Social - aquela que trabalha com coletivos e se preocupacom os processos de construção de aprendizagens e saberes coletivos. (GOHN,2006, p. 29)Quando olhamos ao nosso redor vemos a desigualdade no acesso à educação formal, asdiferenças qualitativas dos espaços educacionais, as di�culdades de permanência na escola dealguns grupos sociais etc. Na tentativa de atender demandas e suprir necessidades, outrasinstituições e espaços entram em cena como um meio de encontrar soluções educacionais paraproblemas sociais.A educação não formal, a CF/88 e a BNCCDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEA Constituição Federal Brasileira de 1988 rati�ca os mais importantes tratados internacionais deproteção dos direitos humanos ao incorporar a educação como um direito social a ser observadoe garantido:Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovidae incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento dapessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua quali�cação para o trabalho.(BRASIL, 1988)Até a Constituição de 1988, não havia preceito constitucional ou regulamentação que garantissea educação formal, universal e gratuita no país. A partir da inserção da educação como umdireito fundamental, outras leis vieram regulamentar e complementar o direito à educação, comoo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, 1990) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação(LDB, 1996). Juntos, esses mecanismos abrem as portas da educação formal a todos osbrasileiros, que passam a ter vaga assegurada nas escolas públicas.Embora a educação não formal não seja mencionada no texto constitucional, essa prática jádifundida em vários espaços e instâncias permitiram que ela fosse integrada aos documentoso�ciais. Em 2007, a Secretaria de Direitos Humanos elaborou o Plano Nacional de Educação emDireitos Humanos (PNEDH-2007), documento que tem como objetivo a construção de umacultura voltada para a prática dos Direitos Humanos através da formação de cidadãos ativos,DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEvisando a construção de uma sociedade mais democrática, justa e equitativa. Entre outrasquestões, o documento estabelece:“concepções, princípios, objetivos, diretrizes e linhas de ação, contemplando cincograndes eixos de atuação: EducaçãoBásica; Educação Superior; Educação NãoFormal; Educação dos Pro�ssionais dos Sistemas de Justiça e Segurança Pública eEducação e Mídia” (BRASIL, 2007, p.13).O PNEDH dispõe de um capítulo especí�co para as práticas socioeducativas em espaços nãoescolares e/ou não formais a partir da compreensão de queA humanidade vive em permanente processo de re�exão e aprendizado. Esseprocesso ocorre em todas as dimensões da vida, pois a aquisição e produção deconhecimento não acontecem somente nas escolas e instituições de ensino superior,mas nas moradias e locais de trabalho, nas cidades e no campo, nas famílias, nosmovimentos sociais, nas associações civis, nas organizações não-governamentais eem todas as áreas da convivência humana. (BRASIL, 2007, p. 43)O documento estabelece como princípios da educação não formal a emancipação e a autonomiapor meio do processo permanente de sensibilização e formação de consciência crítica. Juntos,esses princípios permitem aos sujeitos identi�car e organizar suas reivindicações, auxiliando naformulação de propostas para as políticas públicas (BRASIL, 2007).A BNCC não aborda a educação não formal, contudo, elas se cruzam em uma questão central: aeducação para a formação da cidadania. Como pontua Gohn (2006), a educação não formal nãocompete nem substitui a educação formal, mas atua de forma complementar pela articulaçãoentre a escola e a comunidade, aproximando-se da educação formal em alguns de seusobjetivos, e desenvolvendo outros que lhe são especí�cos. A autora destaca como eixos daeducação não formal:1. Educação para a cidadania.2. Educação para a justiça social.3. Educação para direitos (humanos, sociais, políticos, culturais, etc.).4. Educação para liberdade.5. Educação para igualdade.�. Educação para democracia.7. Educação contra discriminação.Educação pelo exercício da cultura e para a manifestação das diferenças culturais.Educação social e a práxis docenteDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEAgora que você já compreendeu o que é a educação não formal, vamos pensar qual é o papel dopro�ssional da educação nesse cenário.Os caminhos que levam os pro�ssionais para a educação não formal são muitos, como o acasoou o envolvimento com movimentos sociais. Por isso, esses pro�ssionais carregam bagagensdiversas, que vão do saber consolidado na universidade à experiência adquirida no cotidiano. Emqualquer desses casos, a educação é uma prática social que, como vimos, ultrapassa asinstituições escolares, colocando a educação não formal ou social na imbricação entre doiselementos: o social e o pedagógico. Como de�ne Nuñez:Por educação social entendemos uma prática educativa que opera sobre o que osocial de�ne como problema. Em outras palavras, atua em territórios fronteiriçosentre o que as lógicas econômicas e sociais de�nem em termos deinclusão/exclusão social, a �m de mitigar ou, se for o caso, transformar os efeitossegregativos sobre os sujeitos. A educação social atende à produção de efeitos deinclusão cultural, social e econômica, proporcionando aos sujeitos os recursospertinentes para solucionar os desa�os do momento histórico. (NUÑEZ, 1999, p. 26apud MÜLLER, 2010 - tradução nossa)Na prática, a educação social atua em políticas de assistência, de serviços de cunho social eeducativo, planejados e executados por diferentes pro�ssionais (assistentes sociais, pedagogos,psicólogos, cientistas sociais etc.). Nesse conjunto, o educador social tem seu foco voltado paraDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEos processos educativos/pedagógicos inseridos em organizações governamentais e nãogovernamentais de variadas áreas, tais como de saúde (hospitais e Centros de AtençãoPsicossocial), educação (na educação permanente de adultos, animação sociocultural,pedagogia laboral, etc.), assistência social (Centros de Referência de Assistência Social/CRAS eCentros de Referência Especializada em Assistência Social/CREAS), segurança (espaços deressocialização e educação especializada), entre outros. Nesses espaços, conhecimentos,habilidades e competências, que não as dos currículos escolares, são desenvolvidos por meio depráticas pedagógicas pensadas para realidades especí�cas de sujeitos usualmente inseridos emespaços de vulnerabilidade e pobreza.Cabe ao educador social sistematizar a ação, a metodologia e as propostas pedagógicas deacordo com o interesse, os saberes, as necessidades e as potencialidades dos educandos, emsituações nas quais o educador se torna um agente de políticas voltadas à garantia de direitos(AROLA, 2015). Sua atuação ultrapassa os limites institucionalizados na medida em que asatividades buscam ampliar o repertório de ação de indivíduos marginalizados, tornando-ossujeitos conscientes, críticos, autônomos e ativos na construção de suas trajetórias de vida(ROCHA, 2021).Por isso, a educação não formal ou social carrega em si uma práxis política, pois sua açãopedagógica busca reconstruir a cidadania de diferentes segmentos sociais vulnerabilizados(MÜLLER et al, 2009).Arola (2015) destaca os seguintes aspectos como fundamentos da Educação Social:A Educação Social é fundamentalmente ação, práxis, intervenção sistemática efundamentada.A Educação Social atua como suporte, mediação e transferência.A Educação Social favorece a sociabilidade do sujeito ao longo de toda sua vida.A Educação Social promove autonomia, integração e participação crítica.A Educação Social se insere no marco sociocultural que a rodeia.A Educação Social conta com os próprios recursos pessoais (do educador e do educando)e da comunidade já existentes.É importante que o educador conheça profundamente seu contexto de inserção. Os gruposmarginalizados são muitos e possuem particularidades, mas se assemelham em carências eausências de direitos. Por isso, quando essas questões são vistas pelo poder público e entende-se que o direito violado de um é o direito violado de todos, as transformações podem atingir oespaço público pela extensão da prática a todos os cidadãos.Videoaula: A prática do professor para além da sala de aulaEste conteúdo é um vídeo!Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelocomputador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativoDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEpara assistir mesmo sem conexão à internet.Nesta videoaula, vamos tratar de algumas características da educação não formal, tais comometas, lacunas e metodologias. Ou seja, vamos pensar onde a educação não formal atua, de queforma e em que espaços ela precisa atuar quando pensamos na educação voltada para acidadania. Como futuro pro�ssional da área da Educação, é importante que você conheça ereconheça os espaços e possibilidades de atuação, a �m de que possa se tornar, além de umbom pro�ssional, um agente de transformação.Saiba maisA professora Maria da Glória Gohn é uma referência fundamental quando o assunto é movimentosocial. Sua vasta produção tem como pano de fundo a crença na ação coletiva como forma dealterar e democratizar o Estado e a sociedade.Um de seus conceitos mais conhecidos é o de educação não formal, sobre o qual publicoudiversos livros. Por isso, para saber mais sobre o assunto, dedique-se a conhecer os trabalhosdessa autora. Deixo aqui a indicação do livro em que ela apresenta a educação social:Educação não formal e cultura política.DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEPara se aproximar do assunto e das obras da autora, você pode acessar o artigo disponível narede:Educação não-formal na pedagogia social.E para conhecer um pouco a bibliogra�a de Maria da Glória Gohn, você pode acessar a Bionota,disponível no site da Sociedade Brasileira de Sociologia.Bons estudos!ReferênciasAROLA, R. L. A Educação Social no Brasil: alguns desa�os e armadilhas. Revista Digital, n. 2, p. 8-29, 2015. Disponível em:https://www.mprs.mp.br/media/areas/infancia/arquivos/revista_digital/numero_02/revista_digital_ed_02_1.pdf Acesso em: 18 dez. 2022.BRASIL. Constituição Federal. Brasília, 1988. Disponível em:https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm . Acesso em: 10 dez. 2022.BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.Brasil. Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos/Comitê Nacional de Educação emDireitos Humanos. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Ministério da Educação,Ministério da Justiça, UNESCO, 2007. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/docman/2191-plano-nacional-pdf/�le. Acesso em: 20 dez. 2022.GOHN, M. da G. Educação não formal e cultura política. 8. ed. São Paulo: Cortez, 2018 [1999].GOHN, M. da G. Educação não-formal, participação da sociedade civil e estruturas colegiadasnas escolas. Avaliação e Políticas Públicas na Educação, Rio de Janeiro, v. 14, n. 50, p. 27-38,http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=MSC0000000092006000100034&lng=en&nrm=abnhttps://sbsociologia.com.br/project/maria-da-gloria-gohn/https://www.mprs.mp.br/media/areas/infancia/arquivos/revista_digital/numero_02/revista_digital_ed_02_1.pdfhttps://www.mprs.mp.br/media/areas/infancia/arquivos/revista_digital/numero_02/revista_digital_ed_02_1.pdfhttps://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htmhttp://portal.mec.gov.br/docman/2191-plano-nacional-pdf/filehttp://portal.mec.gov.br/docman/2191-plano-nacional-pdf/fileDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEjan./mar. 2006. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-40362006000100003 Acesso em:19 dez. 2022.GOHN, M. da G.Educação não-formal na pedagogia social. Anais... I Congresso Internacional dePedagogia Social. Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, 2006. Disponível em:http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=MSC0000000092006000100034&lng=en&nrm=abn Acesso em: 20 dez.2022.LIBÂNEO, J. C. Pedagogia e pedagogos: para quê? São Paulo: Cortez, 2002.NUÑEZ, V. Pedagogía Social: Cartas para Navegaren El Nuevo Milenio. Satillana: Buenos Aires-Argentina, 1999. Apud MÜLLER, V. R.; MOURA, F.; NATALI, P. M.; SOUZA, C. R. T. de. A formaçãodo pro�ssional da educação social: espectros da realidade. Anais... XVIII Seminário Internacionalde Formação de Professores para o MERCOSUL/CONE SUL, 2010. Disponível emhttps://seminarioformprof.ufsc.br/�les/2010/12/M%C3%9CLLER-Ver%C3%B4nica-Regina3.pdfAcesso em: 18 dez. 2022.ROCHA, J. dos S.; ROSA, R. S. da; DIAS, S. P. Educação social: um campo em construção. InGUILHERME, W. D; AUGUSTO, D. L. L.; MELLO, R. G. Educação em foco: História, política e culturada educação no Brasil. v. 2. [livro eletrônico]. Rio de Janeiro: e-Publicar, 2021. 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As mudanças pelas quais a sociedade vem passando sãotão complexas quanto velozes. Diante da instabilidade resultante deste processo, cada vez maiso mundo exige de nós, professores, uma atuação ampla e, ao mesmo tempo, especializada. Masqual é, de fato, a responsabilidade e o papel do professor diante deste cenário? Essa é aproposta desta aula, re�etir a respeito dos desa�os que enfrentamos no nosso cotidiano,buscando alinhar teoria e prática. Em linhas gerais, vamos abordar a atuação mediadora dopro�ssional de educação como alguém que se coloca como facilitador e motivador dosprocessos de aprendizagem, ultrapassando a antiga visão do professor como transmissor deconhecimento. Além de tornar o educando protagonista do seu saber, a mediação promove odesenvolvimento de uma práxis de vida que ultrapassa os limites escolares, atuando naformação efetiva da cidadania. Você está preparado para assumir este papel?A identidade docente num mundo em transformaçãoDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEAs transformações sociais são inerentes à própria sociedade, porém, os rumos dessasmudanças são conduzidos e in�uenciados por uma série de fatores. As mudanças vividas pelasociedade contemporânea nas últimas décadas foram aceleradas pelo desenvolvimento dasnovas tecnologias de comunicação e informação que atuaram como motores da globalização. Aglobalização promoveu uma interconexão entre as várias esferas da sociedade de uma formanunca vista, criando o que o sociólogo Manuel Castells de�niu como sociedade em rede, isto é,uma sociedade organizada a partir de um sistema comunicacional mediado por tecnologiasDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTE(CASTELLS, 1999). Assim, qualquer mudança em uma área ou lugar é capaz de desencadearefeitos em múltiplas outras instâncias.No campo da educação, essas transformações impactaram profundamente a maneira como nosrelacionamos com o saber e o conhecimento, na medida em que de�niu uma nova dinâmica naforma como nos comunicamos, nos informamos e, por conseguinte, aprendemos. Cada vez maisas novas tecnologias nos mostram que a educação pode se desenvolver em todos os lugares deprática social, retirando dos espaços formais, como a escola, a exclusividade do processo deaprendizagem. Com isso, observou-se também um deslocamento no eixo de construção daidentidade do docente que deixou de ser visto como detentor do conhecimento e responsável porsua transmissão. Atualmente seu papel é tido como um mediador do conhecimento, o elo deconexão entre as linguagens, os conceitos e as possibilidades educativas.A perspectiva ideia do professor como mediador do conhecimento não é exatamente nova, eainda no início do século XX, Célestin Freinet (1896-1966) e Janusz Korczak (1878-1942) jádiscutiam a atuação do professor como apoio ao conhecimento e não seu detetor.Posteriormente, Reuven Feuerstein (1921-2014), dialogando com a teoria de Jean Piaget,apontou algumas características especí�cas da mediação.Segundo Feuerstein, é preciso que haja intencionalidade e reciprocidade, isto é, a disponibilidadedo mediador em utilizar os recursos ao seu alcance na busca por uma explicação compreensívelao aluno, adaptando linguagens e utilizando os meios técnicos/tecnológicos disponíveis noprocesso de aprendizagem. E, como uma via de mão dupla, é preciso que haja reciprocidadenadisposição do aluno para aprender. Um segundo elemento importante é a transcendência,característica que implica a compreensão dos conceitos para além de seu uso no espaçoescolar, permitindo sua aplicação em outras situações e contextos. Por �m, Feuerstein aponta amediação do signi�cado como a característica que promove a interligação entre os muitosconceitos assimilados pelos alunos, ampliando o processo de aprendizado (FEUERSTEIN;FEUERSTEIN; FALIK, 2014).Essas são, sem dúvida, características fundamentais nos novos contextos sociais marcadospela presença massiva da tecnologia. Contudo, se como disse Feuerstein (FEUERSTEIN;FEUERSTEIN; FALIK 2014), mais importante do que saber é aprender como usar esse saber, deque forma o professor pode utilizar o seu saber, construído ao longo de anos de estudo e prática,na construção de um espaço efetivo de mediação?Vigotski e a zona de desenvolvimento proximalDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEPara entendermos melhor a atuação mediadora do professor, vamos recorrer ao conceito dezona de desenvolvimento proximal (ZDP) desenvolvido por Lev Vigotski (1896-1924). Segundo oautor (2007), o indivíduo aprende com base em algum conhecimento anterior cognitivamenterelacionado que conecta e dá suporte a nova informação. Nesse sentido, entre o que o indivíduosabe e o que ele potencialmente pode saber (de acordo com o meio e a sua faixa etária, porexemplo), há uma área de conhecimento que é possível de ser desenvolvida com a ajuda deoutros que já dominam aquele conhecimento. A essa área Vigotski chama de zona dedesenvolvimento proximal (ZDP).A ZDP é um conceito importante na área da psicologia sociocultural ou sócio-histórica e pode sersintetizada, portanto, como a distância entre o nível de desenvolvimento real, determinado pelacapacidade de resolver tarefas de forma independente, e o nível de desenvolvimento potencial,isto é, informações e tarefas que ainda não foram alcançados, mas são potencialmenteatingíveis. Entre esses dois níveis encontra-se a zona de desenvolvimento proximal. Observe a�gura a seguir.DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEFigura 1 | Níveis de desenvolvimento segundo Vigotski. Fonte: elaborado pela autora.O nível de desenvolvimento real é formado pelo conjunto de conhecimento desenvolvido econsolidado pelo indivíduo e que, portanto, pode ser acessado por ele de maneira autônoma. Onível de desenvolvimento potencial refere-se ao conjunto de atividades que o indivíduopotencialmente tem condições e capacidade de aprender ou desenvolver. A distância entreessesdois níveis caracteriza o que Vigotski denominou de zona de desenvolvimento proximal,composta pelos conhecimentos ainda não desenvolvidos pelo indivíduo, mas com possibilidadede serem aprendidos com a ajuda de alguém mais experiente. Neste quadro, o ensino tem papelfundamental na mudança das condições do desenvolvimento, pois ele abre o sujeito para novaspossibilidades, razão pela qual Vigotski (2007) entende que a aprendizagem e o ensino devemsempre operar sobre níveis superiores de zonas de desenvolvimento proximal, ampliando asexpectativas de conhecimento. E por que trazer o conceito de ZDP para tratar da questão do papel mediador do professor?Amparados na perspectiva de Vigotski, podemos a�rmar que a atuação do educador se dá nessaárea entre o que o indivíduo já sabe e aquilo que ele tem condições de aprender, a ZDP. É aí quese encontra o lugar da mediação. O papel do professor no processo de aprendizagem seguedecisivo, porém, ele deixa de ser visto como transmissor de conhecimento para atuar comomediador da aprendizagem em contextos de diversidades de saberes e níveis de conhecimento.Ao estabelecer a interdependência entre os processos de desenvolvimento e aprendizagem, cabeao educador criar as condições para a ampliação do conhecimento. Seus conhecimentosteóricos e práticos devem permitir identi�car os diferentes estágios de desenvolvimento e níveisde aprendizagem, estimular o interesse dos alunos e assisti-los no processo. Por exemplo, aopropor um trabalho em grupo, o professor pode colocar lado a lado alunos com diversos níveisde conhecimento ou habilidades distintas para que, por meio da interação, eles sejam aprendizesDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEe professores, ensinando e aprendendo uns com os outros (BREGUNCI, [s. d.]). Caro estudante,como esse conceito poderia ser trabalhado no planejamento das atividades de ensino? Vocêconhece algum professor que articula esse modo de compreender a relação entredesenvolvimento e aprendizagem?O professor mediadorEm seu livro A pedagogia da autonomia (1996, p. 47), Paulo Freire disse que“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própriaprodução ou a sua construção”.Pensando em sua trajetória como estudante e na experiência como futuro docente, como amediação comporia a prática pedagógica?Pensar a mediação como uma prática pedagógica desloca o foco do professor e o coloca narelação entre professor e aluno, em um contexto em que o aluno se torna protagonistadoprocesso de aprendizagem, permitindo que ele se aproprie do resultado deste processo – oconhecimento. Porém, ao contrário do que possa parecer, redobram as responsabilidades doprofessor quando ele se entende como mediador do processo de aprendizagem, pois cabe a eleDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEconduzir esse processo, enriquecendo os estímulos do ambiente de forma a preparar a estruturacognitiva do mediado para que ele consiga ir além dos estímulos recebidos (FEUERSTEIN;FEUERSTEIN; FALIK, 2014). Para Feuerstein, a mediação é uma relação de reciprocidade, poisnela educador e educando constroem signi�cados que comporão seus repertórios de vida.Contudo, o educador atualmente se depara com uma realidade de desestímulo e desinteressepela escola, que não é vista como lugar de realizações pessoais e coletivas. Como apontaCeccon (2012, p. 22):“A realidade da escola desmente suas promessas de acesso igual para todos. Asestatísticas sobre os resultados escolares contradizem a esperança de que a escolapossa servir de escada para que todos consigam melhorar de vida”.Como você deve ter percebido, mediar não é uma tarefa fácil, exigindo muito do pro�ssional daeducação. Em um mundo altamente conectado, o professor mediador tem papel fundamentalpara fazer com que a escola se torne, de fato, um espaço adequado e propício à aprendizagem.Como aponta Feuerstein, a mediação é intencional, organizada e tem como princípio o respeitoao outro, à sua individualidade, ao ser diferente em que ele se constitui (SOUZA, 2004). Por isso,para que o educador possa desempenhar essa função é preciso que ele domine as teoriaspedagógicas de forma a identi�car e avaliar, diante das situações, o impacto de cada uma delasno desenvolvimento dos alunos. E como teoria e prática se retroalimentam, a escolha da melhorlinha pedagógica será tão mais e�ciente quanto melhor se conhece o ambiente em que adinâmica está inserida. Logo, é importante conhecer o universo do aluno, sua realidade, gostos eexperiências. Isso permite que o professor utilize os elementos dessa realidade comoferramentas de aproximação entre os conceitos e a realidade, dando sentido ao conhecimento.Adotando essa postura, o professor mediador tem a compreensão e a consciência de que oensino não se restringe a transmitir ou compartilhar conhecimento, mas como uma construçãode conhecimento e valores que estimula o desenvolvimento de sujeitos críticos e ativos emtodos os setores da sociedade. Nesse sentido, como você observa a mediação docente naexperiência do estágio? O que é possível observar?Videoaula: Re�exões e desa�os do exercício da docência no mundocontemporâneoEste conteúdo é um vídeo!Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelocomputador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativoparaassistir mesmo sem conexão à internet.DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEOlá! Nesta videoaula vamos discutir questões práticas da atuação mediadora do educador deforma a trazer para o cotidiano da sala de aula a troca de saberes, conhecimentos e habilidadesentre os atores envolvidos. De que maneira podemos estimular nossos alunos e instigar neles ointeresse pelo aprendizado, fazendo com que eles se percebam como agentes ativos desteprocesso? As respostas para essa pergunta não estão prontas, e convidamos você a pensarmosjuntos.Saiba maisAs tecnologias de comunicação e informação devem ser utilizadas como aliadas do professor.Na rede mundial de computadores é possível encontrar uma gama enorme de material disponívelque pode servir de guia para nossas práticas. Além de conteúdo, a conexão promove o contatocom diversas realidades e pessoas que, de formas distintas, partilham das mesmas angústias eesperanças como professores, promovendo a troca de conhecimentosIndicamos como referência a revista Educação Pública, uma publicação da Diretoria de Extensãoda Fundação Cecierj – Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estadodo Rio de Janeiro – voltada para a divulgação de experiências e propostas de docentes para aeducação básica, que veicula semanalmente artigos de diversos pro�ssionais da Educação nasvárias áreas do conhecimento.Referênciashttps://educacaopublica.cecierj.edu.br/DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEBREGUNCI, M. das G. de C. Zona de desenvolvimento proximal. Glossário Ceale, [s. d.]. Disponívelem: https://www.ceale.fae.ufmg.br/glossarioceale/verbetes/zona-de-desenvolvimento-proximal.Acesso em: 8 jan. 2023.CASTELLS, M. A Sociedade em rede. (A Era da informação: economia, sociedade e cultura; vol.1). 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O foco desta unidade esteve voltado para a organização do trabalho e a rotina docente,buscando compreender de que forma teoria e prática se aliam no dia a dia do educador. Vamos,então, retomar os principais pontos desenvolvidos nas aulas?O pano de fundo das discussões aqui realizadas são as transformações sociais e tecnológicasque se acentuaram com a globalização e impactaram de maneira contundente a relação com aescola e a atividade docente. Vimos que o modelo escolar que conhecemos foi pensado paraatender às demandas da sociedade industrial e, por isso, seguiu o modelo organizacional dotrabalho produtivo aplicado nas empresas com atividades burocráticas, padronizadas econtroladas. Como apontam Tardif e Lessard (2005), esses mecanismos estranhos à atividadedocente transformaram-no em executor de decisões tomadas em outras instâncias.Contudo, muitas mudanças se seguiram e hoje o professor atua em um mundo em constantetransformação. Longe da visão simplista do professor como o detentor do conhecimento, oprofessor se constrói como sujeito pro�ssional na relação entre a sua subjetividade e acomplexidade da realidade escolar inserida em múltiplos e variados contextos sociais, culturais,políticos e econômicos. Diante disso, é preciso pensar a formação de um pro�ssional docentecapaz de lidar com as múltiplas demandas da sociedade contemporânea, de forma crítica eDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEa�nada com os ideais democráticos de formação dos alunos para a inserção no mundo dotrabalho e, principalmente, para o exercício da cidadania.As novas tecnologias de informação e comunicação, chamadas TIC, alteraram nossa relaçãocom o saber e o conhecimento. A escola deixou de ter exclusividade no processo deaprendizagem e, cada vez mais, a educação se desloca para além dos espaços formais, podendoser construída e desenvolvida em todos os espaços de práticas sociais Esse processo promoveuum deslocamento no eixo de construção da identidade do docente que, hoje, é entendido como omediador do conhecimento, o elo de conexão entre as linguagens, os conceitos e aspossibilidades educativas. A atuação mediadora demanda do pro�ssional da educaçãoconhecimentos que vão além do conteúdo programático, identi�cando necessidades, analisandohabilidades e potencialidades individuais e coletivas, de forma a preparar a estrutura cognitiva domediado para que ele consiga ir além dos estímulos recebidos (FEUERSTEIN, 2014).E esse ir além se estende para o desenvolvimento das chamadas soft skills, ou habilidadessocioemocionais. Por isso, a Base Nacional Comum Curricular (BNNC) pensa a educação deforma integral, isto é, em termos de acesso universal para o desenvolvimento de habilidadescognitivas e não cognitivas, articulando a construção de conhecimentos, o desenvolvimento dehabilidades e a formação de atitudes e valores. Ao adotar esse enfoque, a BNCC sugere que asdecisões pedagógicas devem estar orientadas para o desenvolvimento de competências emduas linhas: o que os alunos devem saber (constituição de conhecimentos, habilidades, atitudese valores); e o que devem saber fazer (mobilização desses saberes na resolução de demandasvida cotidiana, do exercício da cidadania e do mundo do trabalho), buscando a construção deuma sociedade justa, igualitária e sustentável (BRASIL, 2018).Tendo em vista tantas e tão amplas questões, faz-se fundamental pensar na elaboração de umplanejamento pedagógico. O planejamento é a etapa de elaboração das diretrizes e atividadesque a escola irá realizar para atingir os objetivos educacionais. Em uma sociedade em rede, épreciso pensar na construção de signi�cados do conhecimento construído em sala de aula. Porisso, o planejamento é realizado em conjunto pela equipe escolar, com a �nalidade de de�nir asações necessárias para o desenvolvimento do ano letivo, levando em conta elementos internos(composição do corpo docente, a infraestrutura da escola, os recursos materiais e �nanceirosnecessários e os efetivamente disponíveis, os objetivos pedagógicos) e externos (relação daescola com a comunidade, seu contexto social, as exigências do mercado e dos governos, etc.).Como você deve ter percebido, tratamos aqui de uma série de temas, cada um com suaespeci�cidade, mas com uma linha que os une: a organização da prática e a rotina docente emum mundo em transformação. Os caminhos não estão dados, mas você, educador, possui ummapa das possibilidades a serem percorridas e das ferramentas necessárias para isso. Nãotenha medo de utilizá-las!Videoaula: Revisão da unidadeEste conteúdo é um vídeo!DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEPara assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelocomputador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativopara assistir mesmo sem conexão à internet.Nesta videoaula, vamos retomar os principais temas abordados durante toda a unidade com oobjetivo de consolidar os conteúdos, transformando-os em conhecimento. Tire um momentopara assisti-la com calma, tomando nota principalmente de suas dúvidas para que possa retornarao material e saná-las. Nesta unidade, tratamos de questões, como mediação e a apropriação doconhecimento e, nesta etapa, em que você é o alunoe eu sua mediadora, é importante que vocêtome a frente da sua aprendizagem. Bons estudos!Estudo de casoSegundo as orientações do BNCC, o tema da escravidão é trabalhado nas aulas de história do 7ºano do Ensino Fundamental II. Neste momento, a temática aparece ligada à formação dasociedade e economia brasileiras no Período Colonial. Como professor responsável por umaturma de 7º ano, você elabora um exercício de avaliação diagnóstica junto aos alunos com oobjetivo de identi�car seus saberes prévios sobre o conteúdo. Porém, nesse processo, vocêpercebe que, para eles, o contexto da escravidão aparece restrito a um momento histórico, a umaúnica forma de trabalho, bem como a uma única população – a população negra – ignorando,assim, a diversidade de formas como a escravidão se apresenta e os sujeitos a ela submetidos.DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTENesse diagnóstico, quatro ideias recorrentes chamaram sua atenção:O discurso da indolência dos indígenas como razão para a sua não escravização.A melhor adaptação do povo negro ao trabalho forçado como herança de uma práticaregular africana.A escravidão como forma de trabalho restrita ao campo e praticada apenas por umaclasse: os latifundiários.A escravidão como uma prática superada e inexistente nos dias hoje.Re�itaPensando na perspectiva do professor como mediador da aprendizagem, que tipos de propostaspodem ser trabalhadas de forma a fazer com que os alunos não apenas internalizem o conteúdocomo matéria de prova, mas transcendam o conhecimento para além da sala de aula,identi�cando a relação entre a história e a sua vida?Videoaula: Resolução do estudo de casoEste conteúdo é um vídeo!Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelocomputador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativopara assistir mesmo sem conexão à internet.As atividades de diagnóstico são fundamentais para o professor, atuando como um termômetro,permitindo medir o nível de desenvolvimento real dos alunos diante do potencial indicado pelosconteúdos programáticos elaborados por documentos, como o BNCC, para cada etapa daformação escolar. A partir desse diagnóstico, o professor pode efetivamente atuar como ummediador, utilizando os recursos disponíveis para aproximar o aluno de questões que, em umprimeiro momento, parecem fora de alcance.Nesse sentido, o professor deve propor atividades que permitam aos alunos desconstruir visõesestigmatizadas e socialmente dispersas pelo senso comum. Por meio de trabalhos de pesquisa,leituras dirigidas, �lmes e debates, podem ser levantadas três principais linhas de trabalho,como:O apresamento indígena durante a colonização e o papel dos jesuítas.A África é uma só? O que se entende por cultura africana? O apresamento da populaçãonegra e o trá�co de escravos como um negócio português.Escravidão contemporânea: o que é? Em que lugares se apresenta? Busca e debate decasos.DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEAlém dos conteúdos especí�cos, as atividades permitem o trabalho de desenvolvimento de softskills, tanto cognitivas quanto não cognitivas. Por exemplo, os debates permitem trabalhar aescuta, a argumentação baseada em dados, a assertividade, o trabalho em equipe, etc. Osestudos de caso contribuem muito para o treino da empatia e a alteridade, pois, ao conhecer ediscutir as situações concretas vividas pelo outro, os alunos podem se aproximar dessasvivências. Outra proposta que trabalha em favor tanto do desenvolvimento do conhecimentohistórico quanto das soft skills são as trocas culturais. Na situação proposta, a visita a espaços,como comunidades quilombolas, permitem aos educandos perceber a história da escravidãopara além da violência física e cultural, mas também como esses povos resistiram e construíramsuas possibilidades de existência.Olá, estudante!Clique Aqui! E acesse seu Plano de Aula.Bons Estudos!Resumo visualhttps://cm-kls-content.s3.amazonaws.com/AMPLI/PRATICAS_PEDAGOGICAS/PRAT_PEDAG_IDENTIDADE_DOCENTE/PRAT_PEDAG_IDENTIDADE_DOCENTE.pdfDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEPlanejamento pedagógicoCompetências e HabilidadesDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEEducação não formalZona de desenvolvimento proximal e mediaçãoDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEReferênciasBRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.FEUERSTEIN, R.; FEUERSTEIN, R. S.; FALIK L. H. Além da inteligência: aprendizagem mediada e acapacidade de mudança do cérebro. Petrópolis: Vozes, 2014.FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz eTerra, 1996.SOUZA, A. M. M. de. A mediação como princípio educacional: bases teóricas de ReuvenFeuerstein. São Paulo: Senac, 2004.TARDIF, M.; LESSARD, C. O trabalho docente: elementos para uma teoria da docência comopro�ssão de interações humanas. Petrópolis: Vozes, 2005.VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicossuperiores. 7. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.capaz de identi�car o conhecimento cientí�co emdetrimento do senso comum ou fake news.Gadotti (2000), a�rma que “a função da escola será, cada vez mais, a deensinar apensarcriticamente. Para isso, é preciso dominar maismetodologiaselinguagens,inclusive a linguagem eletrônica”.DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEVeja que, na de�nição do autor, a tecnologia funciona não apenas como forma de acesso aoaprendizado, mas também para desenvolver o pensamento crítico no aluno. Lembra-se doexemplo do manual de instruções que demos no início de nossa aula e como o conceito de“instruir” está relacionado à transmissão de um conhecimento pronto? Precisamos identi�car opapel do professor como aquele que educa e não um mero transmissor de instruções. Não setrata de instruir o aluno a utilizar um dispositivo eletrônico, mas educá-lo para saber usufruir doconhecimento digital. Se o conhecimento passou a ser de fácil acesso aos alunos e se ainformação está pronta para ser lida, bastando literalmente um clique do celular para ter acessoa ela, cabe ao professor utilizar tais recursos para promover discussões, re�exões, instigar oaluno a pensar e desenvolver um raciocínio crítico. Estamos, portanto, em um momento em queo docente abandona seu lugar de detentor e transmissor do saber, para conduzir o aluno a saberlidar com a informação e promover o aprendizado efetivo através das tecnologias (CECÍLIO; REIS,2016). Remontando ao exemplo da pesquisa sobre Salvador Dalí, que antes era embasada emlivros, podemos pensar que, hoje, ela está pronta na internet, sendo exposta e explicada dediversas formas em centenas de websites. Perceba quão desnecessário seria pedir ao aluno quefaça uma cópia do texto como se fazia no passado. Nessecaso, a atuação do professor seriapromover uma re�exão sobre as obras do artista que estão disponíveis na internet, fazerre�exões em grupo sobre os signi�cados de suas pinturas, conduzir uma discussão sobre quaissentimentos e sensações suas obras provocam nos alunos, en�m... as possibilidades sãobastante amplas e, nesse cenário, estamos deixando o lugar do docente como protagonista doaprendizado e permitindo que o aluno conduza esse processo. O mero instruir é substituído peloeducar, que envolve o aluno e o professor como mediador da aprendizagem, fazendo uso dosrecursos disponíveis para facilitar e diversi�car o aprendizado.Cecílio e Reis (2016) a�rmam que não se trata apenas de novas formas de trabalhar, mas novasformas de ser, pensar o mundo e nele agir. O papel do professor mudou, seu lugar no processode ensino-aprendizagem não é mais o mesmo, estamos diante de novos desa�os trazidos pelatecnologia digital; sua identidade está agora também conectada a essa nova forma de ensinar eaprender, o que requer atualizações e investimento na formação de professores. Esse é umprocesso em que transformações que se fazem necessárias frente ao mundo digitalizado naqual estamos inseridos.Procure re�etir como você, futuro docente, avalia o papel do professor frente ao uso dastecnologias. É possível atrelar o uso do computador a uma prática docente que priorize umaeducação que faça sentido ao aluno e seja transformadora? Como ser o professor que educa oaluno efetivamente em detrimento de uma educação que meramente instrui? Esses sãoquestionamentos pertinentes para sua atuação futura como docente, partindo sempre daconcepção de que é o aluno o protagonista do processo de aprendizagem, o que implica tambémter o aluno como autor desse processo, que também transcorre através do uso da tecnologia.Videoaula: A diferença entre educar e instruir nos diferentes níveis daeducaçãoDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEEste conteúdo é um vídeo!Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelocomputador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativopara assistir mesmo sem conexão à internet.Saiba maisO artigo a seguir trará uma discussão aprofundada sobre o papel do professor diante dastecnologias e como fazer uso das novas ferramentas de modo a promover o aprendizado emsala de aula:Formação docente e tecnologias digitais: uma revisão.Referênciashttps://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/tecnologias-digitaisDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTECECÍLIO, S.; REIS, B. M. Trabalho docente na era digital e saúde de professoresuniversitários.Educação: Teoria e Prática, v. 26, n. 52, p. 295-311, 30 ago. 2016. Disponível em:https://www.periodicos.rc.biblioteca.unesp.br/index.php/educacao/article/view/8382/7669Acesso em: 19 dez. 2022.GADOTTI, M. Perspectivas atuais da educação. São Paulo em Perspectiva, v. 14, p. 3-11, 2000.Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0102-88392000000200002 Acesso em: 19 dez. 2022.GÓMEZ, A. I. P. Educação na era digital: A escola educativa. Porto Alegre: Penso, 2015.GUIMARÃES, Í. L.et al.Educação: novas perspectivas no uso das tecnologias.Revista Cientí�caMultidisciplinar Núcleo do Conhecimento. a. 7, 10. ed., v. 02, p. 24-41. Outubro de 2022.Disponível em: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/uso-das-tecnologiasAcesso em: 20 dez. 2022.INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Ministério daEducação. Pesquisa revela dados sobre tecnologias nas escolas. Disponível em:https://www.gov.br/inep/pt-br/assuntos/noticias/censo-escolar/pesquisa-revela-dados-sobre-tecnologias-nas-escolas Acesso em: 22 dez. 2022.NOGUEIRA, L. I. A.; MARTINS, I. C.; SILVA, G. R. da.Formação docente e tecnologias digitais: umarevisão.Revista Cientí�ca Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. a. 6, 1. ed., v. 5, p. 30-44,Janeiro de 2021. Disponível em:https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/tecnologias-digitais Acesso em: 20 dez.2022.https://www.periodicos.rc.biblioteca.unesp.br/index.php/educacao/article/view/8382/7669https://doi.org/10.1590/S0102-88392000000200002https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/uso-das-tecnologiahttps://www.gov.br/inep/pt-br/assuntos/noticias/censo-escolar/pesquisa-revela-dados-sobre-tecnologias-nas-escolashttps://www.gov.br/inep/pt-br/assuntos/noticias/censo-escolar/pesquisa-revela-dados-sobre-tecnologias-nas-escolashttps://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/tecnologias-digitaisDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEAula 3A ação docente na garantia dos direitos de aprendizagemIntroduçãoOlá!Nesta aula, você compreenderá o papel da escola frente à diversidade cultural e como a práticadocente deve conduzir esse processo. Em um mundo permeado de preconceitos,marginalização, xenofobia e diversas formas de intolerância, torna-se necessária umaintervenção educacional que desenvolva nos alunos atitudes de respeito e tolerância frente àsdiferenças. Há alguns anos, o reconhecimento das diferenças culturais na escola era realizadoatravés de atividades pontuais nas datas comemorativas, enquanto, hoje, temos aobrigatoriedade de trabalhar essa diversidade ao longo de todo o ano e em diferentes momentos,em um trabalho constante que se amplia para diversos contextos da educação. Torna-se, assim,fundamental o trabalho docente que proporcione aos alunos o encontro com essas diversidades,em um processo de reconhecimento e valorização do outro a partir suas diferenças.Vamos começar?Diversidade e a construção das identidadesDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEConvido você a imaginar a seguinte situação: você caminha por uma rua em um dia bastantemovimentado, talvez para fazer suas compras ou apenas para um passeio. Tão concentrado emseus próprios afazeres e pensamentos, provavelmente não notará quão rodeado estará pordiferentes pessoas. Se tivesse oportunidade de conversar com cada indivíduo que passou porvocê, provavelmente conheceria pessoas de diferentes cidades, estados ou até mesmo países,com diferentes sotaques, culturas, religião e histórias de vida. Estamos cercados peladiversidade; oBrasil é diverso, o mundo é diverso, sendo, portanto, papel da escola o trabalhovoltado para a diversidade, em um trabalho de reconhecimento e legitimação das diferentesculturas.DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTERamalho (2017) a�rma que a escola do passado homogeneizava o aluno exigindo que todospensassem da mesma forma, o que viabilizava o controle da população. Hoje, é dever da escolareconhecer as diferenças e abandonar paradigmas de inferioridade e superioridade, criando noaluno o senso de tolerância e o reconhecimento de direitos iguais para todos os grupos.Assim, se no convívio com a diversidade inevitavelmente encontraremos o diferente, o oposto, odivergente, é fundamental que as escolas sejam capazes de ensinar seus alunos a olhar paraessas diferenças e conviver com elas. Não se trata apenas de mostrar ao aluno que asdiferenças existem, que são uma realidade e que devemos saber respeitá-las, mas ensiná-lo avalorizar essa diversidade, compreender as origens que permeiam diferentes etnias, costumes eculturas e, mais que isso, saber que podemos aprender com a diversidade a partir do momentoque compreendermos seu valor na sociedade.Paula (2013), aponta que, apesar de haver a comum associação entre desigualdade e classesocial, trata-se de um conceito bem mais abrangente e perpassa por questões étnicas, sociais,culturais, geracionais, de orientação sexual, entre outros. A autora ainda reforça que hátendências generalistas de considerar todos iguais, levando em conta apenas as característicasbiológicas dos indivíduos, mas que nos aspectos sociais e culturais não há igualdade.Pensando na atuação da escola frente à diversidade, estaremos diante de alunos de diferentesetnias, diferentes culturas, diferentes histórias de vida; é o sujeito social que deve sercompreendido a partir de sua história. O docente que tem seu trabalho focado na diversidadeatua na construção e rea�rmação da identidade desse sujeito. Por exemplo, ao abordar sobreetnias raciais em uma aula de história a partir da origem e história do negro, o professor estará,junto com a sala, traçando o percurso histórico desses povos, o que faz com que o alunocompreenda a raiz do preconceito, ao mesmo tempo que trabalha a identidade, reconhecimentoe autoestima dos alunos negros presentes na sala de aula. Veja que, nesse caso, é um trabalhoque atua no campo coletivo, combatendo o pensamento racista através do conhecimento dahistória do negro, ao mesmo tempo que se faz uma intervenção no campo individual, a�rmandoa identidade desses alunos. Ainda sobre a construção da identidade, Paula (2013, p. 47), ressaltaque“as identidades são todas construídas, não havendo uma essência, uma identidade‘natural’, mas um conjunto de signi�cados baseados na identidade”.Trabalhar com a diversidade no contexto escolar é, portanto, construir e reconstruir taisidentidades que são sempre inacabadas e estão em um constante processo, modi�cando, assim,a ótica pela qual vemos uns aos outros, promovendo intervenções voltadas para uma educaçãotransformadora e signi�cativa.Diversidade na legislaçãoDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTENem sempre a diversidade teve sua relevância dentro do sistema escolar. Se há alguns anos oíndio era lembrado pela escola no dia 19 de abril através de um trabalho de arte ou uma pesquisae depois era esquecido, ou se o negro era somente lembrado na aula sobre a abolição daescravidão, hoje temos a lei que obriga as escolas a tratarem os temas ao longo do ano e emdiferentes disciplinas, garantindo a valorização das diferenças dentro da escola.A Constituição Federal de 1988 promulga em seus artigos 205 e 206 a educação como direito detodos e a igualdade de condições para o acesso e permanência na escola (Brasil, 1988). Issoassegura o acesso de toda e qualquer criança à escola, independente de aspectos, como etniaDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEou classe social, porém, na lei, não há qualquer declaração sobre o aprendizado escolar voltadopara a diversidade.Na LDB - Leis de Diretrizes e Base da Educação Nacional, o Artigo 3º menciona a consideraçãocom a diversidade étnico-racial como um dos princípios. Já no Artigo 26, menciona que nosestabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-seobrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena. Além disso, os conteúdosreferentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministradosno âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literaturae história brasileiras (BRASIL, 1996).Vemos, desse modo, que a lei garante que tais conteúdos sejam abordados durante todo ocurrículo escolar, o que implica assegurar o aprendizado não apenas em datas especiais oucomemorações, mas expor os alunos às questões de diversidade ao longo do ano.Na BNCC - Base Nacional Comum Curricular, a valorização pela diversidade é abordada emvários momentos, citando, por exemplo, que“as escolas precisam elaborar propostas pedagógicas que considerem asnecessidades, as possibilidades e os interesses dos estudantes, assim como suasidentidades linguísticas, étnicas e culturais” (BRASIL, 2018, p. 15).Também a�rma que deve haver“acolhimento pelas diferenças individuais, tanto no que diz respeito à diversidadeétnico-cultural quanto em relação à inclusão de alunos da educação especial”(BRASIL, 2018, p. 327).Esses são apenas alguns exemplos para que você perceba o quanto avançamos em relação aoreconhecimento da importância em tratar a diversidade nas escolas; porém ainda se faznecessário que os professores saibam trabalhar tais temas nos contextos das disciplinas,conforme apregoa a lei. Sobre esse aspecto, Sousa (2016, p. 3) reforça que“a diversidade dos sujeitos, de seus modos de aprendizagem e participação na vidaescolar não é uma questão de ‘modismo’ pedagógico, mas uma questão de grandeimportância para os que pensam a educação de forma séria, crítica e comprometidacom a realidade”.Assim, a diversidade deixa de ocupar olugar de mero preenchimento de currículos com umaatividade extra em uma data comemorativa, para um ensino que valoriza as diferenças,desenvolve atitudes de respeito nos alunos e os humaniza.Procure agora se lembrar da sua vida escolar. A diversidade cultural era trabalhada ao longo doano ou apenas em datas comemorativas? Havia preocupação por parte de seus professores emdesenvolver nos alunos atitudes de respeito frente às diferenças? Agora, pense em suasvivências nos estágios que realiza: já pôde observar uma aula em que questões sobre adiversidade foram abordadas? Como as atividades foram conduzidas? Trata-se de um processodiferente daquele vivenciado por você enquanto aluno?DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEAs diversidades na atuação prática do docenteNesse contexto, em que falar sobre a diversidade é uma obrigatoriedade no sistema escolar, epensando em uma educação que seja transformadora, como inserir tais conteúdos nas aulas?De que forma abordar questões de etnia, religião, orientação sexual e diversidade cultural em umtrabalho cujo foco é educar o aluno para reconhecer as diferenças e desenvolver atitudes derespeito, ética, empatia e solidariedade?É fundamental que o professor conheça sua sala de aula. De onde vêm seus alunos? Alguns vêmde outras cidades, outros estados ou outros países? Quais etnias se fazem presentes nesseDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEespaço? Os alunos e suas famílias são seguidores de alguma religião? São apenas algumasperguntas para nortear o trabalho para que você conheça efetivamente seus alunos e que,posteriormente, guie a prática voltada para o conhecimento da diversidade nesse contexto.Em um cenário em que objetivamos despertar os alunos para o reconhecimento dasdiversidades culturais e desenvolver o respeito a cada uma dessas diferenças, é necessárioquehaja diálogo entre os diferentes sujeitos. Perceba que não basta dar uma aula expositiva sobre aescravidão no Brasil, focando apenas nos aspectos históricos, e esperar que haja mudançassigni�cativas quanto à forma de reconhecer o negro em nossa sociedade. É preciso promoverdiálogos, dar voz ao aluno negro e ao aluno branco para que se expressem quanto às suasvivências e percepções, promovendo debates, dinâmicas, seminários ou outras interações quepossibilitem essas trocas, permitindo que alunos advindos de outras regiões do Brasil falem dasua cidade, seu povo, sua cultura. Em uma situação de bullying, na qual algum tipo de diferençanão foi respeitado, aproveite o momento para uma discussão construtiva, procurandocompreender de que forma tais diferenças incomodam e geram atritos.Observe que, nesse último exemplo, trata-se de um fato espontâneo ocorrido fora do contexto deum aprendizado formal: é uma situação que faz parte dos desa�os escolares, mas que pode serutilizada para trabalhar as diferenças. É fundamental que você compreenda que o aprendizadosobre a diversidade ocorre através da experiência, do convívio e da afetividade. Não há aulaexpositiva ou uma tarefa de casa que substitua a vivência do dia a dia com as diferenças, comaquilo que, em princípio, pode parecer estranho, mas que passamos a aceitar e valorizar depoisque conhecemos. Por isso, a atividade em grupo, como debates, dinâmicas, jogos ou qualqueroutra prática que envolva o convívio entre os alunos, é fundamental, já que é nas trocas que osalunos podem se conhecer e viabilizar vivências nas quais as diferencias se evidenciam e podemser trabalhadas.A diversidade não se limita a uma disciplina especí�ca, podendo ser trabalhada nas aulas deportuguês, por exemplo, ao falarmos dos diferentes sotaques das diferentes regiões do Brasil, naaula de língua estrangeira, valorizando a cultura de outros países, na aula de arte, aproximando-se de expressões culturais de diferentes regiões do Brasil, na aula de educação física,trabalhando a diversidade dos ritmos e danças brasileiros. Esses são apenas alguns exemplospara que você observe que as possibilidades são amplas e aplicáveis em diferentes contextos.Você pode pensar em outras formas de abordar as diversidades culturais no contexto escolar?Como promover atitudes de mudança e transformação nos alunos através do encontro com asdiferenças? A escola está preparada para tratar essas questões? Deixamos essas questões parauma re�exão sobre sua atuação como futuro docente que, entre outras tarefas, tem o papel demostrar ao aluno a importância e riqueza de cada cultura, e o quanto aprendemos, nostransformamos e crescemos através delas.Videoaula: A ação docente na garantia dos direitos de aprendizagemEste conteúdo é um vídeo!DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEPara assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelocomputador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativopara assistir mesmo sem conexão à internet.A escola tem sua função social e, nesse sentido, é responsável por promover o aprendizadovoltado para o conhecimento e valorização das culturas. No vídeo a seguir, você aprenderá maissobre as práticas voltadas para atuação do docente frente à diversidade cultural e comopromover nos alunos atitudes de respeito e tolerância diante das diferenças, tornando oaprendizado transformador e desenvolvendo o senso de reconhecimento e a�rmação dasdiversidades culturais.Saiba maisLeia o texto a seguir e aprofunde seus conhecimentos a respeito da diversidade cultural nocontexto da educação, desenvolvendo nos alunos a cidadania, valores éticos e morais.Diversidade Cultural: A Importância das Diversas Culturas no Ensino-Aprendizagem, noDesenvolvimento da Cidadania e na Preservação de Valores Éticos e Morais.Referênciashttps://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/diversidade-culturalhttps://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/diversidade-culturalDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEBRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988.Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm Acesso em:30 dez. 2022.BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB. 9394/1996. Disponível em:Brasília, 1996. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm Acesso em: 30 dez. 2022.BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Disponível em:https://www.academia.edu/43191123/BNCC_EI_EF_110518_versao�nal_site Acesso em: 30dez. 2022.PAULA, C. R. Educar para a diversidade: entrelaçando redes, saberes e identidades. Curitiba:Intersaberes, 2013.Ramalho, L. da S. Diversidade cultural na escola.Diversidade e Educação,v. 3, n. 6, p. 29-36,2017. Disponível em: https://periodicos.furg.br/divedu/article/view/6376 Acesso em: 4 jan. 2023.SOUSA, M. A. A. et al.Diversidade, exclusão e inclusão na educação escolar. Anais... II CINTEDI,Campina Grande: Realize Editora, 2016. Disponível em:https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/22835 Acesso em: 31 dez. 2022.Aula 4Processos de aprendizagemIntroduçãohttps://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htmhttp://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdfhttps://periodicos.furg.br/divedu/article/view/6376https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/22835DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTENesta aula, veremos de que forma a atuação prática do professor in�uencia o processo deaprendizagem e como desenvolver uma abordagem que promova o pensamento re�exivo equestionador. Se o professor do passado tinha como foco a transmissão de conteúdos e o alunoera apenas um ouvinte passivo e receptor do conhecimento, hoje, sabemos que tal abordagemnão coloca o aluno como autor do aprendizado, sendo o professor a �gura de autoridade da salade aula. Nesse contexto, veremos que a atuação docente pode inibir processos criativos oupossibilitar que se a�orem, dependendo da forma que o professor conduz as atividades em salade aula. Você verá como deve ser a prática do professor que constrói o aprendizado junto aoaluno, em um percurso que tem como objetivo torná-lo protagonista de seu aprendizado.Vamos lá?Professor e aluno: uma relação hierarquizada baseada no controleDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEPara iniciar nossa aula, peço a você que procure imaginar, por alguns segundos, uma sala deaula. Como é essa imagem para você? Como estão distribuídas as carteiras? Onde �ca a mesado professor? Agora, imagine essa sala com alunos e professor. Onde o professor se localizanesse espaço? E os alunos?É provável que você tenha imaginado uma sala de aula com as carteiras en�leiradas e a mesa doprofessor, bem maior que a dos alunos, à frente da sala. Talvez os alunos estejam sentadosfazendo suas anotações, enquanto o professor explica a matéria. Essa cena clássica vem ànossa mente, pois é o cenário escolar que fez parte de nossa educação e se perpetua até hojeem grande parte das escolas.DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEO que essa cena nos fala sobre a educação? Ela nos dá indícios sobre como concebemos oprocesso de ensino aprendizagem? Primeiramente, podemos dizer que ela nos remonta à ideiade que o professor está acima dos alunos, é a autoridade máxima da sala de aula; há, portanto,uma relação hierarquizada. Perceba que o professor à frente da sala tem total visão dos alunos,o que lhe dá controle sobre os seus comportamentos, enquanto a posição dos alunosen�leirados, sem se olharem, supostamente, di�cultaria conversas, já que os alunos devemapenas dirigir a palavra ao professor, quando permitido.Nessa relação, o professor é o detentor e transmissor do saber, enquanto o aluno é ouvinte epassivo nesse processo. Os alunos passam a maior parte do tempo do períodoem que estão naescola sentados nas carteiras, ouvindo o professor e fazendo anotações em seus cadernos oulivros. Nesse contexto, o foco das aulas está no conteúdo, ou seja, a educação é voltada para atransmissão de grande quantidade de informações que, por sua vez, devem ser absorvidas pelosalunos e cobradas através de testes e avaliações que, de acordo com Luckesi (2011), deveriamser utilizadas para compreender os avanços, limites e di�culdades dos alunos, mas sãomeramente para classi�car e expressar aprovação ou reprovação, desenvolvendo nos alunos umciclo de medo diante da ameaça do desempenho abaixo do esperado.A LDB - Leis e Diretrizes e Bases da educação menciona a educação voltada para odesenvolvimento pleno do aluno, ressaltando, no artigo 20, o desenvolvimento da criança “emseus aspectos físico, psicológico, intelectual e social”, além de garantir ao adolescente estudantedo ensino médio“um trabalho voltado para a construção de seu projeto de vida e para sua formaçãonos aspectos físicos, cognitivos e socioemocionais” (Brasil, 1996).Assim, considerando o contexto que apresentamos e a partir do que assegura a lei, procurere�etir: é possível trabalhar o desenvolvimento da criança em seus aspectos integrais e plenos,conforme a�rma a lei, dentro de uma sala de aula que visa controle e disciplina? Em uma relaçãohierarquizada, na qual o docente está acima do aluno, é viável um trabalho humanizado, queenvolva um aprendizado baseado na afetividade e no desenvolvimento de uma relação decon�ança e respeito entre professor e aluno?Moran (219) nos lembra que a escola deve focar sua conduta para a aprendizagem, vida criativa,experimental, com professores que ajudem a aprender fazendo, com menos aulas informativas emais atividades de pesquisa, com professores que promovam aulas instigantes, trazendodesa�os e problemas a serem solucionados.O professor como mediador do aprendizadoDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEDiante do cenário de hierarquia na sala de aula, do professor como o detentor do saber, alunossendo avaliados a partir de métodos que não mensuram conhecimento e o grande desa�o daindisciplina na sala de aula, não há dúvidas de que precisamos repensar nossos métodos deensino e o verdadeiro papel do professor frente ao aprendizado.Precisamos abandonar a ideia da relação hierarquizada entre professor e aluno e o docentecomo autoridade e transmissor do saber, considerando que não há aprendizado verdadeiro emuma relação permeada pelo foco na disciplina e controle. No momento em que essa hierarquiase desfaz, aluno e professor ocupam o mesmo nível na sala de aula e caminham juntos nopercurso da aprendizagem. A afetividade passa a ser uma ferramenta essencial, já que seDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEestabelece uma relação horizontal, tirando o professor do centro desse processo. Para Moran(2013), a afetividade impacta as interações e muda até o resultado da aprendizagem, já queenvolve os alunos e multiplica suas potencialidades. Ainda segundo o autor, a solidão inerente àsociedade contemporânea torna o homem mais sensível a apelos emocionais do que racionais.Desse modo, a relação de medo e controle é substituída por uma relação de afeto e empatia,eliminando, assim, o componente de controle que se manifesta na prática dos professores.Abandonar o lugar de mero transmissor do saber é passar a ser o mediador do aprendizado, ouseja, criar um ambiente em que o aluno é constantemente estimulado a desenvolver seuraciocínio e re�exões a respeito de diversos assuntos, independente da disciplina. O professornão é ausente no aprendizado, mas faz as intervenções no momento certo, não para darrespostas prontas, não para dizer que o aluno está errado em seu raciocínio e que deve dar aresposta certa, mas com o objetivo de facilitar esse caminho, apontar possíveis direções, instigare questionar.Perceba que não se trata apenas da postura do professor perante o aprendizado, mas, nesseprocesso, estamos fazendo com o que o aluno questione, re�ita, erre e acerte, até chegar às suaspróprias conclusões. É um processo de descobrimentos e criatividade. É nesse sentido que odocente tem o poder de inibir essa criatividade ou fazê-la emergir; pode conduzir o aluno aopensamento re�exivo ou dar respostas prontas; pode incentivar o questionamento ou silenciar oaluno que faz muitas perguntas. Sua conduta irá in�uenciar nessas diferentes respostas.O aluno sempre ocupou o lugar de um ouvinte, um ser passivo dentro da sala de aula que estavaali apenas para receber informações. O professor em sua atitude mediadora tira o aluno desselugar, que passa a ser ativo e participante na construção do saber em uma atuação conjuntaentre professor e aluno. Guerreiro e Lima (2020) comparam o trabalho docente mediador a umpersonal trainer que prepara o aluno a partir de níveis de di�culdade adequados, fornecendoferramentas a serem utilizadas na execução da tarefa e oferecendo feedback sobre seudesempenho.Como tem sido sua experiência nos estágios quanto à atuação do professor? Você percebe odocente como o centro do aprendizado, estando o aluno apenas no lugar de ouvinte? Asatividades são propostas de forma que aluno e professor trabalhem conjuntamente, com asintervenções feitas nos momentos devidos, ou o aluno trabalha de forma individual? Quais outrosaspectos da relação entre professor e aluno são destacados nesse processo?A mediação e atuação prática do docenteDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEO que signi�ca, na prática, ser o mediador do aprendizado? Como conduzir a criança nesseprocesso?Os conteúdos devem ser signi�cativos para o aluno e sempre contextualizados. Um aluno podedominar a resolução de equações, pode saber as datas dos diferentes períodos literários ou termemorizado a função de cada órgão do corpo humano, mas se tais conteúdos não �zeremsentido para ele podemos dizer que o aprendizado foi em vão, e di�cilmente será aplicado emsua vida cotidiana. É preciso que o aluno reconheça a utilidade dos diversos assuntos estudadosno dia a dia. Para Guerreiro e Lima (2020, p. 5), no aprendizado contextualizadoDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTE“o aluno busca e constrói sentido para sua vida e ações, associando e conectandonovas situações aos signi�cados positivos que foram dados às situações anteriores”.As atividades em pares ou em grupos devem ser privilegiadas em detrimento de atividades queexecutadas individualmente. É do trabalho coletivo que �orescem discussões, debates e trocasque podem enriquecer o aprendizado, a�nal, é na partilha de ideias e escutas que novas ideiasemergem, além da possibilidade de trabalhar questões, como empatia, solidariedade e convívioem grupo.O professor mediador do aprendizado questiona, conduzindo o aprendizado através deperguntas. Vamos a um exemplo prático? Se quero que meus alunos compreendam o conceitode “literatura”, posso iniciar a aula dando diversas de�nições e, depois, pedir que escrevam emuma folha tudo o que entenderam. Observe que, nesse caso, estou oferecendo o conteúdo prontoao aluno, não há questionamentos, re�exões ou o incentivo ao pensamento criativo. Em umaabordagem cujo processo é mediador e facilitador, posso perguntar aos alunos o que lhes vem àmente quando falo em “literatura”. Já ouviram essa palavra antes? Em que contexto? Quaissigni�cados podemos atribuir a ela? Há apenas um signi�cado ou vários? Essas são apenasalgumas perguntas para nortear o pensamento do aluno e, junto com o professor, chegarapossíveis respostas. Veja que não estamos cobrando dos alunos a resposta “certa” ou “errada”,pois o objetivo não é medir conhecimentos, mas conduzir o aluno ao pensamento re�exivo eprodutivo.Ser mediador, além de instigar o aluno e levá-lo a re�exões, é também incentivar o trabalhoindependente e autônomo. Se nosso objetivo é evitar respostas prontas e motivar o aluno apensar, então, as intervençõesdo professor ocorrerão também no momento oportuno,contribuindo com o aprendizado através de perguntas e colocações que conduzam o aluno asuas próprias conclusões.Nesse contexto, em que o aprendizado é construído em um processo contínuo juntamente com oprofessor, o erro não é visto como algo a ser simplesmente corrigido, mas é uma ferramenta aser utilizada para conhecer o pensamento do aluno e possibilitar que aluno e professor tracemjuntos diferentes percursos. Luckesi (2013) ressalta que o erro deve ser visto como uma “virtude”no contexto escolar, é um indicador de que ainda não se chegou à solução �nal, além de nosmostrar como “não resolver” uma determinada tarefa; é uma oportunidade de revisão e avanço.Você pode pensar em outros contextos em que o professor atua como mediador na sala de aula?Há desa�os em relação a esse tipo de abordagem de ensino? De que outras formas o aluno sebene�cia de um aprendizado que ocorre junto ao professor? São algumas perguntas para re�etirsobre sua futura atuação pro�ssional, levando em consideração o aluno, que agora passa a serautor de seu aprendizado.Videoaula: Processos de aprendizagemEste conteúdo é um vídeo!DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEPara assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelocomputador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativopara assistir mesmo sem conexão à internet.Não há dúvidas de que o trabalho do professor in�uencia diretamente a aprendizagem, adepender da forma que conduz sua aula. Uma aula expositiva, cujo papel do aluno é apenas ouvire reproduzir os conteúdos, não levará o aluno a re�etir, questionar ou despertar a criatividade,enquanto em uma aula na qual a curiosidade é estimulada, em um trabalho em conjunto com oprofessor, o aprendizado certamente será prazeroso e signi�cativo. No vídeo a seguir, você verácomo a atuação prática docente in�uencia em tais processos e como abandonar o lugar de merotransmissor do saber.Saiba maisPara ampliar sua visão a respeito do papel do professor na sala de aula e a importância de seutrabalho como mediador do ensino, sugerimos a leitura do texto:Aspectos constitutivos da mediação docente e seus efeitos no processo de aprendizagem edesenvolvimento.Referênciashttp://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-69542015000100006http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-69542015000100006DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEALTENFELDER, A. H. Aspectos constitutivos da mediação docente e seus efeitos no processo deaprendizagem e desenvolvimento.Constr. psicopedag., São Paulo, v. 23, n. 24, p. 59-76, 2015.Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-69542015000100006. Acesso em: 9 jan. 2023.BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,LDB. 9394/1996. Brasília, 1996.Disponível em https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm. Acesso em: 9 jan. 2023.LIMA, M. B. R. M.; GUERREIRO, E. M. B. R. Per�l do professor mediador: proposta deidenti�cação.Educação, Santa Maria, v. 44, e34189, 2019. Disponível em:http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-64442019000100021&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 10 jan. 2023.LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem escolar. São Paulo: Cortez, 2011.MORAN, J. M. A educação que desejamos: novos desa�os e como chegar lá. São Paulo: Papirus,2013.Aula 5Revisão da unidadeA prática docente e sua in�uência na construção do saberhttp://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-69542015000100006http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-69542015000100006https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htmhttp://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-64442019000100021&lng=pt&nrm=isohttp://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-64442019000100021&lng=pt&nrm=isoDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTENesta unidade, percorremos a trajetória da história da educação, iniciando com o períodojesuítico, no qual os padres jesuítas tinham como objetivo catequizar indígenas no contexto dareforma protestante e movimento da contrarreforma. Os indígenas aprendiam forçosamente umanova cultura, novos hábitos e novas normas sociais, em um processo de aculturação e abandonode suas crenças. Os colégios faziam uso do Ratio Studiorum, um documento que ditava asregras e orientações sobre o sistema educacional, norteando a atuação dos padres quelecionavam nas escolas. No período do Brasil Imperial, é homologada a constituição de 1824, naqual a educação passa a ser gratuita a todos os cidadãos. No período da República, foi criado omovimento “Escola Nova” que, entre outras questões, procurava garantir a qualidade de ensinoDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEdas escolas e combater o elitismo na educação. A constituição de 1934 declarou a educaçãocomo direito de todos e, em 1961 foi promulgada a LDB - Leis de Diretrizes e Base da Educação.Em 1996, a nova LDB foi homologada, de�nindo a educação para todos, com a �nalidade dopleno desenvolvimento do educando. A divisão dos níveis escolares passou a ser estruturada empré-escola, ensino fundamental e ensino médio. Em 2018, foram homologados os documentosda BNCC, que tem como objetivo nortear o trabalho do professor voltado para o desenvolvimentodas aprendizagens essenciais em todas as escolas do Brasil, públicas ou privadas, garantindoum ensino de qualidade.Você aprendeu que educar e instruir, embora possam, em princípio, parecer sinônimos, possuemum signi�cado diferente quando compreendemos a prática docente. Instruir signi�ca guiar oaluno a partir de instruções prontas, já educar implica percorrer um caminho dequestionamentos, re�exões e investigações, em um percurso construído juntamente com oprofessor. Vivemos na “era digital”, o que demanda que as escolas se adaptem a essa novarealidade, cuja informação está no espaço cibernético. É nesse contexto que o docente passa ater também a função de um educador voltado para o ensino tecnológico, educando o alunoquanto ao uso das informações disponíveis e auxiliando-o a utilizar de forma produtiva oconhecimento ao qual tem acesso, não se resumindo a um mero instrutor de dispositivoseletrônicos.Você aprendeu que, em uma sociedade permeada por grande diversidade cultural, é dever daescola trabalhar essas diferenças através de práticas que promovam respeito, tolerância evalorização dessa pluralidade. A LDB declara ser obrigação da escola trabalhar questões étnico-raciais e sobre os povos indígenas o ano todo, exigindo que as escolas abandonem a práticausual de trabalhar tais temas em datas comemorativas, mas abordar continuamente, dada aimportância de se combater atitudes de preconceito e racismo presentes em nossa sociedade.Finalmente, vimos também que a atuação prática do professor in�uencia diretamente na formaque o aluno constrói e re�ete sobre os conteúdos aprendidos. Assim, torna-se fundamental querepensemos nossos métodos de ensino e que priorizemos uma prática voltada para um trabalhoconjunto com o professor, na qual o docente passa a ser mediador da aprendizagem e constrói oconhecimento junto ao aluno, através de questionamentos que levem ao pensamento re�exivo ecriativo.Videoaula: Revisão da unidadeEste conteúdo é um vídeo!Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelocomputador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativopara assistir mesmo sem conexão à internet.DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTERe�etir sobre o papel do professor na educação é fundamental para reconhecermos suain�uência no aprendizado e pensarmos em intervenções que garantam a qualidade do ensino e oaprendizado efetivo. No vídeo a seguir, faremos um resumo dos principais tópicos abordadosnesta unidade, promovendo uma re�exão sobre a �gura do professor no desenvolvimentodosalunos e na construção do conhecimento.Estudo de casoImagine que você é professor de uma sala de aula do 5º ano e atua em uma escola localizadaem alguma cidade da região Sudeste do Brasil. Certo dia, um tempo após o início das aulas, vocêrecebe em sua turma um novo aluno, Pedro, vindo do Nordeste, e que se mudou para a regiãoSudeste recentemente, devido ao trabalho dos pais. Apesar de, em um primeiro momento, sesentir um pouco acuado por estar em um ambiente novo, Pedro procura fazer algumas amizadese passa a conversar com alguns alunos. Após alguns dias desde sua chegada, você vê um alunodurante o intervalo zombando de seu sotaque, pedindo a ele que fale “do jeito certo”. Aoconversar com a turma sobre o ocorrido, Pedro diz que, além de zombarem de sua forma defalar, também riram dele quando disse que ele e sua família dançavam Maculelê, uma dançatípica da Bahia.A diversidade cultural está presente nas escolas. Para Freitas (2012, p. 28)“não existe uma cultura, mas culturas particulares, com seus códigos, suas regras,seus signos e signi�cados”.DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEAssim, o professor estará diante de uma pluralidade cultural em sua sala de aula, na qualdiferentes expressões da cultura se farão presentes e, a partir delas, questões envolvendo taldiversidade emergirão no cotidiano escolar, cabendo à escola e ao professor intermediar essasdemandas.Esse cenário, além de nos alertar sobre a relevância em trabalhar as diferenças no âmbitoescolar, nos lembra que abordar questões pertinentes à diversidade cultural não se limita àsaulasque fazem parte dos conteúdos programáticos, mas nos rementem à possibilidade defazer uso de situações nas quais as diferenças se evidenciam para trabalhar questões derespeito, preconceitos e tolerância, mostrando-nos que o aprendizado não se resume somente auma sala de aula, um giz e uma lousa, mas ocorre o tempo todo, em diversos cenários escolares.Freitas (2012) alerta para a omissão da escola quanto a situações de intolerância frente àsdiferenças, que muitas vezes ocorrem por medo, desconhecimento ou comodismo, perpetuandoatitudes que necessitam de intervenções, mas que passam despercebidas.Michaliszym (2012) reforça que a escola é um lugar no qual a heterogeneidade se faz presente,portanto, ignorar essa é realidade seria desconsiderar a singularidade de cada aluno e suasidentidades, em um trabalho que homogeneíza os alunos e deixa de reconhecer essaspluralidades para que as diferentes culturas sejam manifestadas e legitimadas.Assim, se a sociedade é permeada de preconceitos, racismo, xenofobia e outros tipos deintolerância, faz-se papel da escola promover intervenções que mudem a ótica dos alunos paraas diferenças e transforme a intolerância em respeito, o individualismo em solidariedade, opreconceito em valorização das diferenças.Re�itaTrabalhar a diversidade cultural na escola não se limita aos conteúdos ensinados na aula dehistória. Uma abordagem interdisciplinar é fundamental para que as diferenças sejamtrabalhadas a partir de diferentes perspectivas e em diferentes atividades. Porém, torna-seessencial que o professor crie espaços para abordar tais questões também fora de propostasestruturadas, em situações de convívio entre os alunos, no cotidiano escolar. Se nosso objetivo épromover mudanças nos alunos a partir de uma abordagem transformadora que efetivamentepromova atitudes de respeito e tolerância ao outro, precisamos também trabalhar no campo daafetividade, já que é no convívio e nas questões que emergem a partir das trocas entre osindivíduos que poderemos fazer intervenções signi�cativas. Em nosso exemplo, temos umasituação que faz parte do dia a dia escolar, algo corriqueiro e que poderia passar despercebidopela escola, por isso é essencial que você, em sua futura atuação como docente, esteja atento aessas demandas que surgem fora de atividades estruturadas, tanto pelo fato de não permitir queuma situação de con�ito e exclusão ocorra sem uma devida intervenção, mas também por setratar de um contexto que pode trazer discussões frutíferas para a sala, promovendo asmudanças que tanto almejamos. Videoaula: Resolução do estudo de casoEste conteúdo é um vídeo!DisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEPara assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelocomputador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativopara assistir mesmo sem conexão à internet.Vamos agora nos lembrar de Pedro, o aluno que veio do Nordeste e está enfrentando algunsdesa�os em sua chegada ao Sudeste, tendo a impressão de não ser bem aceito por seus colegase vivenciando preconceitos. Quais seriam as possíveis abordagens para mediar essa situaçãoem que há claramente elementos de preconceito, intolerância e hostilidade frente a umadiferença cultural?Uma conversa com a criança que está sendo hostilizada é importante, bem como ouvir aqueleque está cometendo o ato de bullying, porém é também fundamental que o con�ito seja levadopara toda a sala de aula, aproveitando a situação para trabalhar questões de respeito etolerância.Pedro foi zombado por seu sotaque, por não falar “do jeito certo”. Nesse aspecto, temos umadiscussão que é fundamental e que pode levar os alunos a várias re�exões: por que falamos demaneiras diferentes? Por que uma pessoa que mora no Nordeste fala de uma maneira, e quemmora no Sul ou Sudeste fala de outra? Há uma forma “melhor” ou “pior” de se expressar?Observe que você conduzirá o aluno a uma re�exão sobre as variações linguísticas e porque elassão ricas e importantes para a cultura de uma sociedade.Pedro contou a seus colegas de sala que pratica a dança “Maculelê”, o que também causouestranhamento nos alunos por desconhecerem esse tipo de dança. Temos aqui outraoportunidade para conhecermos uma nova cultura. Você poderia perguntar aos alunos: “o queuma dança diz sobre um determinado lugar? De que forma a arte nos fala a respeito das origensde um país ou uma sociedade? Será que temos algo a aprender com o “Maculelê”? Seria,portanto, um momento oportuno para falar da origem da dança, que remonta à cultura afro-brasileira e indígena, deixando claro ao aluno que a história da arte também fala da história deum país. Também seria fundamental que Pedro falasse de outros hábitos e costumes doNordeste, além de outras expressões artísticas que se fazem presentes em sua vida, em umtrabalho de reconhecimento e a�rmação de sua identidade.Uma sala de aula da rede pública tem, em média, 23 alunos no Ensino Fundamental. Talvez vocêse pergunte: com tantas identidades, tantas diversidades presentes em uma sala de aula, seriapossível trabalhar cada uma dessas culturas, histórias e subjetividades? Veja que, quandotrabalhamos os desa�os da turma quanto à aceitação de algo desconhecido, estamos tambématuando sobre outras culturas, outras diferenças presentes na escola. A aceitaçãodessasdiferenças pode se ampliar para a aceitação de outras diversidades quando mostramosaos alunos nossa singularidade e como podemos aprender com a singularidade do outro.Substituímos, assim, o estranhamento pelo conhecimento, enquanto o preconceito dá lugar aorespeito e valorização de uma cultura. Certamente não é um trabalho fácil, tampouco comresultados imediatos, mas uma prática constante e focada na valorização dessas diversidades,que trará resultados signi�cativos e duradouros.Você pode pensar em outras formas de abordar os desa�os que Pedro enfrentou ao se depararcom uma realidade diferente da sua? Há outras estratégias para ensinar os alunos a conviveremcom as diferenças? De que forma a escola pode facilitar esse processo de adaptação para oDisciplinaPRÁTICAS PEDAGÓGICAS:IDENTIDADE DOCENTEaluno? São algumas perguntas para que você re�ita sobre o papel do professor e sua atuaçãofrente à nossa sociedade heterogênea, diversa, mas sabendo que podemos aproveitar dessapluralidade através de um trabalho focado no
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Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS  IDENTIDADE DOCENTE - Método Científico (2024)
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